
Ravi de Souza Figueiredo, de 2 anos, teve rompimento no pulmão estômago, segundo laudo. Caso é investigado pela polícia. Morte de criança que colocou milho no nariz é investigada pela Polícia Civil
A família de Ravi de Souza Figueiredo, de 2 anos, que morreu após colocar um grão de milho no nariz, denuncia erro médico no atendimento à criança, em Goiatuba, região sul de Goiás. Segundo os pais, a técnica usada para retirar o alimento causou ferimentos em outros órgãos do menino. A Polícia Civil investiga o caso como homicídio culposo por imperícia, pois, conforme laudo pericial, o procedimento foi incorreto.
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Ravi morreu no dia 5 de abril deste ano, mas o caso foi divulgado pela família três meses depois.
“O Ravi estava bem, respirando normalmente e até conversando. Ele era uma criança saudável, corria para todo canto. Eu quero justiça. É muita dor”, disse o pai, Josenilson da Silva Figueiredo.
De acordo com a família, Ravi colocou um caroço de milho de pipoca em uma das narinas e, em seguida, mostrou para ele e para a companheira. Josenilson contou que ele e a mãe do menino tentaram retirar o grão antes de levar o filho ao hospital, mas não conseguiram. Segundo a família, os primeiros atendimentos foram realizados no Hospital Municipal de Goiatuba.
O hospital disse ao g1 que está colaborando integralmente com todos os órgãos competentes, prestando as informações necessárias para o esclarecimento da situação. A unidade reafirmou ainda seu compromisso de atuar de forma responsável, transparente e dentro de suas atribuições legais.
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Ravi de Souza Figueiredo, de 2 anos, morreu após colocar um grão de milho no nariz
Arquivo pessoal/Josenilson Figueiredo
Retirada do grão
Josenilson contou que a equipe do Hospital Municipal de Goiatuba tentou retirar o caroço de milho de pipoca com uma pinça, mas não teve sucesso. Ele relatou que, em seguida, um profissional da equipe utilizou uma espécie de “cânula de borracha”, por onde saía ar, inserida na narina do menino duas vezes. No entanto, o caroço não saiu, e logo em seguida a criança vomitou.
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O pai disse que notou que, logo após o procedimento, a barriga da criança ficou inchada. Segundo ele, a equipe médica afirmou que isso era normal. Em seguida, foi administrado um remédio para gases e criança ficou em observação por algumas horas. Depois disso, recebeu alta.
“A gente chegou em casa, e ele piorou. Continuava inchado, com fraqueza e não conseguia falar. Ele não parecia bem, estava agoniado, e então voltamos para o mesmo hospital”, relatou Josenilson.
Novamente no hospital, a equipe aplicou uma medicação e realizou exames na criança, segundo o pai. Depois disso, um pediatra informou que seria necessário transferi-lo para Goiânia. Ele foi levado para uma ambulância, mas, a caminho da capital, passou mal, teve dificuldade para respirar e morreu no Hospital Municipal de Hidrolândia, onde foi atendido às pressas.
“Vi a hora que a enfermeira baixou a cabeça (…) Ela falou: Infelizmente, seu filho veio a óbito. Aí eu já entrei em desespero”, contou a mãe, Priscila Marta de Souza, à TV Anhanguera.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Hidrolândia, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Investigação
O laudo da Polícia Científica apontou que a causa da morte foi insuficiência respiratória aguda. À TV Anhanguera, o delegado Sérgio Henrique Alves disse que, de acordo com o médico legista, o procedimento realizado no hospital foi incorreto.
“Na hora de tirar o grão de milho, que estava no nariz dele, ele – médico – usou uma técnica não usual, que não é a recomendada, que foi a introdução de uma cânula de ar comprimido nas vias aéreas superior da criança. Isso fez com que o ar entrasse com muita força no pulmão e no estômago, provocando o rompimento desse órgãos”, disse o delegado.
A defesa da família confirmou que, após os procedimentos para tentar retirar o grão de milho, a criança sofreu perfurações no pulmão e no estômago. Os advogados defendem que a equipe médica que fez o atendimento deve responder por homicídio doloso indireto, quando se assume o risco de provocar o resultado.
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