Blitz da Lei Seca em SP caem 40%, e especialistas veem maior risco de acidentes


Número de blitz da Lei Seca em SP cai mais de 40% em dois anos
O número de operações da Lei Seca realizadas pela Polícia Militar em São Paulo caiu mais de 40% entre 2023 e 2024.
Com isso, também houve redução nos testes de bafômetro: foram 15% a menos no mesmo período. Para especialistas, a diminuição da fiscalização pode estar ligada ao aumento de acidentes e mortes no trânsito.
A equipe da TV Globo circulou neste último final de semana pelas principais vias e bairros boêmios da capital na busca por operações. Foram cerca de 200 km percorridos entre as noites de sexta, sábado e a madrugada de domingo.
Nas ruas, a equipe de reportagem encontrou apenas uma blitz localizada na rua Tuiuti, no bairro do Tatuapé, Zona Leste de São Paulo.
Mas, segundo a Polícia Militar, neste final de semana foram feitas 39 blitz e operações com 3.282 condutores submetidos ao teste do etilômetro e 276 condutores autuados.
Cai o número de blitz da Lei Seca realizada na capital paulista.
Reprodução
O comandante do policiamento de trânsito da PM, coronel Marcos Rogério da Cunha, afirmou que a redução nas operações ocorreu porque o foco foi direcionado para os motociclistas.
“Hoje eles [motociclistas] representam 50% das mortes no trânsito da capital. Migramos parte da fiscalização da alcoolemia para as motos, sem prejuízo a outros indicadores”, disse em entrevista ao Bom Dia São Paulo.
O pesquisador e professor de Engenharia de Transportes da Unicamp Luiz Vicente Figueira de Mello, afirmou que a diminuição das blitz implica no aumento os casos de acidentes.
“Quando se reduz a presença de blitz, o risco de acidente aumenta. São mais sinistros, mortes e sequelas que impactam a vida de muitas pessoas na cidade”.
A toxicologista Paula Carpes reforça que não existe dose segura para quem pretende dirigir após beber. “Qualquer concentração de álcool já causa depressão do sistema nervoso central e diminui reflexos. Uma única lata de cerveja, por exemplo, já pode trazer problemas”, diz.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública disse que realiza operações nos locais e horários de maior probabilidade das pessoas beberem e dirigirem, principalmente nos grandes corredores que ligam as regiões boêmias da capital.
E complementou ao dizer que “as ações feitas reforçam compromisso com a segurança e preservação de vidas.”
Há quase um ano
A assistente social Andréa Peres Barbosa perdeu o filho, Kaíke Peres Santana, de 16 anos, em agosto do ano passado, na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo.
Ele e o amigo Heros Alcondas Abreu, de 15, foram atropelados enquanto estavam na calçada a caminho de um jogo de futebol. O motorista Sérgio Roberto de Paula, que estava bêbado, atingiu os dois.
“Meu filho era estudioso, amigo de todos e sonhava em ser cardiologista. Ele só queria jogar bola naquela manhã. Infelizmente, encontrou um motorista bêbado pelo caminho, que destruiu os sonhos dele e da nossa família”, lamentou Andréa.
O motorista foi solto em audiência de custódia, após pagamento de fiança, e ainda não foi julgado.
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