Casos de violência contra a mulher caem 2,5% em Feira de Santana, mas delegada aponta possibilidade de subnotificação nas denúncias


Deam divulga redução de violência contra mulheres em Feira de Santana
A Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) de Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, registrou uma redução de 2,5% nos casos de violência contra a mulher no primeiro semestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar da queda, os números ainda são considerados altos, e a delegada titular da unidade, Lorena Almeida, alerta para a possibilidade de subnotificação dos crimes.
Segundo a Deam, de janeiro a junho de 2024, foram 1.881 ocorrências registradas no município. Já em 2025, o número caiu para 1.833. A maioria das denúncias no primeiro semestre deste ano diz respeito a crimes contra a honra, como injúria e difamação, que somam cerca de 600 casos.
Em seguida aparecem os crimes de ameaça, com aproximadamente 480 registros, e lesão corporal no contexto de violência doméstica, com cerca de 120 casos. A delegacia também contabilizou 75 casos de descumprimento de medida protetiva e 17 ocorrências de importunação sexual.
Apesar da queda nos números, a delegada reforça que isso não significa, necessariamente, uma redução real na ocorrência.
“É possível que as mulheres estejam deixando de procurar a delegacia. A violência doméstica acontece no ambiente familiar, e muitas vezes a mulher sente vergonha ou é desencorajada pela própria família a denunciar. Isso não pode acontecer. A mulher precisa procurar a delegacia”, afirmou, em entrevista à TV Subaé.
Delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher alerta preocupação com subnotificação
TV Subaé
Como reforça Lorena, os crimes contra a honra representam o início de um ciclo de violência doméstica, que tende a se agravar com o tempo. “Essa é a primeira fase, a fase da tensão, marcada pela violência psicológica. A mulher sente medo, começa a pisar em ovos. Depois vem a explosão, com as agressões físicas. E por fim, o arrependimento. Se a mulher não rompe esse ciclo, ele pode terminar em feminicídio”, explicou.
A delegada destacou ainda que a denúncia é a principal ferramenta para romper esse ciclo, e que a Deam está preparada para acolher as vítimas com responsabilidade e sensibilidade. “Se existir qualquer tipo de medo, vergonha ou receio de vir até a delegacia, é importante saber que todas as mulheres têm o direito de ter sua ocorrência registrada e sua demanda atendida. Estamos aqui para acolher”, garantiu.
A Lei Maria da Penha, que cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher, classifica cinco formas de violência, como:
violência física: agressões que causem dano à integridade ou à saúde corporal;
violência psicológica: condutas que causem dano emocional, como ameaças, manipulação e constrangimento;
violência sexual: constrangimento para manter relações não desejadas ou impedir o uso de métodos contraceptivos;
violência patrimonial: destruição ou retenção de objetos, documentos e recursos econômicos;
violência moral: calúnia, difamação ou injúria.
📞 Canais de denúncia
As mulheres vítimas de violência podem procurar diretamente a Deam, localizada no bairro Jomafa, em Feira de Santana. Também é possível fazer denúncias pelos seguintes canais:
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180
Polícia Militar – 190
Delegacia Digital da Polícia Civil da Bahia
Além disso, é possível buscar apoio por meio da rede de assistência social do município, como o Centro de Referência de Atendimento à Mulher (Cram) e o Ministério Público Estadual (MP-BA), que também oferecem orientação jurídica e psicológica.
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