
Eduardo Almeida saiu da segurança da carteira registrada para abrir o negócio próprio de produtos naturais em Porto Feliz (SP), aos 55 anos: realização pessoal
Eduardo Almeida/Arquivo pessoal
Experiência e conhecimento são considerados vantagens das pessoas que começam um empreendimento a partir dos 50 anos, fenômeno cada vez mais comum entre os brasileiros. O país conta com quase 4 milhões de microempreendedores maduros, conforme dados da Receita Federal.
Em Porto Feliz (SP), Eduardo Aparecido de Almeida é uma dessas pessoas. Em 2023, aos 55 anos, o engenheiro de produção se viu estagnado no cargo de gerente operacional e resolveu enveredar por uma área totalmente diferente, abrindo uma loja de produtos naturais.
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“Quando a gente tem maturidade, não se satisfaz mais com rotina profissional. Sentia que só uns 30% da minha capacidade eram aproveitados. Isso me incomodava, especialmente não ter controle sobre os rumos da empresa”, explica Eduardo, em entrevista ao g1.
Hoje, com 57 anos, acaba de abrir a segunda unidade e tem planos de avançar ainda mais. “Minha ideia é abrir uma filial por ano”, afirma. “É uma realização pessoal”, diz.
Eduardo confessa ao g1 que foi difícil tomar a decisão de deixar a CLT de lado para virar Microempreendedor Individual (MEI).
“Aventurar-se num negócio sem garantia de que pode dar certo é difícil mesmo. Olhando para trás, percebo como foi uma loucura”, declara, rindo.
Nessas horas, ele ressalta a importância do apoio familiar. Deixar um legado para as duas filhas, aliás, foi outro motivo para ter iniciado o próprio empreendimento. “Quando a gente é empregado, não consegue deixar nada, exceto algum dinheiro”, comenta.
Maria Eduarda e Ana Elisa tocam o negócio de cereais e outros alimentos junto ao pai. “O que mais me inspira é a persistência dele e a capacidade de se reinventar”, diz Maria, a mais velha, encarregada do design das lojas e da gestão.
Sem dinheiro para abrir o empreendimento, Eduardo se valeu de recursos do Banco do Povo Paulista, programa estadual de crédito destinado a micro, pequenos e médios empresários.
Apesar de trabalhar quase 14 horas à frente do próprio negócio, Eduardo afirma que é gratificante. “Hoje, sinto que todo o meu conhecimento é aplicado no empreendimento. Se puder, sigo assim até os 90 anos de idade”, afirma.
MEIs na maturidade
Com mais de 16,5 milhões de microempreendedores individuais, o Brasil registra mais de 2,6 milhões de pessoas entre 51 e 60 anos à frente do próprio negócio, conforme dados da Receita Federal. Na faixa etária a partir dos 61 anos, há quase 1,3 milhão de MEIs ativos, de acordo com dados de meados de agosto.
Em Sorocaba, o número de empreendedores maduros entre o total de 84.425 registros é o seguinte:
13.561 – 51 a 60 anos;
5.492 – 61 a 70 anos;
1.005 – acima de 70 anos.
Benedito da Silva, de Sorocaba (SP), entrou na apicultura aos 57 anos: hoje, com 77 anos, comercializa mel e derivados nas feiras livres
Reprodução/TV TEM
Ir à luta
“Se você pode trabalhar, e seu objetivo é esse, vá à luta. Tem que correr atrás”, afirma à TV TEM o apicultor Benedito Vitor da Silva, 77 anos, de Sorocaba (SP), que também iniciou seu empreendimento na maturidade, aos 57 anos.
O apicultor é um dedicado comerciante de mel e derivados, saindo de casa de madrugada, quase todo dia, para levar os produtos para as feiras livres de Sorocaba. No empreendimento, conta com a ajuda da esposa Eni dos Reis, de 73 anos.
“Sirvo aos meus clientes e eles me servem. Porque quem paga as minhas contas são eles”, declara Benedito.
Número de idosos empreendedores aumenta
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