
Carlos Veiga Filho, professor de teatro preso preso e condenado por abusos sexuais de três alunos; defesa vai recorrer da sentença
Reprodução/TV Globo
Condenado por abusar sexualmente de três alunos em Serra Negra (SP), o professor Carlos Veiga Filho teve a pena ampliada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para 51 anos e 4 meses em regime fechado. A informação foi confirmada pelo advogado do réu, que disse que irá recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A decisão reformou sentença de 1ª instância, quando o professor havia sido condenado a 40 anos – ele está preso desde 11 de junho de 2024.
O advogado Jhonatan Wilke afirmou que o acórdão proferido pelo TJ “carece de elementos técnicos imprescindíveis”, e reforçou que trabalha pela absolvição do professor.
Denúncias no Fantástico
Carlos Veiga Filho foi acusado pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pelos estupros de três alunos de 12, 13 e 14 anos da escola particular Libere Vivere, que procurou a polícia para denunciar os abusos.
A prisão do professor de teatro ganhou repercussão nacional após o Fantástico ouvir relatos de ex-alunos de um colégio de elite de São Paulo (SP) em que também acusam Veiga Filho de abusos sexuais na década de 1990. Esses casos não são apurados no processo de Serra Negra. Assista abaixo.
Ex-alunos de uma escola tradicional de São Paulo acusam um professor de teatro de abusos sexuais
Acusações em Serra Negra
Carlos Veiga se mudou para Serra Negra em 2003, após ser demitido da Colégio Rio Branco em São Paulo. Na cidade, ele reabriu uma empresa de organização de acampamentos e continuou dando aulas de teatro.
Em 2023, três alunos da escola particular Libere Vivere denunciaram Veiga para a direção da instituição, que procurou a polícia – ele já havia sido demitido pelo colégio.
Segundo as investigações, o modo de agir era o mesmo da época do Rio Branco: Veiga tirava fotos de alunos nus e tocava na região genital deles.
Em abril de 2024, a pedido da polícia e do Ministério Público, a Justiça decretou a prisão de Carlos Veiga Filho – que sumiu de Serra Negra e foi preso apenas em junho, a 115 km de distância, em Hortolândia (SP).
Ele responde por estupro de vulnerável e produção de imagens pornográficas de adolescentes.
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Roteiro de abusos
Ex-alunos de Veiga Filho ouvidos pelo Fantástico acusaram o professor de abusar deles sexualmente em rituais durante acompanhamentos.
“Ele fazia um discurso, falava sobre ser uma pessoa boa e pedia para tirarem as roupas. Com todo mundo nu, ele ia tirando as fotos enquanto a gente se pintava com guache no corpo”, conta Cesar Resende, advogado de 42 anos.
Em 1995, Cesar foi vítima de seu professor de teatro aos 13 anos, no Colégio Rio Branco, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo – onde este professor lecionou durante 17 anos, entre 1986 e 2003, quando foi demitido pela instituição.
Primeiras denúncias
Cesar relata que nas excursões escolares havia rituais para definir quem seriam os alunos monitores das viagens. Um desses rituais exigia um pacto de silêncio: segundo Cesar, depois de colocar todas as demais crianças do acampamento para dormir, Carlos Veiga pedia aos alunos monitores para ficarem nus e se pintassem – e, então, ele tirava fotos.
Um outro ex-aluno do Colégio Rio Branco, que não quis se identificar, afirma que Veiga guardava em casa um livro com as fotos. “Eu vi inúmeras crianças peladas de diversas gerações”.
Este ex-aluno acusou ainda Veiga de abusar sexualmente dele e de outros alunos.
“Ele propõe de dar um passe na gente, seria para limpar energia e energizar os chacras. Ele tocando na gente pelado, com essa história aí de chacra, tem um que se concentra bem na região genital, e ele ficava lá um tempão com a mão na gente”, relata.
O Fantástico conversou com 30 pessoas sobre os abusos no Rio Branco, 22 afirmaram ser vítimas de Carlos Veiga Filho.
Os responsáveis pelo Colégio Rio Branco afirmam que “compartilham do sentimento coletivo de repulsa por toda e qualquer conduta desta natureza”.
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