Hospital católico na Alemanha proíbe abortos


Hospital católico na Alemanha proíbe abortos
Um hospital católico proibiu abortos e causou revolta na Alemanha. Centenas de mulheres protestaram. E um médico-chefe processou o hospital.
A nova administração católica do local resolveu proibir a interrupção de gestações mesmo em caso de indicação médica.
“Pode ser que eu tenha que dar à luz um bebê natimorto de qualquer maneira. Seria ruim se eu ainda tivesse que viajar para isso. Aqui, eu tenho segurança. É exatamente disso que eu preciso. Eu preciso de segurança”, diz a alemã Kristin.
O bebê dela foi diagnosticado com trissomia 13, que provoca incapacidade intelectual grave e anomalias físicas.
Joachim Volz é médico-chefe do departamento de ginecologia do hospital há 13 anos. Ele e sua equipe já realizaram abortos por indicação médica.
“Nesses casos, damos à mãe a opção de continuar ou interromper a gravidez”, afirma o ginecologista.
Ele entrou com uma ação judicial contra os privilégios especiais da Igreja no tribunal do trabalho.
Embora o aborto seja considerado ilegal na Alemanha, ele não é punível em determinadas exceções previstas no Código Penal.
Na prática, isso significa que a interrupção da gravidez é permitida durante as primeiras 12 semanas de gestação, desde que sejam cumpridos alguns requisitos. Que incluem uma sessão de aconselhamento obrigatório, razões médicas ou casos envolvendo atos criminais.
Cartaz escrito ‘mantenha o aborto legalizado’ é segurado sobre placa dizendo ‘parem com o aborto’ durante protesto em Nova York no dia 14 de maio de 2022.
Jeenah Moon/AP
“Por uma questão de princípio, quero deixar claro que não deveria ser possível, em nosso país, que procedimentos legais e medicamente indicados sejam proibidos”, diz Volz.
Mais de 200 mil pessoas assinaram uma petição em apoio ao médico. Mas a Igreja Católica reforçou que só permite o aborto se a vida da mãe estiver em perigo imediato.
“Nossa postura ética é não interferir em decisões pessoais, mas sim expressar uma visão de humanidade que concede dignidade e proteção a todas as vidas, desde a concepção”, declarou a Arquidiocese de Paderborn.
A Justiça do Trabalho decidiu a favor da Igreja Católica. Argumentando que, como administradora do hospital, a Igreja tem o direito de proibir o aborto no local. O médico pretende recorrer da decisão.
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