Carne pode ficar mais cara no Brasil por causa do tarifaço?


Aumento no preço da carne bovina é sentida em Rondônia, um dos maiores produtores do país
Mary Winchester/Unsplash
A carne está entre os alimentos alvos da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre as vendas brasileiras para os Estados Unidos. A medida entra em vigor no dia 6 de agosto.
➡️ Mas, afinal, o tarifaço vai afetar o consumidor brasileiro? Não diretamente. A sobretaxa será paga por empresas dos EUA que comprarem produtos feitos no Brasil. E, para alguns desses itens, encaixados numa lista de exceções, ela será de 10%, e não 50%.
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Indiretamente, porém, pode existir um impacto no supermercado. Se os compradores americanos não quiserem pagar a mais pelos alimentos brasileiros, uma queda nas vendas para os EUA poderia afetar os produtores. Por consequência, o tarifaço reforçaria tendências já em andamento nos valores do Brasil.
Em relação a carne, economistas e especialistas ouvidos pelo g1 apontam que o preço pode até cair no início do tarifaço, com uma demanda menor dos EUA. Mas deverá subir depois, por causa da redução no abate de animais, o que já era esperado e deve ser intensificado com o tarifaço.
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Carne
A carne não deve ficar mais barata no Brasil por causa do tarifaço. Pelo contrário: o preço pode subir, já que o número de abates deve cair no segundo semestre, segundo Wagner Yanaguizawa, especialista em proteína animal do Rabobank.
Essa alta já era esperada: mesmo sem o tarifaço, os pecuaristas já estavam segurando mais fêmeas para reprodução.
Mas uma possível queda nas vendas para os EUA pode fazer com que os produtores também separem menos animais para a engorda e para o abate.
Isso já está acontecendo em relação aos animais que seriam enviados para os EUA, diz Cesar de Castro Alves, gerente de Consultoria Agro do Itaú BBA.
Os EUA são o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, responsáveis por 12% das vendas, ficando atrás apenas da China, que compra quase metade do que é vendido no exterior.
De acordo com Alves, os americanos compram, principalmente, a parte dianteira do boi, usada em hambúrgueres. As outras partes dos animais já são enviadas para outros países ou ficam no mercado interno.
Yanaguizawa acredita ser possível redirecionar parte desses produtos para outros países, como o Egito, que tem tido um aumento de demanda.
O Brasil tem uma vantagem: países concorrentes, como EUA e Austrália, também reduziram a produção por causa de problemas sanitários, como doenças.
Segundo Yanaguizawa, o mundo deve ter uma redução da oferta global de carne em 2%.
Mas, antes de os preços subirem, pode haver um curto período de queda para o consumidor brasileiro, aponta o analista do Itaú BBA.
Isso porque a China, principal cliente da exportação, está pressionando para o Brasil baixar seus preços, e isso pode frear temporariamente as exportações.
O custo da ração também diminuiu. O preço do boi gordo, animal pronto para o abate, caiu 7,21% em um mês, até o dia 29 de julho, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
“Aqui nós vamos ver o boi cair e, lá na frente, ver a carne subir mais ainda”, resume Alves.
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