
Obras de Elisa Arruda e Henrique Montagne
Divulgação
A exposição coletiva “Desenho, Desenho, Desenho & Desenho” reúne trabalhos de artistas do Pará de diferentes gerações e propõe um diálogo entre o pioneirismo de Ismael Nery, que estreou na capital em 1928, e a produção contemporânea de nomes como Pedro Morbach, Tadeu Lobato, Elisa Arruda, Erinaldo Cirino, Keyla Sobral e Henrique Montagne, também curador da mostra. A abertura será no sábado (23), na ELF Galeria, em Belém.
O título repetitivo da exposição é intencional. “Pra grudar na mente e não esquecer”, explica Montagne, lembrando a importância do desenho como forma de expressão e resistência. “O desenho é a materialização do instinto primitivo de gravar o que se sente — como sinais de fogo — entre traços e linhas, sombras e vazios”, afirma o curador.
Traços plurais
A coletiva apresenta obras que exploram técnicas e temáticas diversas. Morbach utiliza o nanquim de forma expressiva; Lobato transita entre a vida e a morte em técnicas mistas; Sobral trabalha com desenho digital e pequenas sátiras animadas; Cirino borda o erotismo em panos delicados; Arruda investiga memória, autodescoberta e mulheridade; e Montagne aborda masculinidades dissidentes, narrativas queer e vida homossexual.
A mostra também presta homenagem a Ismael Nery, cuja trajetória só ganhou reconhecimento após a morte. Em sua primeira exposição individual, em Belém, em 1928, nenhum desenho foi vendido, mas seu trabalho ajudou a consolidar o desenho moderno e o surrealismo no país.
Para Montagne, o desenho é gesto pessoal e, ao mesmo tempo, instrumento social de memória e crítica. A exposição convida o público a olhar o Pará não apenas pelos clichês usuais, mas como espaço de desejo, criação e narrativa.
Serviço:
Exposição coletiva “Desenho, Desenho, Desenho & Desenho”, na ELF Galeria, localizada na Passagem Bolonha, 60 – Nazaré. Abertura da mostra: Abertura: 23 de agosto, das 10h às 14h. Visitação: Terça a sexta, das 14h às 18h; sábado, das 10h às 14h (exceto feriados)