Suspeito de integrar grupo miliciano executado após deixar presídio teria pedido escolta policial, informa delegada


Suspeito de integrar grupo miliciano investigado na Operação El Patrón foi assassinado
Reprodução/TV Bahia
O homem investigado por lavagem de dinheiro no âmbito da Operação El Patrón e morto a tiros na noite de segunda-feira (14), em Feira de Santana, teria pedido escolta policial antes de deixar o Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. A informação foi confirmada pela delegada Klaudine Passos, da 1ª Coordenadoria Regional da Polícia Civil, em entrevista à TV Subaé, afiliada da Rede Bahia.
Kléber Herculano de Jesus, de 46 anos, conhecido como “Compadre Charutinho”, foi beneficiado com alvará de soltura e monitoramento por tornozeleira eletrônica. Segundo a delegada, durante uma conversa com a advogada, ele manifestou preocupação com a própria segurança e disse que gostaria de ter escolta policial. No entanto, como não se tratava de uma transferência oficial, o pedido não foi formalizado.
“Não se tratava de uma transferência de preso e sim de um cumprimento de alvará de soltura, onde ele mesmo optou pra vir para Feira de Santana. A polícia não descarta inicialmente que o carro onde ele estava já vinha sendo seguido e eles não perceberam nada”, informou a delegada Klaudine.
Suspeito de integrar grupo miliciano investigado na Operação El Patrón é assassinado após deixar presídio na Bahia
Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil (PC), Kléber deixou o presídio acompanhado da esposa, da advogada e de um motorista, no carro da profissional. O grupo chegou a parar em um posto de combustíveis em São Gonçalo dos Campos, onde a vítima comprou um lanche. Na sequência, seguiram viagem até Feira de Santana.
Ao se aproximarem da cidade, o carro onde estavam foi fechado por outro veículo, que fez uma manobra simulando desvio de buracos na pista. Ao parar, o veículo de Kléber foi impedido de recuar, pois havia outro carro logo atrás, que bloqueou a retaguarda.
Foi nesse momento que homens armados desceram e se identificaram como policiais. Eles ordenaram que todos saíssem do carro. A esposa, a advogada e o motorista conseguiram fugir e se esconder em um matagal. Kléber tentou correr, mas foi perseguido e executado no local, com cerca de 15 disparos de arma de fogo, a maioria na cabeça.
Investigação em andamento
Ainda segunda a delegada Klaudine, a Delegacia de Homicídios de Feira de Santana assumiu as investigações. Equipes estão colhendo imagens de câmeras de segurança da região para tentar identificar os veículos e os autores do crime.
A PC informou que trabalha com a hipótese de que Kléber tenha sido seguido desde Salvador ou identificado ao longo do trajeto. Cerca de quatro a cinco homens teriam participado diretamente da execução. Até o momento, ninguém foi preso.
Entenda como atuava grupo miliciano
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Compadre Charutinho era acusado de integrar o grupo miliciano que seria liderado pelo deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, conhecido como Binho Galinha. O Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou o grupo por crimes como lavagem de dinheiro, agiotagem, receptação qualificada e jogo de azar. O político nega os crimes.
Além disso, as investigações apontaram que Kléber seria um dos principais responsáveis pela aquisição e revenda de peças automotivas roubadas. A loja “Tend Tudo”, em Feira de Santana, foi uma das principais alvos da investigação.
Em junho deste ano, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu anular os efeitos da operação por entender que houve falhas na investigação.
Antes disso, Kleber Herculano de Jesus foi apontado pela PF como um dos elos na receptação de peças roubadas. As investigações apontaram que o denunciado seria o responsável pela aquisição das peças vendidas.
“Compadre Charuto”, conforme a denúncia do MP-BA, tinha um “vasto histórico” de crimes contra o patrimônio e relação próxima com o deputado Binho Galinha.
Investigações
As investigações apontaram que o grupo é suspeito por lavar dinheiro de jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada e desmanche de veículos.
Em um dos imóveis inspecionados pela Polícia Federal, foram encontradas milhares de peças de carros.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e prisão, ocorridos em 2023, diversos bens dos investigados foram bloqueados. Confira:
👉 bloqueio de R$ 200 milhões;
👉 bloqueio de 26 propriedades urbanas e rurais;
👉 10 mandados de prisão expedidos;
👉 35 mandados de busca e apreensão expedidos;
👉 suspensão das atividades econômicas de seis empresas.
Revenda de peças roubadas
Segundo a denúncia do MP-BA, a investigação apontou que Binho Galinha lavava dinheiro por meio de empresas e vendia peças de carro roubadas na loja sua loja de autopeças, Tend Tudo, em Feira de Santana.
A Polícia Federal analisou dados bancários e descobriu que a Tend Tudo recebeu R$ 40,7 milhões sem lastro suficiente de notas fiscais emitidas.
Os auditores avaliaram que há indícios de movimentação financeira incompatível com a receita bruta declarada pela loja de autopeças.
A Tend Tudo ainda recebeu créditos de outras duas pessoas que tinham registros criminais de receptação qualificada e organização criminosa.
Em 2020, a empresa emitiu nota fiscal no valor de R$ 3 milhões por causa da venda de mil cabines de caminhão, cada uma com valor de R$ 3 mil. Os auditores apontaram que não existia comprovação da entrada dos recursos na empresa e que não há vestígios de compra de cabines suficientes para revenda ou de material para a fabricação.
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PC-BA
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