Casal de idosos assassinado por recompensa milionária em SP: Justiça torna réus os 7 acusados pelo crime


Caminhonete onde vítimas foram encontradas; no destaque, as vítimas
Polícia Militar e Reprodução
A Justiça recebeu denúncia do Ministério Público e tornou réus os sete acusados de envolvimento na morte de um casal de empresários, cujos corpos foram encontrados dentro de uma caminhonete, em uma chácara de São Pedro (SP), em 4 de abril deste ano.
Segundo as investigações, os mandantes foram os advogados do casal e o grupo tinha interesse no patrimônio milionário das vítimas, José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, de 61.
As investigações foram realizadas pela 3ª Delegacia de Homicídios da Delegacia Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba (SP).
“Foi identificado que, após sofisticado esquema criminoso, as vítimas tiveram perdas patrimoniais que podem chegar a R$ 20 milhões. Tal esquema foi orquestrado e executado pelos advogados das vítimas, Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso”, informou a Deic, em nota.
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A delegacia também detalhou como o plano para apropriação dos bens das vítimas foi arquitetado.
“A dilapidação patrimonial consistiu em síntese, na cobrança de custas/despesas processuais inexistentes, falsificação de decisão judicial, falsificação de notas fiscais e, sob o argumento de blindagem patrimonial, na passagem de bens imóveis de alto valor das vítimas para os advogados. Com a posse dos bens, os advogados deram início à segunda parte do plano, que consistiu na eliminação física das vítimas”, revelou.
A execução das vítimas
Também conforme as investigações, o grupo teve funções definidas. Além dos advogados, apontados como mandantes, a Polícia Civil aponta que três acusados foram responsáveis por providenciar a arma do crime, enquanto outros dois foram os executores do duplo homicídio.
“Chancelando as investigações na data de hoje, após o oferecimento da Denúncia pelo Ministério Público, o Poder Judiciário recebeu a mesma e acatou o pedido de prisão preventiva pela polícia, decretando a prisão preventiva de todos os indiciados, os quais responderão ao processo encarcerados”, finaliza a nota.
Polícia de Piracicaba prende suspeitos de assassinar casal de empresários em São Pedro
Funções dos réus no crime, segundo a Deic
Hércules Barroso e Fernanda Teixeira
Casal de advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso, suspeitos de envolvimento na morte de casal em São Pedro
Reprodução/Redes Sociais
Quem são: Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira eram advogados das vítimas há mais de 10 anos, segundo informações de familiares. Eles foram presos em junho de 2025.
Participações no crime: Segundo as investigações, os advogados foram os mandantes do crime, e tinham como objetivo ficar com o patrimônio das vítimas. De acordo com a polícia, os advogados falsificaram documentos para enganar as vítimas e conseguir se apropriar de cerca de R$ 12 milhões em imóveis e mais de R$ 2,8 milhões em pagamentos de custos processuais inexistentes.
O que diz a defesa: Advogado do casal, Reginaldo Silveira afirma que as provas são frágeis. “Havia uma relação entre as partes, uma relação de escritório de advocacia, onde honorários eram pagos através de imóveis, não eram pagos em espécie. Nós vamos conseguir provar a inocência do casal. […] Vamos comprovar que, realmente, a única relação que havia era justamente a de advogado-cliente, nada mais do que isso”, alegou.
Carlos César de Oliveira e Ednaldo Vieira
Carlos Cesar Lopes de Oliveira, o Césão, um dos suspeitos da execução de um casal de empresários de Araraquara (SP)
Reprodução/EPTV
Quem são: Carlos Cesar Lopes de Oliveira, o Cesão, é motorista particular. Tentou se candidatar a vereador de São Carlos (SP), nas eleições de 2024, pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB). A candidatura, no entanto, foi negada pela Justiça Eleitoral por não ter apresentado certidões criminais. Ednaldo José Vieira é conhecido como Índio e tem 54 anos e, segundo a polícia, possui antecedentes criminais. Eles foram presos em junho de 2025.
Participações no crime: Segundo as investigações, os dois foram os responsáveis por matar o casal. De acordo com a Deic, houve promessa de recompensa milionária pela morte das vítimas.
O que dizem as defesas: À época da prisão, a defesa deles informou à EPTV, afiliada da TV Globo, que não teve acesso ao inquérito e preferiu não se manifestar.
Vídeo mostra prisão de Índio, suspeito de matar casal de empresários
Alex Severino de Lira, José Severino de Lira e Carlos César Lopes de Oliveira (Cacá)
Prisões de últimos suspeitos de envolvimento em morte de casal em São Pedro
Wagner Romano – Conecta Pira
Quem são: Alex Severino de Lira, de 29 anos, José Severino de Lira, de 60, e Carlos César Lopes de Oliveira (Cacá), de 39, são os três últimos suspeitos presos. Dois deles (o mais jovem e o mais velho) são pai e filho.
Participações no crime: Eles são investigados por fornecer a arma do crime. Durante cumprimento de quatro mandados de busca, houve a apreensão da pistola.
O que dizem as defesas: O g1 não conseguiu contato com a defesa dos três. Em depoimento à Polícia Civil, segundo a delegada Juliana Ricci, eles negaram que sabiam que a arma seria utilizada para a prática de um crime de duplo homicídio, mas admitem que a forneceram mediante pagamento de aluguel.
Pagamento milionário pelo crime
A Deic apurou que um dos executores do crime receberia um apartamento avaliado entre R$ 400 mil e R$ 500 mil e um carro avaliado em R$ 60 mil.
“E seria pago ainda um valor em torno de R$ 1,2 milhão que seria dividido entre os executores, quem alugou a arma e tudo mais”, afirmou a delegada Juliana Ricci.
Material apreendido durante cumprimento de mandados de busca e apreensão, em São Carlos, pela Polícia Civil de Piracicaba
Polícia Civil de Piracicaba/ Reprodução
Relembre o caso
As vítimas eram de Araraquara (SP) e estavam em São Pedro em viagem para lazer quando foram mortas.
Os assassinatos foram motivados por interesse no patrimônio milionário das vítimas, informou a Polícia Civil.
A relação entre elas e os advogados mandantes do crime começou em 2013, quando as vítimas adquiriram 16 flats em São Carlos (SP), venderam e nunca entregaram. Os advogados passaram a defendê-los nesse processo.
Vítimas e mandantes participaram juntos, inicialmente, da transferência de bens para tentar blindar o patrimônio.
Os defensores tinham acesso aos bens das vítimas por meio de uma holding.
Segundo a polícia, os advogados receberam imóveis das vítimas, avaliados em R$ 12 milhões, ao longo dos anos.
A propriedade de São Pedro em que o casal foi morto já estava em nome dos advogados, como parte da transferência de imóveis.
Também conforme as acusações, esses acusados falsificaram documentos para enganar as vítimas e se apropriar de valores por custos processuais inexistentes, somando R$ 2,8 milhões.
Os investigados vão responder por homicídio qualificado, associação criminosa, estelionato, falsidade ideológica, uso de documento falso e ocultação de cadáver.
Os defensores dos advogados presos recorreram e afirmam que a decisão que determinou a prisão não tem uma justificativa adequada. Também sustentam que seus clientes colaboraram com a investigação, o que tornou a prisão desnecessária.
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