
A Câmara Municipal de Araújos informou sobre a abertura do procedimento nesta segunda-feira (30). Desde o dia 5 de junho, Lucas Coelho está preso preventivamente. Lucas Coelho, vereador de Araújos, foi indiciado pela morte do ex-noivo
Câmara de Araújos/Divulgação
A Câmara Municipal de Araújos informou que instaurou o processo de cassação do mandato do vereador Lucas Coelho, de 33 anos, indiciado por assassinar a tiros o ex-noivo, o professor Jhonathan Simões. O crime ocorreu no dia 29 de maio, no Bairro Sagrado Coração de Jesus, em Formiga.
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O presidente da Casa, Saulo Geraldo de Azevedo (PRD), assinou a portaria que deu início ao procedimento, que será analisado pela Comissão Processante – composta pelos vereadores João Roberto Batista (PL), Edson Vinicio (PSD) e Vanessa Rodrigues (Avante). O procedimento foi iniciado há duas semanas e confirmado nesta segunda-feira (30).
A comissão terá 90 dias para apresentar relatório final e submetê-lo à votação em plenário. A perda do mandato será decidida por maioria simples entre os vereadores presentes na sessão.
Antes mesmo da instauração do processo de cassação, a presidência da Câmara já havia determinado pela suspensão do vereador de suas funções parlamentares, além do bloqueio do pagamento de seus salários.
Lucas Coelho está preso preventivamente desde 5 de junho, quando se apresentou à Polícia Civil na cidade de Bom Despacho. Ele foi indiciado por homicídio qualificado, com uso de recurso que teria impossibilitado a defesa da vítima.
O g1 fez contato com a defesa do vereador e aguarda retorno.
Indiciamento
Polícia conclui inquérito sobre morte de professor em Formiga; vereador é o suspeito
Lucas Coelho foi indiciado pela Polícia Civil, no dia 13 de junho, por homicídio qualificado . As investigações foram detalhadas em entrevista coletiva pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP). Segundo o delegado Ricardo Augusto de Bessas, as investigações apontam que o vereador é o autor dos disparos e que agiu de forma premeditada.
“A convicção da Polícia Civil hoje é que o ocorrido é um crime de homicídio doloso qualificado, qualificado pelo motivo torpe, qualificado pela dificuldade da defesa da vítima, já que o investigado procedeu através de tocaia”, afirmou o delegado.
Coletiva da Polícia Civil em Formiga
Mariana Gonçalves/g1
O delegado afirmou que o crime é resultado de um relacionamento conturbado e possessivo por parte do investigado. Em fevereiro, Jhonathan chegou a registrar um boletim de ocorrência após ser agredido e ter o carro danificado por Lucas. Na ocasião, ele relatou ter sido ameaçado.
“A situação se agravou, várias ameaças foram proferidas. Em fevereiro deste ano, o investigado agrediu a vítima, danificou o carro dela na zona rural de Araújos e, inclusive, proferiu a seguinte ameaça: ‘Vou derramar seu sangue, Formiga vai chorar seu luto’”, disse o delegado.
Segundo Bessas, um fato agravou ainda mais a relação: a vítima descobriu que havia contraído HIV e acusava o vereador, que é soropositivo, de não tê-lo informado sobre a condição de saúde.
“O relacionamento passou a ser mais conturbado ainda a partir do momento em que a vítima tomou conhecimento de que ela havia contraído o vírus HIV. A vítima se sentiu prejudicada, porque o investigado era soropositivo e não havia informado essa circunstância para a vítima quando iniciaram o relacionamento”, explicou.
Entenda o caso
Professor Jhonathan Silva Simões (à esquerda) foi assassinado em Formiga; suspeito do crime é o vereador de Araújos, Lucas Coelho
Reprodução/Redes Sociais
Jhonathan Silva Simões, conhecido como Jhony, de 31 anos, que era professor, foi morto a tiros no dia 29 de maio, quando chegava em casa após o trabalho, em Formiga (MG).
Segundo a família, imagens de câmeras de segurança mostram que o atirador o esperava há cerca de 45 minutos. A vítima foi atingida por seis tiros pelas costas, e o autor fugiu com o rosto coberto.
O vereador e Jhony mantiveram um relacionamento por cerca de um ano, encerrado em fevereiro. Familiares afirmam que a relação era marcada por perseguições, ameaças e comportamento abusivo por parte do parlamentar.
Jhony chegou a pedir uma medida protetiva, mas o pedido foi negado pela Justiça. Segundo o primo da vítima, a justificativa foi de que o recurso seria exclusivo para mulheres. Na época, a legislação ainda não previa esse tipo de proteção para casais homoafetivos. Após a entrada em vigor da nova lei, que passou a garantir o direito, Jhony não voltou a solicitar a medida.
Lucas se apresentou à polícia em Bom Despacho no dia 5 de junho, acompanhado de um advogado, e teve a prisão decretada. Desde então, está detido.
No dia seguinte, a Câmara Municipal de Araújos publicou uma portaria suspendendo o mandato e o salário do parlamentar, com base no regimento interno, que determina o afastamento em casos de prisão preventiva. Em nota pública, a Casa lamentou o ocorrido e se solidarizou com a família da vítima.
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