‘Lista de Epstein’: Trump vira alvo dos MAGA após negar teoria sexual que ele mesmo espalhou


Relação de Donald Trump com Jeffrey Epstein irrita trumpistas
A popularidade de Donald Trump nos EUA está passando por um teste entre seus próprios apoiadores: o caso Jeffrey Epstein.
Epstein era acusado de ter abusado de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual. O empresário morreu na prisão em 2019, em Nova York.
No último dia 7, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou um comunicado oficial dizendo que Epstein morreu por suicídio e que não havia nenhuma “lista de clientes” que o empresário usaria para chantagear personalidades.
A conclusão é contrária ao que diziam teorias conspiratórias espalhadas pelo próprio Trump, e endossada por seus apoiadores do movimento MAGA (Make America Great Again).
Agora que o parecer do Departamento de Justiça desmentiu as teorias conspiratórias, parte dos apoiadores do presidente Donald Trump estão se voltando contra o presidente americano e o vice-diretor do FBI, o ex-agente do serviço secreto e comentarista de direita, Dan Bongino.
Em fevereiro, a procuradora-geral Pam Bondi, em entrevista, chegou a afirmar que uma lista de clientes estava em sua “mesa para ser revisada”.
Feitiço contra o feiticeiro
Donald Trump e Jeffrey Epstein tiveram uma relação social próxima nos anos 1990 e início dos 2000, frequentando os mesmos círculos de luxo em Palm Beach e Nova York. Oss dois foram vistos juntos em diversas ocasiões, incluindo festas em Mar-a-Lago.
Trump tentou distanciar sua imagem da de de Epstein após a prisão do financista. Nos últimos anos, ele e seus aliados se tornaram incentivadores das teorias em torno do caso, com sugestões – sem provas – de que o financista teria sido assassinado para proteger figuras poderosas.
Trump prometeu divulgar documentos confidenciais sobre Epstein, caso fosse reeleito, alimentando expectativas entre apoiadores e propagando a crença de que a verdade estaria sendo escondida.
Em uma entrevista ao podcast de Lex Fridman em setembro de 2024, Trump comentou ser “muito estranho para muitas pessoas” que uma lista de “clientes” que visitaram a ilha de Epstein não tenha sido tornada pública.
“É muito interessante, não é?”, disse Trump, acrescentando que provavelmente essa lista será divulgada, e que ele “não teria problema com isso”.
Base ‘MAGA’ frustrada
A frustração tomou conta da base trumpista depois que o Departamento de Justiça anunciou que Epstein se suicidou e que não havia “lista de clientes” criminalmente relevante.
Rapidamente, influenciadores do movimento MAGA começaram a acusar o próprio governo de acobertamento.
A ativista conservadora Laura Loomer afirmou, em suas redes sociais, que o comunicado era parte de uma operação para proteger poderosos e cobrou renúncias de integrantes do governo.
Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, foi além e disse, em seu programa, que o caso mostra uma traição à base conservadora e à transparência prometida.
O influenciador Brandon Tatum também seguiu a linha, afirmando que autoridades estão “escondendo a verdade sobre Epstein” e insinuando uma conspiração que envolveria até figuras do círculo trumpista.
As redes sociais de Trump estão cheias de comentários de pessoas que se identificam como MAGA exigindo a revelação da verdade sobre o caso.
O resultado é uma crise de confiança inédita, em que parte da base que se alimentou durante anos de suspeitas promovidas pelo próprio Trump, agora volta sua desconfiança contra ele, acusando o governo de fazer exatamente o que denunciou: esconder informações e proteger elites.
Donald Trump aparece em uma festa ao lado de Jeffrey Epstein.
Reprodução/Netflix
O que é MAGA (Make America Great Again)?
O lema da campanha de Donald Trump desde 2016, “MAGA”, é a sigla para “Make America Great Again” (em tradução livre, “Tornar a América Grande Novamente”).
Originalmente usado pelo ex-presidente Ronald Reagan, esse slogan tornou-se amplamente utilizado por republicanos e apoiadores de Donald Trump na campanha de 2016, e retornou como sigla em estampas de boné e camisetas, que se destacaram nos comícios do republicano em 2024.
Frequentemente repetida pelo republicano, a frase evoca a nostalgia de um passado dos Estados Unidos, que seria considerado mais próspero, com uma identidade nacional cristalizada, sem o impacto de discussões sobre temas como imigração ou justiça social.
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