
Lara Cáfaro foi uma das sete pessoas selecionadas na Academia LED e terá apoio para desenvolver podcast. Estudante de Salesópolis vence edital da Globo e fará projeto sobre mudanças climáticas
De Salesópolis, a estudante de jornalismo Lara Cáfaro foi uma das sete pessoas selecionadas no edital Academia LED – Jornalismo Globo na Universidade. Agora, ela terá a oportunidade de desenvolver um projeto, custeado pelo grupo, sobre as mudanças climáticas no Acre.
No estado do norte do Brasil, a salesopolense já produziu o documentário “Vozes da Floresta” e foi o pontapé inicial para que a estudante desse voz a uma comunidade afastada.
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“A ideia surgiu no ano passado, na verdade, quando eu fiz um trabalho voluntário em uma reserva extrativista chamada Cazumbá-Iracema, no Acre. Lá eu fiquei um mês conhecendo pessoas e culturas totalmente diferentes da minha, e eu entendi que as mudanças climáticas são uma pauta extremamente importante na vida deles, porque impacta o rio — que enche demais ou que seca —, impacta na mobilidade dessas pessoas, no artesanato, no manejo do açaí. Então impacta em tudo na vida deles. E, muitas vezes, eles se sentem esquecidos. Eles mesmos me relataram que não se sentem ouvidos”, disse a estudante.
Agora, é a vez de dar andamento ao projeto vencedor. Além de um aporte de R$10 mil para a produção, ela terá mentorias online com jornalistas da Globo para o desenvolvimento dos conteúdos, que serão publicados em plataformas do grupo.
“Eu entrei em contato com professores da Ufac, que é a federal do Acre. Eu liguei para eles, a gente ficou em ligação, entendendo melhor, porque eu queria fazer um projeto realmente estruturado, que contasse a verdade deles. Porque eu não tô lá todos os dias — eles são as pessoas que sabem o que está acontecendo”, explicou a estudante sobre a escolha do tema para a disputa no edital Academia LED.
Lara escolheu fazer em formato de podcast e há um motivo por trás dessa escolha.
“Eu pensei em fazer uma vídeo-reportagem, mas eu não coloquei essa ideia em prática porque as pessoas do Acre, muitos deles, vivem em locais remotos. Então, eles não têm acesso à televisão. E, se meu projeto é pensado para eles — eles, público —, eles precisam ouvir e saber o que tá acontecendo. Então, podcast é um formato que pode ser disponibilizado na internet, mas também em rádio.”
Quem não esconde o orgulho pela conquista é a mãe de Lara, a servidora pública Monique Cáfaro.
“Ela sempre foi uma criança muito comunicativa, muito interessada, muito inteligente. Eu falo para as pessoas que ela sempre teve um diferencial. Tudo ela queria aproveitar para aprender. E, quando a gente pensa numa pessoa estudiosa, às vezes a gente foca em pensar numa pessoa que só fica ali, cercada de livros, dentro de casa. E a Lara não. Ela era uma pessoa que tinha esses momentos, mas também tinha uma vida social muito ativa, sempre estava com as amigas”, exaltou a mãe.
Mas toda essa dedicação vem de berço. O apoio e incentivo parte dos avós e vêm motivando a família há um bom tempo.
“Saiu filho, entra neto. E, se Deus quiser e Deus permitir, talvez a gente consiga pôr bisneto. Mas é uma disputa para morar naquele quarto! E eles são assim, voltados a disputar entre eles — uma disputa sadia. Aí fala: ‘Agora, a Lara foi para São Paulo estudar, então vagou o quarto.’ Aí já tem os dois irmãos dela que estão querendo já tomar conta, ou se apossar do quarto, para residir nesse quarto”, contou Paulo Arouca Sobreira, avô de Lara, sobre o quarto que ela usou para estudar.
A avó, Rita de Cássia Cáfaro Arouca Sobreira, também acompanhou em todos os momentos o desenvolvimento da neta e se enche de orgulho relembrando os momentos de empenho da jovem.
“Desde pequena a Lara tinha o lado dela de criança, mas sempre querendo aprender. Tudo, para ela, era aprendizado. E não deixou de lado as origens dela. Então, é muito interessante isso. Ela estuda na USP e mora em São Paulo, mas, nos finais de semana, ela tá aonde? Aqui em Salesópolis, aqui em casa. Então isso é legal: não esquecer das origens”, comentou a avó.
E não demorou para que a notícia sobre a conquista da futura jornalista se espalhasse pela cidade.
“Nós ficamos sabendo que a Lara ia aparecer no Jornal Nacional e a gente avisou a cidade, todo mundo que a gente conhecia: ‘Olha, a Lara vai sair no Jornal Nacional!’ Todo mundo se sentiu orgulhoso com a Lara. A cidade toda sentiu orgulho de ter uma salesopolense aparecendo no horário nobre, né? E através de um assunto tão importante, que é o jornalismo, dar voz às pessoas. Porque o jornalismo não é só informação, é dar voz às pessoas, dar à pessoa o seu direito de falar. Isso é muito importante também”, afirmou Rita de Cássia.
Mas para chegar até essa conquista, o caminho não foi fácil. Lara sempre estudou em escolas públicas e mostrou que a vontade de aprender foi uma grande aliada.
“Física, química, história e geografia, biologia… tudo eu estudei por conta própria. Eu tive, no primeiro ano do ensino médio, algumas dessas matérias — no primeiro e no segundo ano. Então, no terceiro, eu não tinha nenhuma delas. Então foi bem desafiador, porque, principalmente, matérias de exatas, para quem é de comunicação, são mais complicadas, porque a gente é de humanas. Mas eu foquei principalmente nas minhas habilidades, no que eu já era boa, porque eu acho que só alavanca as suas notas”, ressaltou.
E se tornar inspiração também começa dentro de casa.
“Eu quero ser jornalista, porque eu vejo minha irmã como uma grande inspiração e eu quero ser igual ela. [O que mais admiro na Lara] é que ela sabe falar bem, fica falando com as pessoas e eu quero ser assim”, finalizou a irmã da Lara, Luma Cáfaro.
Lara Cáfaro foi uma das sete pessoas selecionadas no edital Academia LED
Reprodução/TV Diário
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