Oposição aposta em Tarcísio para aprovar anistia; governador tenta convencer Motta a pautar projeto


Filiação de Tarcísio ao PL depende do plano para 2026, avaliam aliados
Em uma semana decisiva para o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que será julgado pela tentativa de golpe de Estado pelo Supremo Tribunal Federal, a oposição no Congresso Nacional conta com a articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para aprovar um projeto de anistia.
Do lado do governo, ministros palacianos acreditam na existência de um “acordo secreto” entre Bolsonaro e Tarcísio para que o ex-presidente apoie a candidatura presidencial do governador em 2026 em troca de um indulto.
O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), disse que a proposta da anistia voltará a ser prioridade do partido e deve levar o tema para discussão na reunião de líderes na terça-feira (2).
Segundo o deputado federal, uma das estratégias para avançar com o projeto é a ajuda do governador, que se comprometeu a conversar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Tarcísio trabalha para convencer Motta a pautar o assunto.
Foto de 15/08/2025 – O governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos)
Miguel Pessoa/Código 19/Estadão Conteúdo
Além de Motta, o governador também se comprometeu a conversar com o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PP), e o presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP).
Com este último, aliás, a conversa ocorreu nesta segunda-feira (1º). Em uma rede social, Pereira publicou uma foto ao lado do governador – que é filiado ao seu partido.
“Café da manhã com o nosso governador Tarcísio de Freitas. No cardápio do dia: anistia”, afirmou o parlamentar no post.
A oposição avalia que a articulação do governador dará fôlego à proposta de anistia, principalmente em um momento em que o nome de Tarcísio cresce como possível candidato ao do Planalto em uma articulação de partidos de direita e do Centrão.
Aliados de Tarcísio dizem que ele é “totalmente a favor” do projeto e está trabalhando para que o texto seja levado à votação no Congresso, onde ele acredita que a proposta tem votos para ser aprovada.
Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, e o presidente do Republicanos, Marcos Pereira
Reprodução/Instagram
Avaliação do governo
Ministros próximos ao presidente Lula têm visto sinais de que Bolsonaro condiciona o apoio à candidatura de Tarcísio em troca de um possível indulto presidencial.
Eles citam, por exemplo, os recentes encontros dos dois, incluindo a visita de Tarcísio a Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.
Na avaliação destes interlocutores de Lula, o suposto acordo não foi divulgado para não melindrar os filhos de Bolsonaro e não expor, antes da hora, o desejo de Tarcísio de ser candidato.
Para o entorno de Lula, Tarcísio quer ser candidato à Presidência da República e outros nomes da direita não terão força para viabilizar uma candidatura competitiva. Com base nessa avaliação, o próprio presidente tem dito que Tarcísio será candidato.
Na semana passada, o governador de São Paulo disse, em entrevista ao Diário do Grande ABC, que seu primeiro ato como presidente da República seria dar um indulto a Bolsonaro.
Em resposta à entrevista, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman (PT), chamou o governador de “candidato fantoche que só pensa em servir aos interesses do seu chefe” e disse que Tarcísio não respeita a Justiça e o Estado de direito.
Do lado da oposição, lideranças dizem que “qualquer candidato da direita dará indulto ao Bolsonaro”. A leitura no entorno de Bolsonaro é que Tarcísio só será candidato à Presidência se houver um pedido do ex-presidente – o que ainda não ocorreu.
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