Óleo para ansiedade e cacto virando bioplástico: conheça projetos de pesquisa desenvolvidos por estudantes baianos


Laboratório de Colégio Estadual da Bahia.
Mateus Pereira/GOVBA
Na data em que se celebra o Dia do Estudante, em 11 de agosto, o g1 traz histórias e projetos inovadores desenvolvidos por alunos de escolas públicas da Bahia, e que unem meio ambiente, sustentabilidade e criatividade.
Ao todo, 11 jovens, de quatro municípios do interior do estado, são responsáveis pelos projetos, apoiados pela Secretaria da Educação (SEC), e que contam com orientação de professores das unidades de ensino.
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Conheça a seguir:
Método de tratamento para água barrosa
Bioplástico criado a partir de um cacto
Uma tinta térmica sustentável
Um spray natural para inflamações
Um óleo que alivia sintomas da ansiedade
💧 Método de tratamento para água barrosa
Jovens utilizam moringa e mandacaru para tratamento de água barrosa.
Secti-BA
As estudantes Anne Caroline e Clara Bispo, de Lamarão, a cerca de 180 km de Salvador, conseguiram transformar água barrosa em limpa. O processo utiliza sementes de moringa e a casca de um cacto mandacaru.
Elas explicam que a moringa é responsável por remover as impurezas visíveis da água, enquanto o mandacaru atua como bactericida, inativando microrganismos.
“Os testes que realizamos indicaram que a combinação das sementes alcança resultados comparáveis aos coagulantes químicos tradicionais, como o sulfato de alumínio, com eficiências superiores a 90%”, apontou Djanderson Nascimento., professor e orientador do projeto.
O produto visa melhorar a qualidade de vida da população no nordeste brasileiro, que, muitas vezes, sofre pela falta de água, tendo que recorrer a poços e açudes, nos quais a água tende a ser barrosa, explicou Anne.
Como próximo passo, as jovens preveem a ampliação das análises e da divulgação da técnica, para que ela seja adotada em outras comunidades do semiárido.
Jovens utilizam moringa e mandacaru para tratamento de água barrosa
Sec
🌵 Bioplástico criado a partir de um cacto
Direto da caatinga, utilizando o facheiro, um tipo de cacto comum na região, as estudantes Ana Clara Moreira e Emiliane Nery, do Colégio Estadual do Campo de Tempo Integral de Andorinha, a aproximadamente 425 km da capital baiana, conseguiram transformar a planta suculentas em uma alternativa para o plástico convencional.
Segundo as estudantes, o produto é flexível e usa em sua base, além da planta, vinagre e glicerina. Enquanto o plástico leva mais de 400 anos para se decompor naturalmente, o bioplástico é absorvido entre 6 a 12 meses pela natureza.
O produto tem potencial de, além de ajudar o meio-ambiente, movimentar a economia local.
“Fomentar a geração de empregos na comunidade, uma vez que a ampliação do cultivo do facheiro poderá estimular atividades econômicas associadas, promovendo simultaneamente sua valorização e conservação”, detalhou Ana Clara.
Estudantes baianas transformam cacto da Caatinga em bioplástico
Secti-BA
🎨 Tinta térmica sustentável
O calor é uma marca constante na Bahia e outros estados do Nordeste. Para lidar com ele, há quem use o ventilador ou até o ar-condicionado como solução. Mas foi pensando nas pessoas que não têm acesso a esses recursos que os estudantes, Lara Geovana, Melissa Fideles e Oliver Santos, de Luís Eduardo Magalhães, no oeste do estado, desenvolveram uma tinta que pode ajudar a controlar as altas temperaturas dentro de casa.
Os ingredientes são sustentáveis e podem ser encontrados no dia a dia: goma arábica, argila branca e beterraba.
Segundo Fernanda, a escolha desses elementos levou em consideração pesquisas que mostraram o baixo custo de produção e reafirmaram a sustentabilidade desses materiais.
“Além disso, consideramos a fácil disponibilidade desses recursos em nossa região, o que reforça o compromisso do projeto com a realidade local e com a acessibilidade das comunidades de baixa renda”, afirmou a estudante.
O processo foi pensado para ser feito de forma artesanal, visando garantir uma boa mistura e desempenho da tinta em refletir a luz solar. Dessa forma, o calor não fica preso na parede da residência, fato que leva ao aumento da temperatura do ambiente interno.
O projeto tem orientação da professora Fernanda Gering, do Colégio Estadual de Tempo Integral Maria Otília Lutz. Os estudantes planejam dar continuidade à pesquisa, testando novas combinações de cores e expandindo as possibilidades de aplicação da tinta.
Apesar do foco atual estar na construção civil, o grupo acredita que no futuro a fórmula poderá ser aplicada em outras superfícies.
Estudantes criam tinta sustentável que pode amenizar calor em comunidades carentes
Secti-BA
🏥 Spray natural
Jovens cientistas desenvolvem spray natural contra inflamações
Secti-BA
Desenvolvido a partir da mastruz, folhas de cânfora e cachaça, um spray desenvolvido por duas alunas do Colégio Estadual de Tempo Integral Antônio Batista, na cidade de Candiba, no sudoeste do estado, tem propriedades anti-inflamatórias, analgésicas e antimicrobianas.
As pesquisadoras Iasmyn Vitória Teixeira Melo e Maria Luisa da Trindade Silva, apontam que o produto é uma alternativa natural e acessível para aliviar dores.
Elas explicam que a escolha das plantas foi inspirada nas avós, que já utilizavam as ervas para tratar inflamações.
“Como queríamos usar um produto natural para extrair as substâncias das plantas, resolvemos utilizar a cachaça. Somado a isso, ao invés da cânfora no formato industrial (pedra), estamos usando as folhas da planta de mesmo nome”, descreveu Iasmyn Vitória.
Como resultado da pesquisa, elas concluíram que a cânfora possui propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, capazes de aliviar dores locais, estimular a circulação sanguínea da área afetada, acelerar o processo de cicatrização, e proporcionar um efeito refrescante que reduz o desconforto.
Já a mastruz apresenta propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas. Enquanto o álcool presente na cachaça, tem ação antisséptica e antimicrobiana, podendo ajudar a prevenir infecções nas áreas inflamadas.
Para aferir a eficácia do produto, a dupla convidou voluntários para testar o spray. Pelo que os participantes relataram, por volta do segundo e terceiro dias, eles já viam melhorias nas inflamações.
No futuro, as estudantes pensam em aperfeiçoar a fórmula e ampliar as possibilidades, acrescentando novos produtos à mistura, como, por exemplo, a arnica e o girassol, que também apresentam propriedades semelhantes em relação às outras plantas já selecionadas.
Outra novidade em desenvolvimento, segundo Iasmyn, é a possibilidade de transformar o spray em uma pomada, mantendo as propriedades curativas.
🌱 Óleo natural para ansiedade
Estudantes baianas criam óleo natural para aliviar sintomas da ansiedade
Secti-BA
O Brasil é o país com mais casos de transtornos de ansiedade no mundo, com cerca de 18 milhões de pessoas afetadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi pensando nisso que Emília Vieira e Tainara Rocha, do Colégio de Tempo Integral Antônio Batista, em Candiba, no sudoeste, desenvolveram um óleo corporal à base de capim-santo.
Segundo as estudantes, o produto tem componentes como o citral, que promove relaxamento e sensação de calma. O aroma da planta ajuda a diminuir sintomas como aceleração dos batimentos cardíacos e agitação.
A receita tem na sua composição o extrato de capim-santo e óleo de coco, sendo, portanto, 100% natural.
“Essa disciplina propõe ao aluno a elaboração de um projeto voltado para sanar algum problema enfrentado na sociedade e no nosso cotidiano. Foi aí que pesquisamos e identificamos que a ansiedade é um problema atual, e muito perto dos estudantes. Também através da pesquisa, surgiu a ideia de um óleo corporal que fosse de baixo custo e acessível”, contextualizou Marciele de Oliveira, orientadora do projeto.
A iniciativa passa por uma fase de testes e será aprimorada. Ainda conforme Marciele, em uma das testagens, o produto foi distribuído para uso durante 15 a 20 dias.
“Os voluntários confirmaram que o óleo proporcionou bem-estar, alívio dos sintomas da ansiedade e melhora na qualidade do sono”, ressaltou.
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