
Pesquisador explica procedimento de fertilização in vitro em bezerro
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) criou uma técnica inovadora para preservar embriões bovinos durante o processo de fertilização in vitro. A novidade pode tornar o procedimento mais acessível para produtores rurais.
O estudo foi conduzido ao longo de quatro anos pelo médico veterinário Rafael Silva Júnior durante o doutorado. Ele utilizou, pela primeira vez, uma proteína extraída de um peixe do Ártico para proteger os embriões durante o congelamento. O resultado foi o nascimento de Rafinha, um bezerro saudável (veja vídeo acima).
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“A gente tem a sigla no inglês AFP [antifreeze proteins], que é a proteína encontrada em seres vivos de climas muito frios, do Ártico, do Antártico, que são resistentes ao congelamento da água, impedindo que formem os cristais de gelo – porque a água quando congela, ela expande e lesiona a célula. Então a gente coloca a proteína no meio de congelamento, congela o embrião e essa proteína evita que ele sofra esse processo do congelamento da água”, explicou o cientista.
O embrião ficou armazenado por dois anos em um botijão a -196°C. Após o descongelamento, os pesquisadores selecionaram o melhor material genético fertilizado e realizaram a transferência para a vaca Valentina, que atuou como barriga de aluguel. A gestação durou nove meses e Rafinha nasceu com a genética de um touro da raça Nelore, de alto valor genético.
O professor André Mariano Batista, orientador da pesquisa, destacou a praticidade da técnica. “Por ser prático, por ser fácil, não exigir os equipamentos que costumam ser caros e a proteína mostrou essa capacidade de preservar com qualidade, por manter a qualidade desse embrião que é produzido in vitro e levar a gestação a termo”, comentou.
Bezerro Rafinha nasceu a partir de técnica de reprodução assistida pesquisada na UFRPE
TV Globo/Reprodução
Mascote do campus
Raquel Desenz, que era estudante de graduação na época e participou da pesquisa, contou que acompanhou todo o processo. “A gente participou de todo o processo, desde a coleta dos ovários, até a fertilização, passaram-se dois anos. A gente sonhou muito com ele”, relembrou.
O nome do bezerro é uma homenagem ao pesquisador. Rafinha virou mascote do campus e será usado em novas pesquisas e aulas práticas.
“Rafinha vai permanecer aqui dentro da universidade, vai continuar sendo o par de Valentina. Ele é filho dela, mas não tem a mesma genética. Então ele não é exatamente o filho, ela foi só a barriga de aluguel”, disse Raquel.
Segundo a pesquisadora, as descobertas feitas durante o projeto podem servir para outros estudos.
“A gente pode utilizar ele até para realizar uma nova cobertura, ter outros bezerros. A gente pode usar em aulas práticas, como coleta. Foi um feito. A gente ficou muito feliz, é algo que a gente tem sonhado há muito tempo. Espero que seja o primeiro passo de muitas outras coisas que vão acontecer”, disse Raquel.
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