É #FAKE que o número de homens mortos por parceiras seja maior que o de mulheres mortas por parceiros


É #FAKE que número de homens mortos por parceiras é maior do que o de mulheres mortas por parceiros
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Circula nas redes sociais o vídeo de uma mulher alegando que, no Brasil, o número de homens assassinados por suas parceiras é maior que o de mulheres assassinadas pelos parceiros. É #FAKE.

g1
🛑 O que diz a publicação falsa?
O vídeo publicado no TikTok em 1º de julho de 2025 teve 179 mil visualizações em 15 dias. O título da publicação falsa diz: “Eles morrem mais que elas”.
No vídeo, uma mulher apresenta gráficos e apresenta um cálculo – contestado por especialistas – dizendo que, no Brasil, o número de homens assassinados por suas parceiras seria maior do que o de mulheres assassinadas por seus parceiros.
Para sustentar essa ideia, ela usa dados de 2024, citando que o país teve 46.328 mortes violentas intencionais, das quais 99,3% seriam de homens (aproximadamente 46 mil vítimas). Segundo a mulher, 6% desses homicídios teriam sido cometidos por parceiras das vítimas, o que resultaria em aproximadamente 2.760 homens mortos.
Em comparação, ela aponta que houve 1.467 feminicídios no mesmo ano, dos quais 1.340 teriam sido cometidos por parceiros ou ex-parceiros. Com base nisso, conclui que mais homens teriam sido mortos por parceiras do que mulheres por parceiros — uma diferença de 106%.
O vídeo ainda alega que esse cenário é ignorado pela mídia, que não há campanhas, políticas públicas ou projetos de lei voltados aos homens assassinados, e que existe uma estrutura composta por ONGs e financiamentos que sustenta uma narrativa segundo a qual apenas mulheres são vítimas de violência doméstica. Argumenta que esse suposto silêncio institucional e midiático contribui para a continuidade dessas mortes.
⚠️ Por que a publicação é falsa?
Procurado pelo Fato ou Fake, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública analisou o vídeo e afirmou que:
O conteúdo é totalmente falso e não tem qualquer base em dados oficiais.
Nenhum estudo do Fórum de Segurança Pública ou do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) – parceiros no “Atlas da Violência” – afirma que 6% dos homicídios de homens são cometidos por suas parceiras — essa informação é inventada.
Na realidade, o vídeo distorce números e cria uma falsa equivalência com o feminicídio, que é um crime de ódio baseado em gênero e ocorre, na maioria das vezes, em contextos domésticos. Os homicídios de homens, embora representem a maioria das mortes violentas, ocorrem majoritariamente por armas de fogo, em contextos urbanos e ligados a disputas criminais — não em contexto doméstico
O Fórum ainda diz: “Criar narrativas falsas com viés ideológico não contribui para o debate, desinforma a sociedade e ainda prejudica políticas públicas sérias. Violência doméstica é um problema real, complexo e urgente — e deve ser tratado com responsabilidade, compromisso com os fatos e respeito às vítimas”.
Também procurado, o Ipea explicou, em nota enviada por e-mail, que a informação do vídeo não é verdadeira. Veja a explicação:

Em 2013 foi publicada uma análise preliminar sobre feminicídios no Brasil que trouxe dados de pesquisas internacionais. Elas apontavam, à época, que aproximadamente 40% de todos os homicídios de mulheres no mundo eram cometidos por um parceiro íntimo e que, em contraste, essa proporção era próxima a 6% entre os homens assassinados.
Além de ser um dado antigo, não dizia respeito à realidade brasileira especificamente. E essa análise inicial nunca virou um estudo finalizado publicado pelo Ipea.
Em relação aos dados de feminicídio mais recentes, o Atlas da Violência 2025 traz variáveis indicativas dessa taxa no Brasil: em 2023, a proporção de registros policiais de feminicídios em relação aos homicídios femininos era de 37,3%, como mostrou o 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2024.
E, se avaliados os registros do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), vê-se que 35% dos homicídios de mulheres aconteceram na residência em que as vítimas moravam.

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