Influenciador Jon Vlogs gera polêmica ao pular dentro de viveiro de peixes para pescar pirarucu em Manaus


Vídeo de influenciador Jon Vlogs pescando pirarucus em viveiro de Manaus gera polêmica
O influenciador Luan Kovarik, conhecido como Jon Vlogs, gerou polêmica nas redes sociais após pular dentro de um viveiro de peixes para participar de uma pescaria de pirarucus em um restaurante flutuante de Manaus, na segunda-feira (25). O vídeo da atividade dividiu opiniões: alguns apoiaram a experiência, enquanto outros consideraram a prática desrespeitosa aos animais. Veja o vídeo acima.
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Jon está em viagem turística na capital amazonense, acompanhado do biólogo e apresentador Richard Rasmussen. Nas imagens, ele aparece dentro do viveiro, junto aos amigos, tentando capturar o peixe com uma rede conhecida como rapixé.
Em um trecho do vídeo, o grupo consegue se aproximar do pirarucu, que salta da água em uma tentativa de fuga. Na sequência, já em outro corte, os homens não conseguem capturar o peixe, que acaba sendo contido por uma das instrutoras com a ajuda de Rasmussen.
O vídeo viralizou e provocou debates. Parte do público criticou a prática por expor os animais ao estresse, enquanto apoiadores defenderam a atividade como uma forma de atrair visitantes para a região. Ainda na noite de segunda (25), Richard Rasmussen comentou as críticas.
“Só que os ‘mimizentos’ estão ali falando um monte de coisa, que é aquele velho romantismo de conservação, entendeu? Coitadinho do bicho! Coitadinho de nós que estamos aqui todos os dias tentando sobreviver”, disse.
O biólogo defendeu ainda que os manauaras deveriam respeitar a prática, que segundo ele seria uma grande “janela” para pessoas de fora ouvirem falar da capital amazonense.
O g1 procurou Jon Vlogs e Richard Rasmussen para comentar o caso, mas até a atualização mais recente desta reportagem não houve resposta.
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Como funciona a pescaria no flutuante
Em entrevista ao g1, Izadora Almeida, gerente do restaurante flutuante onde Jon Vlogs e os amigos estavam, explicou que a atividade é opcional e cobrada à parte.
“Então, quando você entra dentro do tanque do pirarucu, a gente dá uma rede que se chama rapixé na mão de quem quer pegar o pirarucu. Se caso não conseguir, a gente ajuda, que nem aconteceu no vídeo”, contou.
Segundo ela, antes de entrar no tanque os visitantes são informados dos riscos e precisam assinar um termo de responsabilidade.
“A gente sempre avisa que não se responsabiliza por nada. Mesmo assim as pessoas querem entrar, como o Jon. Foi avisado que a gente não se responsabilizaria por nenhum dano, e ele disse que não teria problema”, afirmou.
Izadora disse ainda que todo o processo é gravado, registrando que o visitante assume os riscos. “Por muitas das vezes também a gente grava. Sai na gravação a pessoa falando que se responsabiliza”, explicou.
A gerente reforçou que a prática já acontece há cerca de 20 anos no local.
“O proprietário já trabalha há 20 anos com essa simulação da pesca. Vale lembrar que nós temos todas as documentações em mão, não tem problema algum filmar, postar, porque tudo é documentado”, afirmou.
Influenciador Jon Vlogs e amigos em pescaria dentro de tanque com pirarucus
Reprodução/Redes Sociais
Especialista critica
Para o doutor em ecologia aquática Edinbergh Caldas de Oliveira, a prática causa prejuízo ao animal.
“Infelizmente essa prática tende ao sensacionalismo e é muito prejudicial ao peixe, causando um estresse muito grande”, afirmou.
Ele explicou que o pirarucu sofre alterações fisiológicas com a atividade. “Aumenta o batimento cardíaco e libera substâncias tóxicas e prejudiciais ao peixe”, explicou.
O pesquisador também condenou a forma como a atividade foi exposta.
“Não se faz isso aqui na região! Lamentavelmente é invenção desse repórter sensacionalista que já não é bem-vindo em vários interiores do Amazonas e Pará por conta da forma antiética que ele tem de trabalhar. Ele já usou várias espécies da nossa fauna para fazer vídeos”, declarou.
Segundo ele, os animais merecem respeito e a prática deveria ser denunciada. “Ele deveria ser denunciado por maus-tratos aos animais, os quais merecem respeito por lei! Infelizmente, por ser peixe, as pessoas pensam que não sentem, mas eles sofrem e se estressam também com essa ‘brincadeira’ de péssimo gosto”, concluiu.
Ao g1, o superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Amazonas, Joel Araújo, disse que o órgão já teve acesso ao vídeo e iniciou apuração.
“Nós tivemos conhecimento do vídeo que está circulando nas redes sociais. Em princípio, aquela atividade de pesca turística provavelmente não possui licença, e isso já é um problema. Além disso, o contato direto e a manipulação do animal configuram, a meu ver, maus-tratos”, afirmou.
Segundo ele, a prática será investigada. “Já repassamos o caso para a equipe de fiscalização e estamos identificando as pessoas. Sendo configurada infração ambiental ou crime ambiental, serão tomadas as providências previstas na Lei de Crimes Ambientais e no decreto 6.514, que regulamenta a fiscalização ambiental”, completou.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semmas) para saber se esse tipo de pescaria é fiscalizada na região, mas não obteve retorno até a atualização mais recente desta reportagem.
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