
Livro ‘Diário de uma ausência: Fragmentos de memória’.
TV Globo/Reprodução
A juíza-ouvidora do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávia Martins de Carvalho, lançou nesta quarta-feira (6) o livro “Diário de uma ausência: Fragmentos de memória” na Livraria Circulares, na Asa Norte.
A obra traz a convivência da escritora com o luto após a morte de sua mãe, Maria de Fátima Martins de Carvalho.
“A escrita é uma forma de sobreviver ao mundo, pois me possibilita falar de coisas que são muitos difíceis, pra mim, de engolir. A maneira que eu tenho para não engolir essas coisas que me sufocam é colocar para fora por meio da escrita”, diz a juíza em entrevista ao g1.
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Com uma capa simbólica – a foto das águas de um rio –, o livro narra a experiência de entrar em um rio gelado. Mas, sem coragem para mergulhar, a autora mentaliza o momento como uma volta à água da barriga da mãe, ou seja, um reencontro com a sua genitora.
Flávia Martins de Carvalho afirma que perder quem a deu à luz e a criou é um processo doloroso. E que a literatura ajuda, não a superar, mas a suportar este momento.
O trecho que Flávia considera mais representativo para essa jornada de luto aparece em destaque na contracapa:
“Ainda dói, mas estou me acostumando. Pode ser que a dor aumente quando virar o tempo ou quando algo bater bem em cima. É uma marca que não se apaga; uma falta impossível de se preencher. Os livros me servem de remédio. Crônicas ao acordar quando para estabilizar o humo. Poesia em doses homeopáticas, duas vezes ao dia. Romance depois do jantar para dormir melhor. Não desaparecendo os sintomas, procure uma livraria”.
Quem é Flávia Martins de Carvalho
Juíza-ouvidora do STF, Flávia Martins de Carvalho.
Reprodução
Flávia Carvalho cresceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, região periférica do Rio de Janeiro, e teve seu primeiro contato com a literatura com o único livro que tinha: o do cãozinho Joli.
Durante a adolescência, mergulhou em outros autores e autoras e escolheu cursar Comunicação Social na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
Aos 30 anos, mudou de área e ingressou na faculdade de Direito. Aos 44 anos, assumiu como juíza no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP).
“Não sonhava em me tornar juíza, do lugar de onde eu venho, de uma menina preta e pobre, a magistratura, o próprio Direito, não era algo que sequer passava pela minha cabeça. Não era um sonho possível”, diz a juíza.
Depois do mestrado e durante o doutorado, em 2023, ela foi convidada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, para ser juíza-ouvidora da Corte.
Além de “Diário de uma ausência”, lançado nesta quarta, Flávia Martins de Carvalho já escreveu quatro livros homenageando a história de mulheres de diferentes áreas do conhecimento.
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