
Do Nordeste ao Rio: culinária trouxe sabores que enriquecem gastronomia carioca
Os sabores do Nordeste são um dos destaques trazidos por quem imigrou para o Rio de Janeiro. A culinária agradou o paladar dos cariocas e se tornou uma das mais importantes contribuições aos cariocas.
Maria Ivonete veio de Bananeiras, na Paraíba, com o marido. Ela e Antônio chegaram ao Rio em 1977. No começo, ele trabalhava como garçom, mas resolveram que precisavam investir em um negócio próprio.
O bar no Tanque, em Jacarepaguá, cresceu tanto que ela teve que ajudar na cozinha. O filho, Leandro Gonçalves de Almeida, precisou assumir o negócio quando Antônio morreu, há mais de 10 anos. Ela lembra a evolução do negócio da família.
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“Foi quando ele cismou que não queria mais trabalhar para os outros. Aí ele montou isso. [Uma casa nordestina] era uma ideia dele. Queria fazer algo diferente. Não queria fazer um barzinho só com cachaça. Começou ir à feira, ver as coisas lá, todo mundo adorava a carne de sol dele. Não tinha espaço na época. Aí foi aumentando”, contou Maria Ivonete.
Leandro acredita que ele e a mãe estão cumprindo os planos do pai.
“Eu tenho certeza de que ele está feliz que estarmos dando continuidade, eu e minha mãe. Cada dia que passa, a gente tenta fazer o melhor. A intenção é essa”, completou Leandro.
Maria Ivonete e o filho cuidam de bar no Tanque
Reprodução/ TV Globo
Comida com afeto
Francisca Alda Hortência Dias, a Chiquita, trabalha na Feira de São Cristóvão desde que chegou do Ceará, em 1979.
“Eu tinha de 16 para 17 anos. Não tive que aprender, essa coisa de fazer comida já era comum. Eu sou a mais velha da família, já fazia comida para os meus irmãos. Aí fui vender sarapatel, buchada e outros pratos”, explicou Chiquita.
Os anos se passaram e a barraca se tornou um restaurante para 800 pessoas. Ela abriu outra unidade, em Copacabana. O negócio de Chiquita conta com mais de 100 empregados. Quem trabalha com ela sabe o que não pode faltar.
“Pimentinha, para dar cor. Tem que ter alho, cebola, mas uma pimentinha faz fé. Fartura, meu amor. Comida de nordestino é tipo banquete. Não venha com comidinha, pratinho pequeno não”, explicou.
A culinária e a prosperidade não são apenas técnica, mas também afeto.
“Na minha casa, eu nasci em um ano de seca. Meu pai tinha que retirar o gado de um estado para outro. Onde tivesse água, né? Então, quando eu acordava, e era criança, via minha mãe cuidando da paçoca. Eu sabia que, naquele dia, meu pai ia sair. Ia fazer uma viagem longa. É um prato que dura e é forte. Quer dizer, a comida tem esse poder. Toda comida tem uma história por trás”, disse Chiquita.
A história se renova todos os dias.
“A gente tem para dar e o carioca recebe muito bem”, finalizou a empresária.
Chiquita gosta de comida com pimenta e afeto
Reprodução/ TV Globo