‘Chegou uma mulher chorando, pedindo abrigo’, diz caminhoneiro que acolheu outros quatro brasileiros durante nevasca no Chile


Caminhoneiros estimam que cerca de 60 motoristas brasileiros tenham ficado presos na região da fronteira entre Argentina e Chile. Autoridades chilenas resgataram o motorista e os passageiros. Caminhoneiros relatam momentos que passaram presos após nevasca na fronteira
Com temperaturas perto de 12 graus negativos, o caminhoneiro paranaense Vanderlei Bado teve de acolher outros quatro brasileiros na cabine do caminhão que dirigia. Ele é um dos motoristas que ficaram presos na região do Paso de Jama, na fronteira entre Argentina e Chile, após uma nevasca registrada na última quinta-feira (26).
Os caminhoneiros estimam que cerca de 60 motoristas brasileiros estavam na mesma rota na sexta-feira (27), quando a estrada ficou intransitável por causa das condições do clima. No entanto, não há uma estimativa oficial.
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“Era por volta de umas 8h30, nove horas da noite, chegou uma mulher chorando, pedindo abrigo. E pediu se tinha condições de ficar no caminhão. Eu falei que tinha, mas ela falou que eles eram quatro. Eram quatro brasileiros que ficaram comigo à noite. Um casal de idosos, que são japoneses e são de São Paulo. Ela é de Brasília e o rapaz que também ficou junto é do Rio de Janeiro”, conta Vanderlei. “Ninguém esperava essa nevasca do que jeito que ela veio.”
Vanderlei, que é da cidade de Matelândia, no oeste do Paraná, conta que as autoridades chilenas chegaram no dia seguinte para resgatar as pessoas que não conseguiram sair da estrada. Ele e os outros brasileiros – que faziam parte de um grupo turístico – foram levados a um hospital para os primeiros cuidados de saúde e agora estão hospedados em uma pousada na cidade de São Pedro de Atacama, enquanto aguardam o tempo melhorar.
Vanderlei conta que o caminhão dele segue preso em meio à neve, assim como os veículos de outros motoristas. “O pessoal chileno tá tentando limpar a rota pra gente tentar tirar os caminhões”, explica.
Nevasca retém caminhoneiros brasileiros na fronteira da Argentina com o Chile
Reprodução
A polícia do Chile divulgou um vídeo informando que, durante as operações de resgate na rodovia no domingo, dois brasileiros preferiram ficar nos caminhões. Não há informações oficiais sobre a existência de brasileiros na mesma situação no lado argentino da fronteira.
O Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de nota, que monitora a situação por meio dos consulados em Santiago do Chile e em Córdoba, na Argentina. E que “está mobilizado para prestar assistência consular aos brasileiros, considerando as limitações impostas pelas condições climáticas excepcionais.”
Caminhoneiros brasileiros ficaram ‘ilhados’ após nevasca na fronteira do Chile com a Argentina
Arquivo pessoal
Nevasca fechou rota internacional
A Rota CH-27, que liga São Pedro de Atacama, no Chile, à fronteira com a Argentina, está interditada oficialmente até 7 de julho. Segundo autoridades chilenas, o bloqueio visa garantir a segurança dos motoristas.
Além das baixas temperaturas, os caminhoneiros e turistas presos na região tiveram que enfrentar a altitude, que é de mais de 4 mil metros no local.
“O problema lá é a falta de ar, o ar é rarefeito. E o frio. Tá muito frio lá em cima. A empresa para a qual eu trabalho permitiu que eu desengatasse a carreta e desci aqui para o posto de serviço, onde nós ficamos, que é uma área de apoio nossa, que abastecemos os caminhões”, contou o caminhoneiro Cristiano José Martins.
Sem estrutura na região, os motoristas precisaram improvisar. Os caminhoneiros contam que a água potável congelou. Outros relataram que tiveram que “envelopar” a frente dos veículos para evitar o congelamento dos radiadores.
Caminhoneiros paranaenses ficam presos após nevasca fechar rodovias no Chile
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