Atraso e infiltração: como estão prédios do residencial Minha Casa, Minha Vida que governo pode usar como ‘hotel’ na COP 30


Residencial do Minha Casa Minha Vida pode servir de hospedagens para a Cop 30 em Belém
O residencial Viver Pratinha, do programa federal Minha Casa, Minha Vida, é avaliado pelo governo como possível hospedagem temporária durante a COP 30, e enfrenta problemas como infiltrações, falta de acabamentos e unidades em obras. Previsto inicialmente para ser entregue em 2016, o conjunto já passou por atrasos, abandono, ocupações irregulares e atos de vandalismo.
🚧 O g1 esteve na área onde fica o residencial. No local, é possível observar edificações destelhadas, paredes com infiltrações e sem acabamento, e unidades ainda sem janelas ou portas.
Outras estão com obras na fase de acabamento e devem ficar prontas no segundo semestre, segundo o Ministério das Cidades, podendo ser usadas na COP como hospedagens temporárias para ampliar o número de leitos em Belém. Atualmente, a região metropolitana tem pouco mais de 24 mil leitos disponíveis, segundo sindicatos do setor, e a estimativa é receber 50 mil pessoas em novembro durante o evento da ONU, de acordo com o governo.
Residencial do Minha Casa, Minha Vida no bairro Pratinha em Belém pode ser usado como hospedagem temporária na COP
Ministério das Cidades
Segundo o engenheiro civil Fabiano Alves, nas imagens é possível ver que a parede apresenta sinais de desgaste no revestimento, possivelmente causado por ausência de uma pintura impermeabilizante, fissuras expostas ou degradação do reboco.
“A infiltração direta da água da chuva ocorre quando a parte externa da edificação não tem camadas de proteção adequadas para repelir ou reter a umidade”, explica.
Residencial Viver Pratinha
Thaís Neves/g1 Pará
Residencial Viver Pratinha
Thaís Neves/g1 Pará
Fabiano Alves afirma ainda que essa condição das paredes permite que a água da chuva entre diretamente nos poros do reboco e da alvenaria, gerando problemas como: manchas esbranquiçadas e de umidade, bolor no interior do ambiente, além de desagregação do reboco.
O Ministério das Cidades disse que 256 apartamentos em 16 blocos estão com obras em execução na fase de acabamento, como colocação de cerâmicas. A estimativa é que esses 16 fiquem totamente prontos até outubro de 2025.
🏢Segundo o Ministério das Cidades, apesar da possibilidade de uso na COP, as obras seguem em andamento normal voltadas à entrega aos moradores: “Todo o residencial segue com o cronograma de obras inalterado”, informou.
🌳 Ainda de acordo com a pasta, caso a proposta de usar o local como hospedagem na COP avance “será assegurado que o uso temporário não comprometa o cronograma de entrega definitivo das moradias à população”.
Residencial do Minha Casa, Minha Vida no bairro Pratinha em Belém pode ser usado como hospedagem temporária na COP
Ministério das Cidades
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Ocupação irregular e protesto
O conjunto é uma obra do programa Minha Casa Minha Vida. O contrato para as obras foi assinado em 2013 com previsão de entrega inicial em 2016. Com a falta de conclusão das obras, em 2021 um grupo de pessoas ocupou o local de forma irregular e começou a viver nos apartamentos. Alguns locais foram quebrados e receberam ligações de água e luz clandestinas.
“As obras já estavam 99% concluídas e os apartamentos prestes a serem entregues às famílias selecionadas pela Secretaria Municipal de Habitação de Belém (Sehab). Com a ocupação irregular, o empreendimento teve grande parte de sua infraestrutura interna e externa saqueada e/ou vandalizada, onde itens de acabamento, como pisos, portas, janelas, tomadas, telhas, pias, vasos sanitários, cabos elétricos e outros objetos foram furtados ou destruídos”, justificou o Ministério em março de 2025.
Para retomada das obras, os ocupantes tiveram que sair do local em 2024 e, em protesto, fecharam uma das principais avenidas de Belém. Houve reintegração de posse “realizada por intermédio da Caixa para a desocupação” e as obras foram retomadas.
“As obras do Viver Pratinha foram retomadas em 2023, após anos de paralisação, como parte do esforço do Ministério das Cidades para finalizar empreendimentos inacabados do programa Minha Casa, Minha Vida em todo o país”, informou o Ministério em nota enviada ao g1.
A estimativa é que os moradores possam ocupar seus apartamenros no primeiro semestre de 2026. O valor total do investimento não foi informado, mas segundo o Ministério das Cidades, “a nova fase do projeto contou com uma suplementação de mais de R$ 40 milhões em recursos federais e vem sendo executada em ritmo contínuo”.
Residencial Viver Pratinha
Thaís Neves/g1 Pará
Residencial Viver Pratinha
Thaís Neves/g1 Pará
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Thaís Neves/g1 Pará
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