Adiamento do tarifaço de Trump poupa 30 mil toneladas de carne embarcadas


Tarifaço do Trump afeta economia de RO
Reprodução/redes sociais
O adiamento do início do tarifaço para a próxima quarta-feira (6) foi visto como uma boa notícia para o setor de exportação de carnes.
O segmento está em fase de negociações com o governo e com associados, em busca de medidas para diminuir os efeitos do aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros.
Isso porque, havia um carregamento já embarcado rumo ao território norte-americano, com 30 mil toneladas de carne — o equivalente a US$ 160 milhões. Se a medida começasse a valer nesta sexta, como previsto anteriormente, os “impactos seriam enormes”, segundo fontes do setor.
A medida, que prevê aumentos expressivos nas tarifas de exportação, atinge diretamente o segmento e, segundo representantes da indústria, pode inviabilizar os embarques para mercados estratégicos, como os Estados Unidos.
Apesar do alívio temporário, a perspectiva não é animadora. Representantes das indústrias apontam que novas remessas não devem ser enviadas enquanto o tarifaço estiver em vigor, já que os custos adicionais tornariam a operação insustentável.
Tarifaço atinge 43% do valor total do que é exportado para EUA
Hoje, os embarques para os EUA são feitos majoritariamente por navio, com viagens que podem levar até um mês, dependendo do porto de destino em solo americano. Isso significa que qualquer produto embarcado a partir de agora estará sujeito às novas tarifas ao chegar ao país.
A expectativa do segmento é que as conversas com o governo possam resultar em exceções ou flexibilizações para manter a competitividade das exportações brasileiras no mercado internacional.
O transporte de carne do Brasil para os Estados Unidos é feito por navio e a viagem é longa, dura quase um mês, a depender da cidade americana que vai receber.
Por exemplo, veja o tempo de viagem, em média, entre os portos brasileiros e cidades norte-americanas:
Philadelphia: 20 dias
Jacksonville: 24 dias
Norfolk: 27 dias
Everglades: 29 dias
Houston: 30 dias
Charleston: 30 dias
Los Angeles: 35 dias
Oakland: 40 dias
Como já há uma tarifa de 26,4% sobre o setor, acrescentar essa nova tarifa elevaria o custo para 76% —índice considerado inviável para a indústria.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec), Roberto Perosa, se reuniu com o governo na quarta-feira (30) e nesta quinta (31) faz viagens ao interior do país para conversar com integrantes da associação sobre possíveis rumos.
Entre as possibilidades, está internalizar parte da carne que não será mais enviada aos EUA e vender a outra parte para outros países. As negociações estão só no começo. E o setor espera que os EUA aceitem, em algum momento, baixar a tarifa.
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