
Empresa projeta construção de condomínio de altíssimo padrão na área e já comprou e demoliu todas as casas da antiga vila que ocupava a região. Prefeitura de SP deve vender rua por R$ 16 milhões
Uma travessa nos Jardins, na Zona Oeste, deverá ser vendida pela Prefeitura de São Paulo, por cerca de R$ 16 milhões, para uma incorporadora que planeja construir no local um condomínio de altíssimo padrão.
A empresa já comprou e demoliu todos os imóveis da antiga vila que ocupava a travessa Engenheiro Antônio de Souza Barros Júnior, localizada entre a Alameda Lorena, a Rua Pamplona e a Avenida Nove de Julho.
Porém, a viabilização do negócio passa pela mudança de zoneamento da área. É isso o que propõe um projeto de lei enviado pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) à Câmara Municipal.
O projeto já foi aprovado em primeira votação, por 34 votos a 4. Se a aprovação for sacramentada em segundo turno, por maioria simples, a travessa deixará de ser, na prática, parte de uma vila aberta, passando a ser considerada área privada.
Parte da rua já está fechada para o público, devido a um pedido da incorporadora feito em 2023. Trata-se de uma das regiões mais valorizadas da cidade.
Célia Marcondes, advogada, ambientalista e vice-presidente da Sociedade de Amigos e Moradores do Cerqueira César, que inclui área dos Jardins, lamenta pela transformação prestes a ocorrer na travessa da região: “É interesse para atender alguém privado, o lucro imobiliário”. “Essa região já é sufocada de prédios e condomínios”, afirma.
Ela reforça que a estrutura do bairro não avançou na mesma proporção que as construções.
Travessa deve ser privatizada para a construção de condomínio de luxo
Reprodução
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de São Paulo afirma que o projeto de construção do condomínio passou por avaliação técnica e jurídica.
Informou ainda que a proposta de venda da travessa foi enviada à Câmara Municipal por causa do “caráter local” da rua, que não se conecta com outras vias e, assim, sua transformação não impactaria o trânsito.
A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento, por sua vez, concluiu que a área não poderia ser utilizada de forma isolada, enquanto a Procuradoria Geral do Município entendeu que o projeto é viável.