Irmão relata drama da família em não saber onde está corpo de empresário que desapareceu em SP: ‘Pior sensação do mundo’


Nelson Carreira Filho desapareceu em 16 de maio após suposta reunião em Cravinhos (SP) e investigações indicam que empresário foi morto e jogado no Rio Grande em Miguelópolis (SP). Buscas foram suspensas. Família de empresário morto em Cravinhos, SP, comenta crime após novidades da polícia
Um dos irmãos de Nelson Carreira Filho, desaparecido há mais de duas semanas, relata a angústia da família em ter quase como certa a informação de que o empresário foi morto, mas ao mesmo tempo não ter como velar o corpo, já que ele ainda não foi encontrado.
“Péssimo. A pior sensação do mundo é essa (…) Se você cai de moto, morreu, ou bate um carro e morre, você tem o corpo pra velar, e agora, você vai velar quem?”, diz o entrevistado, que preferiu não ser identificado.
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Nelson está desaparecido desde 16 de maio, quando viajou de São Paulo para Cravinhos (SP) para participar de uma reunião de negócios com Marlon Couto Paula Junior e Tadeu Almeida Silva, respectivamente dono e gerente de uma fábrica de suplementos alimentares em Cravinhos e investigados como cúmplices no homicídio.
Com perícias, laudos e depoimentos, as investigações da Polícia Civil apontam que o empresário foi assassinado por Marlon nesse encontro, por desavenças na venda de suplementos, e que o corpo, ocultado com ajuda de Tadeu, foi jogado no Rio Grande, em Miguelópolis (SP), na região de Ribeirão Preto (SP).
Até esta segunda-feira (2), no entanto, ele não tinha sido encontrado mesmo após buscas realizadas pelos bombeiros no fim de semana na região próxima ao rancho do empresário.
Dos investigados, apenas Tadeu foi preso, depois de se apresentar espontaneamente à polícia. Marlon e a mulher dele, Marcela Almeida, também investigada por envolvimento no caso, estão foragidos.
A defesa de Marlon informou não saber o paradeiro do casal. Em uma carta enviada à Polícia Civil, o dono da fábrica de suplementos confirmou ter matado Nelson, mas em legítima defesa. Ele também disse que está foragido porque foi ameaçado.
O empresário Nelson Francisco Carreira Filho desapareceu após reunião de trabalho na sexta (16); carro foi encontrado na manhã seguinte na Zona Norte de SP
Montagem g1/Reprodução
‘O que ele ganhou com isso?’
Desde o desaparecimento de Nelson, o irmão conta que a família toda tem sofrido muito. “Estou tomando remédio pra dormir, não consigo dormir, minha família é prova disso.”
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A filha de Nelson, uma criança de 10 anos, segundo ele, já entende o que aconteceu pelo que viu nas redes sociais e na televisão e chora todos os dias pela falta do pai. “Ele já acabou com a vida da minha sobrinha, ele acabou com a vida da minha cunhada, acabou com a gente no geral dos irmãos e dos sobrinhos.”
Não bastasse saber da provável morte do empresário, a família está angustiada com a falta de informações precisas sobre a localização do corpo e a possibilidade de ele nunca ser encontrado.
O Rio Grande, onde Marlon diz ter jogado o empresário, além de extenso, conta com muitos igarapés que dificultam as buscas, bem como piranhas.
“Eu queria saber desse cara, não entra na minha cabeça essa legítima defesa dele, não entra, quer dizer, qual foi o motivo pra ele jogar lá no meio da represa? O que ele ganhou com isso?”
O irmão também não entende por que o confesso autor do disparo viajou do interior paulista e foi até o apartamento da vítima na capital falar com a mulher da vítima mesmo tendo feito o que fez. Para a Polícia Civil, Marlon agiu dessa forma, ao demonstrar solidariedade pelo desaparecimento, para tentar não levantar suspeitas.
“Como você assassina um cara e vai na casa do cara à noite? Você olha a filha do cara à noite, a menina tem 10 anos, não entra isso na minha cabeça.”
Bombeiros fazem busca do corpo de Nelson Carreira Filho no Rio Grande, em Miguelópolis (SP).
Reprodução EPTV
Marlon não se apresentou por medo, diz advogado
Advogado de Marlon Couto e da mulher dele, Nathan Castelo Branco afirma não ter tido acesso ao paradeiro do casal, mas garante que tem mantido contato com o dono da fábrica de suplementos.
Segundo ele, Marlon ainda não se apresentou à polícia porque foi ameaçado, inclusive com uma tentativa de invasão da casa dele em um condomínio.
“É claro que o ideal seria a apresentação dele, isso, inclusive, já estava sendo conversado quando ele recebe essas ameaças. Essas ameaças, elas vêm para ele diretamente, também para membros da família dele. (…) Depois de ver o vídeo das pessoas tentando invadir a casa, em razão da quantidade e da seriedade das ameaças, ele resolveu não se apresentar por medo, por receio de, uma vez se apresentando, alguém poder fazer alguma coisa contra ele.”
O advogado afirma que Marlon ainda tem intenção de se apresentar, embora não dê uma previsão.
“Ele vai aguardar para verificar se futuramente, com, vamos dizer, uma averiguação, talvez, de quem o está ameaçando, de quem tentou invadir a sua casa, e isso deixando ele mais tranquilo, aí ele deve se apresentar.”
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