
Profissionais vão monitorar clima e prever riscos como tempestades, nevoeiros e turbulências que afetam voos. A Azul Linhas Aéreas contratou seis meteorologistas para atuar na previsão e monitoramento de fenômenos atmosféricos adversos, como tempestades, nevoeiros e turbulências, que possam afetar a malha aérea da companhia
Isis Astasio
Na busca por ampliar a prevenção e o monitoramento de fenômenos atmosféricos que possam interferir na operação de voos, como tempestades, nevoeiros e turbulências, a Azul Linhas Aéreas contratou seis meteorologistas para atuar no Centro de Controle Operacional (CCO) – é a primeira vez que a companhia conta com esses profissionais.
Segundo a Azul, a partir de dados meteorológicos processados em tempo real, será possível tomar decisões estratégicas, como o planejamento de rotas alternativas, determinação de pousos imediatos e suspensão de voos em função de condições severas, que surjam de forma abrupta, “mitigando riscos operacionais e garantindo a segurança de tripulantes e clientes”.
📲 Siga o g1 Campinas no Instagram
A Azul opera cerca de 800 voos diários para 137 destinos, e tem como seu principal hub o Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP). A partir do terminal do interior de São Paulo são realizados 4,6 mil voos mensais.
“A atuação deles será crucial para a companhia, pois fornecerão dados estratégicos para todas as áreas operacionais da empresa, utilizando boletins meteorológicos, briefings e relatórios técnicos”, destaca Bianca Panelas, diretora do CCO.
Atualmente, as análises de dados e boletins meteorológicos são feitas pelos Despachantes Operacionais de Voo (DOVs).
Os meteorologistas já começaram a trabalhar no CCO da Azul, que fica em Barueri (SP), e passam atualmente por processo de integração operacional, “no qual serão familiarizados com metodologias de previsão e análise atmosférica aplicadas pela companhia, no âmbito da aviação”, diz a companhia.
“O mundo da aviação é muito amplo, com possibilidades de aplicação da meteorologia em vários aspectos, como na análise das condições de gelo, chuva e até mesmo de temperatura. Ou seja, fatores que podem acabar influenciando direta ou indiretamente as operações da companhia e, consequentemente, a rotina dos clientes”, explicou o meteorologista Fábio Luengo.
A Azul Linhas Aéreas contratou seis meteorologistas para atuar na previsão e monitoramento de fenômenos atmosféricos adversos, como tempestades, nevoeiros e turbulências, que possam afetar a malha aérea da companhia
Isis Astasio
Recuperação judicial
O Tribunal dos Estados Unidos responsável pela supervisão do processo de reestruturação financeira da Azul concedeu, na quarta-feira (9), aprovação final a todas as petições da companhia aérea, durante segunda audiência que envolve a recuperação judicial.
As informações foram confirmadas em nota pela assessoria da companhia de aviação, que não detalhou as petições.
Em nota, a Azul informou que “não houve qualquer objeção” por parte da corte americana e que a aprovação dos pedidos “garante a continuidade do processo, como planejado pela Companhia, na trajetória rumo a uma reestruturação bem-sucedida para transformar o futuro da Azul”.
LEIA MAIS
Azul faz nova audiência de recuperação judicial nos Estados Unidos; saiba como está o processo
Azul terá aporte de US$ 1,6 bilhão em recuperação judicial e prevê devolução de aeronaves antigas
Ao todo, foram aprovadas 20 petições, que não foram detalhadas pela companhia aérea.
O processo prevê mais audiências para tratar de outros tópicos. Segundo a assessoria da companhia, a próxima audiência está prevista para o próximo dia 15.
O plano de recuoeração judicial ainda prevê financiamento de US$ 1,6 bilhão e redução de 35% da frota futura, que se trata de uma devolução de modelos de aeronaves antigos. De acordo com a empresa, eles já deixaram de ser usados [veja mais abaixo].
Relembre o caso
A Azul entrou com pedido de recuperação judicial, aprovado há 40 dias na Justiça dos Estados Unidos.
Em maio, a companhia aérea, que tem o principal hub em Campinas (SP), entrou com pedido de proteção sob o Capítulo 11 da Lei de Falências — mecanismo semelhante à recuperação judicial no Brasil. O objetivo é garantir a operação enquanto tenta eliminar uma dívida que chega a aproximadamente US$ 2 bilhões.
De acordo com informações do Tribunal dos Estados Unidos, o mecanismo permite que a empresa devedora mantenha todos os seus ativos, podendo continuar com a operação, negociar um possível adiamento de suas dívidas e, com aprovação judicial, obter um novo empréstimo, o que já foi definido na primeira audiência da recuperação judicial.
Azul detalha redução de frota e diz que recuperação judicial não terá impacto aos clientes
Como está recuperação judicial da Azul até agora?
A primeira audiência de recuperação judicial aconteceu em 29 de maio, e a segunda aconteceu em 9 de julho, ambas nos Estados Unidos;
Nelas, o plano de recuperação judicial da empresa foi aprovado, e com isso, a Justiça autorizou um financiamento de US$ 1,6 bilhão; a aprovação final deve acontecer na próxima audiência, prevista para 15 de julho.
Segundo o vice-presidente institucional da Azul, a ideia é usar parte do capital para ‘comprar’ parte da dívida e outra parte para custear a operação no período;
O plano prevê ainda redução de 35% da frota, que se trata de uma devolução de modelos de aeronaves antigos. De acordo com a empresa, eles já deixaram de ser usados;
O plano de recuperação judicial da Azul contém 20 pedidos, que foram aprovados pela Justiça norte-americana;
A empresa garante que o processo não vai afetar a operação da companhia e nem impactar clientes;
Segundo a Azul, não haverá demissões;
Objetivo geral é reduzir significativamente o endividamento e gerar caixa.
Redução de 35% da frota
À época da primeira audiência, o vice-presidente institucional da Azul, Fábio Campos, detalhou a redução de 35% na frota. A maioria dos aviões é da categoria Embraer E-1.
“Isso não quer dizer uma redução. Boa parte desses aviões são aviões que já estavam paradas por falta de motores, ou falta de peças e por isso já não estavam atuando na frota da Azul. Outra parte desse número na verdade são pedidos futuros, pedidos de aeronaves que viriam em 2027, 2028 e 2029, e que a Azul vai renegociar nesse processo de reestruturação financeira. A ideia é voar cada vez mais com aeronaves de última geração”, explicou.
Segundo a companhia, as devoluções visam otimizar as operações com menor custo, com modelos novos, mais econômicos, que seriam incorporados enquanto contratos de leasing (aluguel de aeronaves) seriam encerrados.
Por que as principais companhias aéreas do Brasil tiveram que pedir recuperação judicial?
Capítulo 11: entenda o que é o mecanismo e a diferença para a recuperação judicial brasileira
Azul terá aporte de US$ 1,6 bilhão em recuperação judicial e prevê devolução de aeronaves antigas
‘Sem impacto para clientes’ e ‘sem demissões’
Segundo o vice-presidente da Azul, o processo de recuperação judicial não terá impacto para os clientes e a operação seguirá normalmente, sem nenhuma alteração.
“A empresa já ingressou no seu processo de reestruturação e a nossa operação segue normal. Tudo será honrado em relação aos nossos clientes. A empresa segue operando com o nosso valor número 1 que é a segurança. Nada será afetado em relação à segurança dos clientes”, disse.
Além disso, Campos garantiu que a empresa não prevê, mesmo com a recuperação judicial em curso, fazer pacotes de demissão em massa. “Nossa prioridade é 100% esse processo nos Estados Unidos, mas não prevemos nenhuma ação de corte, como demissões, por exemplo”, pontuou.
Reduzir dívida e gerar caixa
A Azul informou que o objetivo da medida é reduzir significativamente o endividamento da companhia e gerar caixa.
Segundo a aérea, o processo de recuperação nos Estados Unidos “permite às empresas operar e atender seus públicos de interesse normalmente, enquanto trabalham nos bastidores para ajustar sua estrutura financeira”.
A empresa também destacou que a medida conta com o apoio de seus principais stakeholders, incluindo detentores de títulos, sua maior arrendadora, a AerCap, e os parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines.
Pandemia, cadeia de suprimentos…
Em comunicado aos investidores, John Rodgerson, CEO da Azul, atribuiu as dificuldades financeiras da companhia à pandemia de Covid-19, às turbulências macroeconômicas e aos problemas na cadeia de suprimentos da aviação.
O que está por trás da suspensão de rotas e cancelamentos de voos pela Azul: CEO cita corte de custos, falta mundial de peças e dólar alto
Em nota, o Ministério dos Portos e Aeroportos disse que “acompanha com atenção o processo de recuperação judicial da companhia aérea Azul”.
O governo acredita que a reestruturação será bem-sucedida, como ocorreu com outras empresas do setor, como Latam e Gol. O ministério reforçou que segue monitorando o setor aéreo e oferecendo apoio institucional às companhias.
Rotas suspensas: CEO da Azul cita corte de custos, dólar alto e falta mundial de peças
Problemas recentes
O processo de recuperação judicial é mais um episódio de problemas recentes aos quais a companhia conviveu no último ano. Entre eles, estão a suspensão de rotas no Brasil e cancelamentos de voos.
Além disso, a aérea fez uma negociação com credores para eliminar R$ 11 bilhões em dívidas. Em entrevista ao g1 em janeiro, o CEO da empresa, John Rodgerson, disse que o acordo deixaria a companhia mais “forte do que nunca” e apontou corte de custos, falta de peças e dólar alto como razões para as suspensões e cancelamentos. [veja no vídeo acima]
“Não vou continuar voando onde estou perdendo dinheiro. Então, como qualquer empresário, você aloca seus recursos da melhor forma possível”, disse na ocasião.
VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e Região
Avião da Azul decola do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro.
Ricardo Moraes/ Reuters
Veja mais notícias da região no g1 Campinas