
Primeira Marcha para Exu de Recife tem bonecos gigantes de orixás
Adeptos de religiões de matriz africana se reuniram no Bairro do Recife, neste domingo (24), na primeira Marcha para Exu realizada em Pernambuco, para combater o preconceito religioso e diferenciar o orixá da ideia cristã de “demônio”. O percurso teve um desfile de bonecos gigantes de orixás (veja vídeo acima).
“Na verdade, a nossa religião não tem inferno e não tem demônios. Nós cultuamos a natureza”, disse Renato Fonseca, criador da página “Macumba Ordinária” e idealizador da marcha no Recife.
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O movimento é inspirado na Marcha para Exu que acontece em São Paulo desde 2023, e busca ser uma manifestação política em defesa do direito à liberdade religiosa dos praticantes da umbanda, do candomblé, e de outras religiões de matriz africana.
“O objetivo da marcha é acabar com esse preconceito e essa intolerância que a nossa religião sofre. E gritar para todo mundo que Exu não é o diabo. Exu é o senhor do caminho, Exu é benevolência. A palavra Exu quer dizer espera aquele que não tem forma”, afirmou o juremeiro Lenine.
Com concentração no Marco Zero, a marcha saiu em caminhada pelo bairro do Recife, até terminar na Praça do Arsenal. Durante o percurso, foram celebradas todas as representações de Exu, em várias tradições religiosas.
Bonecos gigantes de orixás participam da primeira Marcha para Exu do Recife.
Reprodução/TV Globo
A maioria das pessoas que acompanharam o percurso vestia roupas vermelhas e pretas, cores associadas ao orixá.
De acordo com Renato Fonseca, o dia 24 de agosto é uma das datas em que Exu é cultuado, por ser considerado um dia com uma grande concentração de energias.
“Exu é o orixá da comunicação, o orixá mais próximo do ser humano. É aquele que abre os caminhos, mas que também pode fechar. A gente costuma dizer que ele é o orixá mensageiro. Ele que vai levar o recado para os outros orixás que nós estamos cultuando eles aqui na terra”, disse Fonseca.
Para a juremeira e ialorixá Ladjane de Oyá, a marcha é importante para as pessoas que fazem parte das tradições negras. “O direito de estar na rua é um direito que é de todo mundo e que é nosso também; de cultuar o nosso sagrado dentro e fora de nossas casas, com muita gratidão”, afirmou.
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