
O presidente dos EUA Donald Trump e o presidente da Rússia Vladimir Putin apertam as mãos durante encontro em Helsinki, na Finlândia
Kevin Lamarque/Reuters
O presidente dos EUA Donald Trump deve discutir, na próxima sexta-feira (15), a guerra na Ucrânia com o líder russo Vladimir Putin. Em uma ironia do destino, a reunião vai acontecer em uma base militar no Alasca que foi crucial para os norte-americanos conterem a União Soviética durante a Guerra Fria — e que desempenha um papel até hoje.
Localizada em Anchorage, a atual Base Conjunta Elmendorf-Richardson foi criada em 2010 a partir da fusão da Base Aérea de Elmendorf e do Forte Richardson do Exército, que durante grande parte da Guerra Fria atuaram no monitoramento e prevenção de ações da União Soviética.
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Por que Trump e Putin vão se encontrar no Alasca e outras 4 perguntas
Ao longo de sua história, a base abrigou um grande número de aeronaves e supervisionou operações de diversos radares destinados a detectar atividades militares soviéticas e possíveis lançamentos nucleares. Nessa época, ganhou o lema “Cobertura Aérea para a América do Norte”, segundo o site da própria base.
Embora boa parte do equipamento militar tenha sido desativada, a base ainda abriga esquadrões de aeronaves importantes, incluindo o caça furtivo F-22 Raptor. Aviões dali também continuam a interceptar aeronaves russas que frequentemente entram no espaço aéreo dos EUA.
O encontro dos líderes em uma base militar americana permite evitar protestos e oferece um alto nível de segurança, afirmou Benjamin Jensen, pesquisador sênior de defesa e segurança no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, um think tank (centro de estudos que conecta pesquisas acadêmicas a políticas públicas) sediado em Washington.
“Para o presidente Trump, é uma ótima forma de mostrar a força militar americana, ao mesmo tempo em que isola a capacidade do público de interferir no que ele provavelmente espera que seja um diálogo produtivo”, disse Jensen.
Ele acrescentou que o local permite que Trump fortaleça laços com Putin, enquanto sinaliza “poder militar para tentar obter vantagem nas negociações e tornar possível um segundo encontro”.
A ironia da visita de Putin a uma base militar americana que há muito tempo — e ainda hoje — tem como objetivo conter ameaças russas surge no momento em que Trump trabalha para alcançar um acordo de cessar-fogo na guerra que ele prometeu, durante a campanha de 2024, encerrar rapidamente.
Autoridades da Ucrânia e da Europa temem que a reunião a portas fechadas, sem a participação deles, possa levar a um resultado que favoreça os objetivos russos.
O presidente francês Emmanuel Macron afirmou que Trump foi “muito claro” ao dizer que os Estados Unidos querem alcançar um cessar-fogo na cúpula. Macron falou após uma reunião virtual entre Trump, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e outros líderes europeus.
Trump já disse que qualquer acordo importante pode envolver trocas de território e que Zelensky e Putin poderiam se encontrar em seguida, ou ele poderia se reunir com os dois líderes.
“Há uma boa chance de termos um segundo encontro, que será mais produtivo do que o primeiro, porque no primeiro vou descobrir onde estamos e o que estamos fazendo”, disse Trump a repórteres nesta quarta-feira (13). “Será uma reunião muito importante, mas que vai preparar o terreno para o segundo encontro.”