
O Rio Verde, um dos principais mananciais do Sul de Minas e responsável pelo abastecimento de diversas cidades da região, preocupa ambientalistas diante da crescente degradação. Além da poluição com lixo e esgoto, ativistas denunciam o aumento da presença de dragas usadas no garimpo ilegal de ouro e outros metais.
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O rio nasce na Serra da Mantiqueira, entre Itanhandu e Passa Quatro, e deságua no Lago de Furnas, entre Três Pontas e Eloi Mendes. São 220 quilômetros de extensão e quase 7 mil quilômetros quadrados de área de drenagem, passando por 31 municípios.
Segundo o ambientalista Ronipeterson Landin, que já fez seis expedições pelo rio, o acúmulo de resíduos segue sendo um dos maiores problemas.
“Encontramos geladeira, fogão, cama, televisão, garrafas pets e isopor. A situação do Rio Verde só tem piorado. Muitas cidades ainda despejam esgoto in natura diretamente no rio”, disse.
Ambientalistas alertam para degradação do Rio Verde e avanço do garimpo ilegal no Sul de MG
Reprodução EPTV
Garimpo ilegal de ouro
Outro ponto de alerta é a atividade ilegal do garimpo. Ambientalistas afirmam que a presença de dragas tem aumentado nos últimos meses, agravando os impactos ambientais.
“Essas dragas sugam a areia do leito, separam o minério e devolvem o rejeito nas margens, em áreas de preservação. Isso prejudica a fauna, a flora e compromete o equilíbrio do rio, que está pedindo socorro”, disse o ambientalista.
A Polícia Federal investiga o garimpo ilegal na região. No início de agosto, uma operação com apoio da Polícia Militar Ambiental, Ibama e Agência Nacional de Mineração fiscalizou 15 pontos do Rio Verde. Mais de R$ 2,5 milhões em multas foram aplicados, 13 trabalhadores foram detidos e uma draga foi apreendida. Outras 12 foram destruídas.
Na última semana, sete pessoas foram presas em flagrante em Conceição do Rio Verde por prática de garimpo ilegal. Um alojamento usado pelos trabalhadores foi localizado, além de mercúrio e pequena quantidade de ouro. O mercúrio, segundo especialistas, é altamente tóxico e pode contaminar a água e os peixes, trazendo risco à saúde humana.
Garimpo ilegal é alvo de operação com dragas destruídas e R$ 2,6 milhões em multas no Sul de MG
Polícia Militar de Meio Ambiente
De acordo com o sargento da Polícia Militar do Meio Ambiente, Diogo Daniel Sales Ferreira, o uso da substância preocupa.
“Aqui dentro do rio, de uma forma ilegal, muitas vezes ele vai misturar o mercúrio no material, coloca um fogo e às vezes esse mercúrio com fogo ele sobe até no meio ambiente, vai subindo ou ele às vezes derrama no chão ou às vezes derrama na água, contamina a água, vai contaminar os peixes, vai gerar toda uma degradação mas não é só isso, tem a questão também do assoreamento”, explicou.
O professor Alexandre Augusto Barbosa, doutor em engenharia ambiental do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá, alerta que os impactos podem ser sentidos em pouco tempo.
“Os metais pesados não são removidos nos tratamentos comuns de água. O mercúrio se acumula nas células humanas e pode causar doenças graves, como o câncer”, disse.
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