
Luiz Garnica e Elizabete Arrabaça foram presos após as mortes de Nathalia Garnica e Larissa Rodrigues, em Ribeirão Preto (SP). Suspeita se contradisse em interrogatório; assista. O médico Luiz Antonio Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça ribeirão preto
Arquivo pessoal
O médico Luiz Garnica acusou a mãe, Elizabete Arrabaça, de matar envenenadas a irmã e esposa dele, Nathalia Garnica e Larissa Rodrigues, respectivamente, em fevereiro e março deste ano em Ribeirão Preto (SP). A afirmação ocorreu nesta quarta-feira (25) durante um novo interrogatório de Luiz, que está preso por suspeita do crime contra Larissa.
Elizabete, que também está presa e foi interrogada na quarta, negou a participação em ambos os crimes. Exames periciais apontaram que tanto Nathalia quanto Larissa foram mortas por ingestão de “chumbinho”, veneno ilegal usado para matar ratos (veja abaixo detalhes).
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No trecho do interrogatório ao qual a EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso, Luiz afirma que a mãe matou a própria filha para ficar com uma herança a qual Nathalia teria direito. O médico também disse acreditar que Elizabete matou Larissa, mas sem detalhar as motivações.
Durante os esclarecimentos, que duraram cerca de duas horas, Garnica disse, ainda, que poderia ser a próxima vítima da mãe, também devido a questões patrimoniais e dívidas de Elizabete, que chegavam a R$ 320 mil.
“Acredito que, depois de tudo isso, eu seria o próximo, até pela quantia que ela precisava. Se ela teve coragem de matar a própria filha, que morou com ela a vida toda, qual a dificuldade de matar eu também? […] É muito difícil você pensar que a pessoa que te criou e criou suas irmãs é capaz de fazer uma coisa dessa, tanto com a própria filha ou a sua esposa”, afirmou à Polícia Civil.
Suspeita nega crimes, mas se contradiz
Elizabete Arrabaça, por sua vez, negou envolvimento nos crimes. O interrogatório dela ocorreu de maneira virtual, já que a suspeita está presa em Mogi Guaçu (SP). Na quarta, o advogado dela, Bruno Corrêa, abordou como a suspeita encontrou a filha morta.
“Ela esclarece que já estava na casa da filha, porque a filha estaria com dengue, então ela foi lá para ajudar a cuidar da filha. Durante o início da noite, ela ouviu a filha aparentemente engasgando, ela segue até o quarto, e a filha alega que teria engasgado ao tomar água. Então ela [Elizabete] sai e retorna mais à noite, onde a filha já estaria desfalecida”, afirma.
No início de junho, quando já estava presa, Elizabete escreveu uma carta para afirmar que a nora, Larissa, morreu após tomar um remédio que estava com veneno de rato na noite anterior à morte. De acordo com a suspeita, na carta, nem ela nem Larissa sabiam que o remédio estava com o veneno e que as duas tomaram por estarem com dor no estômago.
Além disso, na ocasião, Elizabete chegou a dizer que “a conclusão que cheguei nesses dias é de que Nathália havia colocado o veneno nas cápsulas de omeprazol”.
No entanto, no interrogatório desta quarta, a suspeita voltou atrás e descartou a possibilidade de a filha ter envenenado os medicamentos.
“A Nathalia tinha muito tremor. Ela tinha tremor nas duas mãos, eu tenho mais na direita e fraqueza na esquerda. Eu tive dengue na cadeia e pensava: ‘será que não tinha alguma coisa nesse remédio da Nathalia?’. Mas depois eu pensei bem e falei: ‘é impossível isso, não tem cabimento, porque a Nathalia não teria condição, pelo tremor dela, de pôr alguma coisa. Foi uma ilusão da minha cabeça”, citou.
Ao fim do interrogatório, Elizabete pediu que seja concedida prisão domiciliar a ela, pelo fato de enfrentar problemas de saúde. Esse pedido já havia sido feito e negado pela Justiça anteriormente.
Elizabete Arrabaça negou envolvimento nas mortes de filha e nora em Ribeirão Preto, mas se contradisse em interrogatório.
Reprodução/EPTV
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Mortes por envenenamento
A professora de pilates Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta no apartamento em que vivia com o médico Luiz Antonio Garnica em Ribeirão Preto em 22 de março deste ano. O laudo toxicológico apontou envenenamento pela substância conhecida popularmente como “chumbinho”.
O exame necroscópico descartou sinais de violência, mas apontou que ela teve lesões no pulmão e no coração, assim como a irmã de Garnica, Nathalia, que morreu aos 42 anos em fevereiro deste ano em Pontal, após um infarto, mesmo não tendo problemas de saúde aparentes.
Diante da proximidade das mortes, a Polícia Civil realizou uma exumação e a perícia nos restos morais de Nathalia concluiu que ela também morreu por ingestão de “chumbinho”.
Elizabete Arrabaça é investigada tanto pela morte de Larissa quanto pela morte da filha, por circunstâncias ainda a serem explicadas. Já o médico Luiz Antonio Garnica é suspeito de participação na morte da esposa.
A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio de Larissa, que pouco tempo antes havia descoberto uma relação extraconjugal do marido, pode ter motivado o crime. A sogra, por sua vez, foi a última pessoa a estar no apartamento da vítima antes da morte da professora.
Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, uma denúncia por feminicídio contra os suspeitos deve ser formalizada à Justiça nos próximos dias.
Nathália Guarnica e Larissa Rodrigues eram cunhadas e morreram envenenadas em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/g1
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