
Romaria do Senhor do Bonfim, em Natividade, Tocantins
Tharson Lopes/Governo do Tocantins
Em meados de 1700, período em que o Brasil ainda era colônia de Portugal, começava uma tradição religiosa que atravessou os séculos. As divisas não tinham os contornos que conhecemos hoje e Natividade, era arraial de uma região que se expandiu com o ‘ciclo do ouro’. Foi nesse período que uma imagem de Jesus crucificado encontrada por um morador da região deu início à devoção ao Senhor do Bonfim.
A história, transmitida oralmente, conta que a imagem chegou a ser levada para Natividade, mas misteriosamente “voltava” ao ponto onde foi encontrada, o que levou fiéis a se encontrarem para orações no local. Desde então surgiu a romaria que movimenta milhares de fiéis ao pequeno povoado no interior do Tocantins. E 15 de agosto foi instituído como dia do Senhor do Bonfim.
“A devoção ao Senhor do Bonfim tem raízes profundas na cultura popular, manifestando-se antes da institucionalização pela Igreja. Segundo a tradição oral, a imagem de Jesus Crucificado foi encontrada em um tronco na atual localização do santuário. Inicialmente levada à cidade de Natividade, a imagem “voltava” ao seu local de origem, dando início ao culto. Em 15 de agosto, a oração do terço se tornava prática comum, que posteriormente evoluiu para celebrações de missa, contando com a presença de autoridades eclesiásticas”, explicou o padre Thallyson Brenner, assessor diocesano de comunicação da Paróquia Santana, de Silvanópolis e Ipueiras.
Neste ano, a festa que começou no dia 6 de agosto e segue até domingo (17), e tem o tema “Romeiros: peregrinos de esperança”. A programação desde o primeiro dia atividades religiosas conta com terços, novenas, missas, batizados, entre outros. No dia 13 de setembro está previsto show do Pe. Fábio de Melo em Natividade.
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No período de programação, muitos fiéis, devotos que conseguem alcançar graças ou mesmo pedir bênçãos ao protetor fazem romarias, percorrendo principalmente a pé os 23 km entre o município de Natividade e o Santuário do Senhor do Bonfim.
Os mais fervorosos se propõem a desafios maiores. Há quem deixe cidades da região e sigam até o povoado em caravanas, sem nenhum veículo a motor. Tudo pela fé e com agradecimento no coração.
Conforme o historiador e professor Junio Batista, a romaria que foi trazida ao Brasil pelos portugueses e se adaptou à cultura local. Nesse contexto o povoado de Natividade se tornou um ponto de convergência para a fé e devoção ao Senhor do Bonfim.
“A romaria, que se tornou a maior do Tocantins, atrai milhares de romeiros que caminham ou pedalam até o povoado, percorrendo os 23 km que o separam da região central de Natividade. A festa principal acontece em 15 de agosto, quando é celebrada a missa campal, mas a programação se estende por vários dias com celebrações temáticas, shows e cavalgadas”, explicou o historiador.
Romeiros em direção ao povoado
Manoel Júnior/Governo do Tocantins
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Milagres e gratidão
O padre Thallyson Brenner complementou afirmando que a tradição foi passada por meio da fé popular. Principalmente após fiéis terem milagres alcançados após súplicas ao Senhor do Bonfim.
“Foram tomando proporção e conhecimento, despertando ainda mais o crescimento da devoção, das romarias e festividades em honra ao Bonfim. Para o Estado do Tocantins, especialmente, a romaria tem grande importância, sobretudo por ser a maior expressão de fé popular do Estado e uma das cinco maiores do norte do país”, explicou.
Apesar de ser uma forma de demonstrar a devoção e crença ao senhor do Bonfim, o padre afirmou que sacrifícios físicos com o de percorrer milhares de quilômetros não são uma exigência. Mas elas “reiteram o desejo sincero de união com Ele”.
“A caminhada até o santuário do Senhor do Bonfim é uma prática que transcende a cidade de Natividade, engajando romeiros de diversas localidades, como Alvorada, Figueirópolis, Gurupi, Porto Nacional, Conceição e Almas. Durante este período, muitos romeiros realizam suas jornadas em cumprimento de promessas, simbolizando a devoção e a fé inabalável daqueles que não se importam com as distâncias ou dificuldades enfrentadas”, disse, ressaltando que os romeiros expressam sua entrega à um propósito maior.
Fieis no Santuário do Senhor do Bonfim, em Natividade
Flaviana OX/Governo do Tocantins
Movimento o ano inteiro
Mas quem pensa que o movimento no povoado é só em agosto, se engana. O padre explicou que o santuário fica aberto todos os dias, sendo possível fazer visitações e orações.
“No povoado moram algumas famílias, sendo assistidas religiosamente com missas sempre no primeiro domingo de cada mês. Além disso, o santuário está sempre aberto para programações de romarias de grupos, de acordo com as solicitações das diversas paróquias e dioceses do estado”, disponibilizou o padre.
Feriado pela primeira vez
Tradição da romaria do Senhor do Bonfim atravessa os séculos
Flaviana OX/Governo do Tocantins
A data de 15 de agosto se tornou um feriado estadual a partir de 2024 e será celebrado pela primeira vez neste ano. A Assembleia Legislativa aprovou projeto proposto pelo Governo do Estado, data garantida por meio da Lei nº 4.509, de 25 de setembro de 2024.
O padre Thallyson Brenner contou que a lei atendeu apelo do bispo diocesano Dom José Moreira, durante a missa realizada no festejo de 2024, que pediu a data como feriado para ‘reconhecer a relevância da festa do Bonfim’.
“Este feriado não apenas celebra a grandiosidade da festividade do Bonfim, mas também destaca sua importância cultural e social para todo o Estado do Tocantins, reunindo a comunidade em celebração e devoção”, comemorou.
Orientações nas estradas
Para os grupos que seguem a pé:
Caminhe sempre no sentido contrário ao dos veículos, em fila indiana;
Utilize roupas claras e faixas refletivas, especialmente no período noturno;
Priorize caminhar durante o dia e em trechos com boa visibilidade;
Hidrate-se, descanse e respeite os limites do corpo.
Para os motoristas:
Reduza a velocidade ao se aproximar de grupos de romeiros;
Respeite a sinalização e evite manobras bruscas ou ultrapassagens em locais proibidos;
Mantenha os faróis acesos, mesmo durante o dia, para melhorar a visibilidade;
Evite dirigir sob cansaço ou efeito de substâncias que possam comprometer a atenção.
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