
Estudo da Universidade Federal de Lavras (UFLA) revela que extratos de café de baixa qualidade podem eliminar até 99% das larvas do Aedes aegypti e aponta solução sustentável como alternativa aos inseticidas tradicionais. Estudo de universidade mineira usa extrato de café para combater mosquito da dengue com quase 100% de eficácia
Divulgação / Universidade Federal de Lavras
Um estudo realizado pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) revelou que extratos de café verde e torrado, especialmente os de baixa qualidade, têm alto potencial para eliminar larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya.
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A descoberta faz parte de um projeto apoiado pelo Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. O principal destaque do estudo é a “Solução Inovadora 5”, criada a partir de compostos bioativos extraídos do café por meio de um processo com metanol.
As análises identificaram substâncias como cafeína, ácido cafeico e ácido clorogênico. No extrato de café torrado, foi detectada também a catequina, que pode estar ligada à alta eficácia da fórmula.
Estudo de universidade mineira usa extrato de café para combater mosquito da dengue com quase 100% de eficácia
Divulgação / Universidade Federal de Lavras
Nos testes laboratoriais, um extrato de café torrado conhecido como CTT apresentou os melhores resultados, atingindo 99,2% de mortalidade das larvas após 72 horas. O CTT é um composto amplamente utilizado em alimentos, cosméticos e pesquisas científicas por sua capacidade de unir substâncias que normalmente não se misturam.
A eficácia caiu consideravelmente quando os compostos foram testados isoladamente, o que sugere um efeito sinérgico entre as substâncias.
A coordenadora do estudo, professora Joziana Muniz de Paiva Barçante, destaca que a pesquisa também contribui para a sustentabilidade, ao dar novo uso a subprodutos da cafeicultura e reduzir a dependência de inseticidas químicos.
“Transformar um subproduto de baixo valor em uma solução inovadora, sustentável e de baixo custo para o manejo do Aedes aegypti demonstra alinhamento com os princípios da economia circular e da sustentabilidade”, afirma.
Além dos impactos ambientais e sanitários, o trabalho também tem reconhecimento acadêmico: já rendeu uma premiação nacional, um TCC, uma dissertação de mestrado e impulsiona uma tese de doutorado em andamento.
A coordenadora do estudo, professora Joziana Muniz de Paiva Barçante
Divulgação / Universidade Federal de Lavras
Próximos passos
A equipe agora busca entender como cada composto atua individualmente e pretende testar a eficácia da solução em mosquitos resistentes a inseticidas convencionais. Também serão investigados os mecanismos de ação dos compostos sobre a fisiologia do inseto.
O estudo, desenvolvido integralmente na UFLA, integra o projeto “Aproveitamento de cafés de qualidade inferior para o desenvolvimento de novos produtos e embalagens”.
A equipe é formada por pesquisadores de diversas áreas, incluindo a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e prevê patentear a solução para futura produção em larga escala.
Estudo de universidade mineira usa extrato de café para combater mosquito da dengue com quase 100% de eficácia
Divulgação / Universidade Federal de Lavras
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