Obstetras do Imip ameaçam se demitir e MPPE dá 5 dias para que hospital apresente medidas para evitar ‘grave prejuízo à assistência’


Obstetras do Imip ameaçam se demitir e pedem melhores condições de trabalho
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou um procedimento para investigar uma carta de intenção de demissão coletiva assinada por 48 médicos obstetras que atuam na maternidade de alto risco do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, área central do Recife.
Com a carta, os médicos denunciaram sobrecarga de trabalho, dificuldades estruturais e baixa remuneração enfrentadas no serviço. De acordo com o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), profissionais vêm sofrendo com síndrome de burnout, exaustão crônica ligada ao trabalho.
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A investigação foi instaurada na segunda-feira (18), pela promotora Helena Capela, da 34ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania da Capital, que atua na Promoção e Defesa da Saúde.
Ela enviou um ofício à diretora-superintendente do Imip, Teresa Campos, considerando a “necessidade de intervenção ministerial para apurar as medidas adotadas pelo poder público para evitar o risco de grave prejuízo à assistência”.
No documento, Helena Capela pede que o hospital informe, em até cinco dias, quais medidas foram adotadas para manter o atendimento à população usuária do Sistema Único de Saúde (SUS).
O Imip é uma entidade filantrópica e um dos principais hospitais de referência do Brasil, com capacidade para lidar com casos de alto risco. Somente em 2024, foram feitos quase 5 mil partos no complexo hospitalar, e mais de 1 milhão de consultas, cirurgias, transplantes e outros procedimentos.
O Simepe publicou uma nota em que manifesta “total apoio e solidariedade” aos obstetras do Imip, e diz que o movimento “é consequência direta da falta de valorização profissional, da sobrecarga de trabalho, das dificuldades estruturais e da baixa remuneração enfrentadas no serviço”.
O sindicato também afirmou que, desde novembro de 2024, tem realizado assembleias com a categoria e reuniões com o Imip para tratar da situação. Em fevereiro de 2025, foi contratado um médico para o plantão diurno, de segunda a sexta, mas a medida foi considerada insuficiente pelo sindicato.
“A medida está muito aquém da real necessidade do serviço, não atendendo ao que determinam os normativos éticos do Conselho de Classe e mantendo a sobrecarga das equipes, que já sofrem com síndrome de burnout”, afirmou o sindicato, que informou já ter notificado o Ministério Público do Trabalho, o MPPE e o Conselho Regional de Medicina (Cremepe).
Na segunda-feira, o Imip informou que estava em diálogo com o Simepe para atender as demandas dos obstetras, e que criou um grupo de trabalho para tentar construir soluções. O g1 entrou em contato com o instituto para obter informações sobre a investigação do Ministério Público, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
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