Ana Pink: entenda por que influencer condenada por lavagem de dinheiro voltou para cadeia após prisão domiciliar


Ana Pink descumpriu medidas cautelares por quase 100 vezes, aponta MP
Saídas aos fins de semana e até no carnaval e permanências longas fora de casa estão entre os argumentos que levaram a Justiça a determinar que a influenciadora Ana Paula Ferreira Duarte, conhecida como Ana Pink, de Ribeirão Preto (SP), volte a permanecer na cadeia.
Desde 2022, antes de ser condenada em primeira instância com o ex-marido Maiclérson Gomes da Silva por obter mais de R$ 10 milhões em fraudes com empréstimos consignados, a empresária havia conseguido substituir a prisão preventiva pela domiciliar por ter filhos pequenos, mas mediante medidas cautelares (entenda mais abaixo).
O Ministério Público, no entanto, apontou uma série de descumprimentos dessas medidas. Com a nova decisão da 2ª Vara Criminal, Ana Pink foi presa na tarde de quinta-feira (14) e, após audiência de custódia, foi levada nesta sexta-feira (15) para a Penitenciária de Ribeirão Preto.
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“Deixa evidente a sua desídia e desrespeito à ordem judicial, demonstrando que a acusada está vivendo normalmente como se não estivesse na condição de presa”, expediu o juiz Sylvio Ribeiro de Souza, na decisão que derrubou a prisão domiciliar.
Ana Pink, influenciadora alvo de ação na Justiça de Ribeirão Preto (SP)
Tiago Aureliano/EPTV
Ela segue a cumprir prisão preventiva, já que a execução de pena só deve ocorrer quando forem esgotados todos os recursos.
Em nota, a defesa de Ana Pink disse que a revogação da prisão domiciliar foi recebida com surpresa e informou que as medidas jurídicas cabíveis estão sendo adotadas para reverter a decisão.
Maiclerson chegou a ser preso, mas conseguiu liberdade condicional em abril deste ano mediante o cumprimento de medidas cautelares como encontrar um trabalho em 90 dias, não mudar de endereço – a casa dos pais em Batatais – e permanecer em casa das 21h às 6h.
🔎Em abril do ano passado, Ana e Maiclerson foram condenados a nove anos de prisão por envolvimento em um esquema fraudulento de empréstimos consignados para lavar dinheiro. Mais tarde, a pena seria ampliada pelo Tribunal de Justiça para 13 anos. Além da prisão, a Justiça confiscou R$ 11,4 milhões do patrimônio do casal.
🔎As investigações apontaram que o casal fechava contratos em nome de terceiros sem o consentimento deles. As autoridades indicaram nesse contexto práticas como aquisição de dados indevidos no sistema previdenciário por meio de hackers, saques em valores expressivos e movimentações incompatíveis com a renda declarada.
Fachada da Wowe, empresa pertencente a Ana Pink, em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/EPTV
As investigações e a prisão domiciliar
Em março de 2022, quando ainda era investigada, Ana Pink foi alvo de uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e chegou a ser levada para a Penitenciária de Guariba (SP), mas a defesa conseguiu que ela cumprisse a pena em casa por conta dos filhos menores de 12 anos.
Em agosto, a Justiça expediu um novo mandado de prisão preventiva, após uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, reforçada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas Ana não foi encontrada no condomínio em que morava e passou a ser considerada foragida. Nesse período, ela chegou a postar fotos nas redes sociais e, mesmo nessa condição, prestou depoimento em audiência virtual.
Em setembro de 2022, mesmo ainda foragida, Ana Pink conseguiu reverter a prisão preventiva e retomar o direito à prisão domiciliar por um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O órgão considerou que, entre outros fatores, a prisão era uma medida extrema, que Ana era ré primária, tem filhos menores de 12 anos e endereço fixo.
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Mas, para isso, foram estabelecidas algumas condições, entre elas a permanência dela em casa em tempo integral, com saídas permitdas apenas por questões de saúde e compromissos escolares dos filhos.
Além disso, a Justiça determinou que os horários de entrada e saída dela deveriam ser detalhadamente registrados pelo condomínio em que ela mora.
Registros de condomínio em que Ana Pink morava mostram entradas e saídas incompatíveis com determinações da Justiça.
Reprodução/EPTV
O descumprimento das cautelares
Segundo o Ministério Público, os registros de entrada e saída do condomínio na zona sul da cidade evidenciam que a influenciadora desrespeitou as condições impostas pela Justiça reiteradas vezes e sem justificativas entre fevereiro e julho deste ano.
De acordo com a Promotoria, constam ao menos 33 saídas em feriados e fins de semana e outras 33 com entradas e saídas à noite ou de madrugada. Entre eles, consta a chegada dela ao condomínio às 23h38 de 3 de março de 2025, no Carnaval.
Condomínio onde Ana Pink morava registrou entradas e saídas durante período de prisão domiciliar da influenciadora em Ribeirão Preto (SP).
Reprodução/EPTV
Além disso, as autoridades apontaram que em 28 situações diferentes, ela permaneceu fora de casa por mais de duas horas. No dia 20 de junho, por exemplo, ela saiu do condomínio pouco antes das 10h e somente voltou depois das 20h.
Além disso, o MP informou ter apurado que não era Ana Paula quem levava os filhos para a escola, mas sim os irmãos mais velhos, o que enfraquece o argumento de que ela teria que permanecer em casa para cuidar das crianças.
A Promotoria ainda argumentou que os descumprimentos das cautelares não podem ser ignorados, porque, em uma eventual execução de pena, o tempo de prisão domiciliar é descontado.
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