
Savana, a cadela que foi resgatada das ruas e virou perita da Polícia Civil de SP
Divulgação
Uma cachorra vira-lata que vivia nas ruas de São José dos Campos, no interior de São Paulo, agora faz parte da elite da perícia criminal paulista. Savana foi resgatada ainda filhote pelo perito João Henrique Machado e, quatro anos depois, virou o segundo pet a ser considerado perito da Polícia Científica paulista. Sua missão principal é a de detectar vestígios de sangue humano, mesmo quando invisíveis a olho nu.
Encontrada em situação de desnutrição, a cadela passou por cuidados e seria encaminhada para adoção. Mas, ao observar o comportamento de Savana — sociável, cheia de energia e com um faro afiado —, o tutor e perito viu que ela tinha potencial para algo muito maior: atuar ao lado do cão Mani, o primeiro da Polícia Científica treinado para esse tipo de trabalho e que também é um vira-lata ou SRD (sem raça definida).
“Para eles, o trabalho é uma grande brincadeira. Os dois se divertem e competem para ver quem encontra o vestígio primeiro”, conta João.
Treinada ao longo de dois anos com comandos de detecção, obediência e simulações em áreas abertas e fechadas — como veículos, roupas ou terrenos —, Savana aprendeu a identificar o cheiro de sangue humano, auxiliando os peritos a encontrar provas importantes em locais de crimes.
Tecnologia de quatro patas
Savana substitui, com precisão e a um custo mais baixo, o uso do luminol — reagente químico caro e menos eficiente em áreas grandes ou muito iluminadas. Enquanto o luminol reage com qualquer sangue, o olfato da cadela é treinado para diferenciar o sangue humano de outros.
“Já encontramos vestígios em carros com mais de seis meses do crime e até em camisetas de um ano atrás. Os cães aumentam a sensibilidade dos exames e evitam a perda de provas importantes”, explica o tutor.
A detecção correta é recompensada com uma simples bolinha de borracha. Quando encontra o vestígio, vem a melhor parte: Savana se deita ou se senta diante do local e ganha petiscos.
Savana e João são inseparáveis. “Fico mais ansioso do que ela quando a gente se separa”, brinca o perito, que é formado em veterinária e desenvolve um mestrado sobre o uso de cães na perícia criminal.
O objetivo agora é expandir o projeto e levar cães treinados para todos os núcleos da Polícia Científica de São Paulo. Mas não é qualquer cachorro que pode assumir o papel: além de inteligência e do faro aguçado, o animal precisa ter foco, energia, socialização e vontade de colaborar com os humanos. Cães muito agressivos ou muito grandes são evitados. As buscas geralmente são feitas nos canis dos municípios.
“A visão do humano, mais a olfação do cão, com a ajuda da ciência, cria um superdepartamento de perícia”, diz João.
Savana, a cadela que foi resgatada das ruas e virou perita da Polícia Civil de SP
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