Brasileira recebeu aviso mesmo longe de região afetada por tsunami: ‘A gente sempre vai ficar em alerta’


Isabela Sayuri Kogure Endo mora no Japão e conta que ficou assustada com alertas de tsunami após terremoto na Rússia
Arquivo pessoal
O tsunami que atingiu a ilha de Hokkaido, no Japão, na quarta-feira (30) acendeu o alerta também em Nagano, onde vive Isabela Sayuri Kogure Endo, de 26 anos.
Os dois pontos ficam a mais de mil quilômetros de distância, mas a jovem, que é de Ribeirão Preto (SP), conta que se assustou. A cidade onde ela mora, Matsumoto, é montanhosa e fica no meio do país, mas os avisos por telefone chamaram a atenção.
“Foi só um susto, até porque o mar somente subiu, não deu um tsunami igual em 2011 e 2024. Só que a gente sempre vai ficar em alerta, porque o mar é traiçoeiro. Como não chegou a tremer muito forte por aqui, a gente se assustou com os alertas de telefone, todos os telefones praticamente tocaram o aviso de tsunami pro lado do Pacífico, a gente se assusta”.
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O alerta foi emitido após um terremoto de 8.8 de magnitude em Kamtchatka, na Rússia, que ocorreu na manhã de quarta-feira (30), pelo horário local — noite de terça-feira (29), no Brasil. Além do Japão, o Havaí, nos Estados Unidos, também foi afetado.
Isabela trabalha com logística em uma empresa de exportação de carros e a maior preocupação era que alguns veículos já tinha sido levados para o porto, para serem enviados a outros países.
“Nossos carros, geralmente, a gente manda para o porto central de Yokohama, que fica do lado do Pacífico. Ontem [quarta-feira] teve um surto aqui na empresa, porque a gente ficou meio preocupado com os carros, alguns já estão no porto, e vai que dá um maremoto e arrasta todos os nossos carros? Mas aqui no Japão tem seguro para esse tipo de acontecimento”.
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Segundo ela, o país está em alerta amarelo, que é quando as autoridades chamam a atenção para a possibilidade de um desastre natural.
“A orientação que passaram aqui é pra ninguém chegar perto do mar por enquanto, enquanto ainda tem o alerta amarelo”.
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Dois outros avisos, ela explica, podem aponta o perigo iminente, que são os alertas vermelho e roxo.
“O alerta vermelho é para as pessoas começarem a fugir já, a evacuar [o local]. E o alerta roxo, é um alerta que está chegando um tsunami muito grande, de muitos metros de alturas. Então, tem essas três escalas e, por enquanto, está na escala amarela. Em muitos lugares está proibindo as pessoas de ir para as praias”.
Isabela Sayuri Kogure Endo mora no Japão e conta que ficou assustada com alertas de tsunami após terremoto na Rússia
Arquivo pessoal
Irmãos de Isabela, Pedro Kazuhiro Kogure, de 21 anos, mora na região de Ishikawa, também longe de Hokkaido, mas, por ser uma área litorânea, entrou em estado de atenção.
“Eu estava no meio da reunião do serviço e disparou alerta de tsunami no celular. Ligamos a televisão pra poder saber o que estava acontecendo e levamos um susto pela notícia”.
Os pais de Isabela e Pedro, que também moram no Japão, estão de férias aqui uno Brasil.
Pedro Kazuhiro Kogure, de 21 anos, mora na região de Ishikawa, que também entrou em estado de atenção.
Arquivo pessoal
Estoque de água e lanterna
Mesmo longe do perigo, Isabela diz que é comum no Japão manter estoques de água, alimentos e lanterna.
“Aqui onde estou morando, como é mais montanha e está mais tranquilo, não vi as pessoas saírem comprando para estocar as coisas dentro de casa, mas, obviamente, cada casa tem de ter sempre um estoque de água, de alimentos, de lanterna. Na minha casa, pelo menos, eu tenho estoque de água e de lanterna para se acontecer alguma coisa”.
Como o país costuma registrar diferentes fenômenos naturais, que vão de terremotos e maremotos a tufões e tsunamis, a jovem conta que as pessoas precisam estar sempre preparadas.
“Japão é um país que pode ter desastres naturais a qualquer momento, então, aparentemente, depois do terremoto de 2024, as pessoas começaram a estocar mais alimentos e coisas para dentro de sua própria casa”.
No dia 1 de janeiro de 2024, um terremoto de magnitude 7,6 atingiu costa oeste do Japão e os irmãos estavam muito próximos do local afetado. Eles lembram que tiveram de ser rápidos para deixar a cidade.
“O alerta de terremoto e de tsunami não parava de tocar no celular, tocava no microfone da cidade também. Foi muito assustador. O terremoto foi forte no nível que não conseguimos ficar em pé, os móveis caíram no chão, a porta de casa não abria porque saiu do lugar. Eu e minha irmã arrombamos a porta para poder sair de casa, não teve tempo de pegar os sapatos, só pegamos o cachorro e a gata e fugimos pra montanha”, diz Pedro.
Isabela conta que o trânsito era tanto, que se as ondas fossem mais altas, poderia alcançar as pessoas que tentavam deixar a cidade.
“O mar subiu e, como meu pai mora muito pertinho do mar, deu o terremoto e imediatamente nós pegamos o carro, colocamos os bichinhos, e saímos correndo para a montanha. Estava um trânsito, mas estava um trânsito, que se o mar realmente subisse demais, ia alcançar a gente no meio da rua e, talvez, a gente tinha sido arrastado pelo tsunami”.
Ainda assim, ela afirma que se sente segura, independentemente dos desastres que possam, eventualmente, atingir o país.
“A gente nunca fica calmo. O Japão é um país cheio de catástrofes naturais, só que cada terremoto que dá, a gente vai atrás de saber onde foi o epicentro e, dependendo da região, a gente sabe mais ou menos onde que afeta. Dessa vez, eu sabia que não ia afetar tanto o lado onde meus pais moram, então eu fiquei mais tranquila, claro que não pelas pessoas que moram na região do Pacífico, mas a gente continua vivendo dessa forma, sempre em alerta”.
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