Tarifaço de Trump: polo têxtil do interior de SP prevê ‘efeito dominó’ com perda de competitividade e perda de investimentos


Tarifaço do Trump: setor têxtil da região de Campinas pode sofrer impactos em exportações
As tarifas de importação de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros entram em vigor nesta quarta-feira (6). A medida faz o Brasil pagar a mais alta taxa do mundo para entrar nos EUA. O setor têxtil da região de Piracicaba (SP), com mais de 1,5 mil empresas em cidades como Nova Odessa (SP), Santa Bárbara d’Oeste (SP) e, também Americana (SP), é diretamente impactado pela decisão.
O polo têxtil da região de Piracicaba já sente impactos e prevê perda de competitividade e corte de investimentos.
Em Nova Odessa (SP), um indústria de tecidos para colchões já sente os impactos. A fábrica pertence a uma multinacional belga do setor e, após a taxação, perdeu a chance de abastecer o mercado norte-americano, que agora passa a comprar do país vizinho, a Argentina.
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Segundo gerente geral da unidade da indústria em Nova Odessa, Lars Müller, isso também pode gerar outros reflexos nas contratações, geração de empregos
“A Argentina é uma país que, aparentemente, está se alinhando mais com os Estados Unidos. O que pode surgir desse mapa é a chance de produzir [naquele país] qualquer demanda adicional que não possa ser atendida por uma outra planta onde não exista a taxa”, explica.
Tarifaço de Trump: polo têxtil da região de Piracicaba sente impactos e prevê perda de competitividade e corte de investimentos
Reprodução/EPTV
Decreto📝: O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou na última quarta-feira (30) um decreto que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%.
A medida, no entanto, prevê uma longa lista de exceções como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
Efeito dominó
O presidente do Sindicato das Indústrias de Tecelagem (Sinditec) da região, Leonardo de Sant’anna, explica que a medida por ter efeito dominó para as empresas do polo têxtil da região porque muitas fábricas fornecem itens manufaturados para exportadores brasileiros.
“Os tecidos fornecidos para o setor calçadista são, especialmente, forros e até [a base de] calçados produzidos com esse material. Empresas da nossa região fazem esse tecido que é enviado para a indústria exportadora. Por isso, os impactos serão sequenciais na cadeia”, explica.
Setor têxtil da região de Piracicaba sente impactos do tarifaço de Trump
Reprodução/EPTV
Perda de competitividade
O professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Rodrigo Lanna, ressalta que outros países se tornam mais competitivos que o Brasil após a taxação.
“Países como Vietnã, Malásia e Camboja, por exemplo, que terão tarifa bem menor que a do Brasil, em todo de 20%. A partir daí, o caminho natural que se coloca é a diversificação de mercados. Algo que não se consegue facilmente, principalmente neste setor têxtil, que oferece produtos sob medida”, detalhou.
Queda nos investimentos
Um último estudo feito pelo setor calculou uma produção 335 mil toneladas de artigos têxteis. Desse total, 112 mil toneladas foram feitas em cidades da região de Nova Odessa , Santa Bárbara d’Oeste, Americana e demais municípios do polo.
Os investimentos previstos para exportações no setor deverão ser impactados após a efetivação da taxa de 50%.
A empresa belga que investiu cerca de R$ 68 milhões na unidade de Nova Odessa afirma que o tarifaço representa uma barreira.
“Os investimentos poderiam chegar a R$ 80 milhões, mas diante desse cenário, fica completamente inviável”, alerta o gerente da unidade.
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Arte/g1
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