
Técnica de enfermagem é indiciada por lesão corporal causar queimaduras em bebê no interior do AC
A técnica de enfermagem da Maternidade Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, que deu o banho na pequena Aurora Maria Oliveira Mesquita e causou queimaduras de 2º e 3º graus durante o banho, em junho deste ano, foi indiciada pelo crime de lesão corporal gravíssima.
O inquérito policial foi concluído. O delegado Vinicius Almeida, responsável pelas investigações, explicou que a conclusão aconteceu nesta quinta-feira (7), após a última pessoa ser ouvida, a mãe de Aurora, que retornou a Cruzeiro do Sul junto com a filha na quarta (6).
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“Também foi feito o exame de corpo de delito complementar, quando o médico legista atestou que a criança, infelizmente, vai ficar com algumas deformidades permanentes, fazendo com que o crime de lesão corporal, até então de natureza grave, resultado pelo perigo de vida que a criança sofreu, passou a ser uma lesão corporal de natureza gravíssima”, disse ele.
Vinicius informou que o Código Penal prevê uma pena de dois a oito anos quando há a deformidade permanente, o que foi atestado pelo médico. Com essa informação, a servidora da maternidade foi indiciada.
“Praticamente todas as pessoas que estavam no local foram ouvidas, presencialmente ou por videochamada. Perícias foram realizadas no local, comprovando que a água extraída do chuveiro utilizado para o banho poderia chegar a 57°C. Não sabemos ao certo a temperatura exata, mas é certo que a temperatura da água estava sim elevada, e isso foi resultado das queimaduras dela”, assegurou.
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O delegado pontuou que além do último depoimento, estava aguardando o resultado da biópsia que descartou a doença rara epidermólise bolhosa, primeira suspeita apontada pela equipe médica do Acre.
“O laudo deu negativo e comprovou que a criança não é portadora de nenhuma doença. Se ela fosse, até o próprio contato físico com a pele poderia causar bolhas. No entanto, ficou comprovado que ela não tem essa doença e, portanto, as queimaduras foram resultado de uma temperatura excessivamente elevada da água que foi utilizada no banho”, concluiu.
Aurora voltou para casa na última quarta-feira (6) e segue o tratamento em Cruzeiro do Sul
Arquivo pessoal
Técnica disse que testou temperatura
Sobre o depoimento da funcionária da maternidade, o delegado destacou que, durante o interrogatório, a mulher negou que a água estivesse quente e declarou que havia testado a temperatura.
“Ela disse que testou a temperatura da água no pulso, no entanto, é uma controvérsia com relação a todas as outras pessoas que foram ouvidas desse fato”, complementou.
Vinicius detalhou que outra criança banhada pela mulher antes de Aurora só não sofreu queimaduras pois o pai demorou a entregá-la para a profissional.
“A água na banheira ficou esperando durante, aproximadamente, 4 minutos, ou seja, deu um prazo dela esfriar. Segundo o pai dessa criança, ele levou o bebê para limpá-lo e o lavou em uma água fria antes de receber o banho. Mesmo assim, quando a enfermeira acabou de dar o banho, percebeu que o bebê estava com a temperatura elevada”, explicou.
Caso Aurora: Perícia conclui que bebê sofreu lesão corporal de natureza gravíssima
Caso Aurora
No dia 22 de junho, a recém-nascida foi internada após sofrer queimaduras causadas pela água quente usada durante o banho no dia anterior, na maternidade de Cruzeiro do Sul.
Inicialmente, Aurora foi atendida na própria unidade, mas devido à gravidade das lesões, precisou ser levada para Rio Branco e, depois, para Belo Horizonte. No início de julho, ela passou por procedimento de enxerto de pele nos dedos dos pés.
Ainda durante a internação, a bebê passou por exames que descartaram a possibilidade de outras doenças, como epidermólise bolhosa, suspeita inicial da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre).
A confirmação foi de que as lesões eram, de fato, queimaduras, porém o exame feito através de biópsia ainda não havia saído o resultado.
A técnica de enfermagem que deu banho na criança foi afastada do cargo e deve ser demitida ao fim do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) que deve encerrado no dia 15 de agosto.
O caso segue em investigação pelo Ministério Público, Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) e Conselho Regional de Enfermagem (Coren).
Aurora ficou com sequelas que serão permanentes após queimaduras durante o banho
Arquivo pessoal
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