
Nos últimos 50 anos, Paraná teve registro de neve em 1975, 2013 e 2020. Um dos fatores que desfavorecem a formação do fenômeno é a altitude. Por que neva pouco no Paraná mesmo quando há frio intenso? Meteorologista explica
Apesar de estar entre os estados mais frios do Brasil, o Paraná raramente registra neve. Segundo o meteorologista Lizandro Jacóbsen, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do estado (Simepar), a explicação está em uma combinação de fatores que nem sempre se alinham de forma ideal para a ocorrência do fenômeno. Entenda abaixo.
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Um dos principais obstáculos é a altitude, de acordo com Jacóbsen. É ela que favorece o resfriamento necessário para a formação dos flocos de neve.
Ele explica que algumas cidades do Paraná como Palmas, no Sul, possui áreas com mais de 1.200 metros de altitude, mas ainda ficam atrás de regiões em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, estados onde há mais registros de neve no Brasil.
“Santa Catarina tem cidades com 1.300 a 1.400 metros, assim como o Rio Grande do Sul, com cidades onde pode ocorrer a neve mais facilmente”, explicou.
O meteorologista explica, ainda, que outro fator determinante é a intensidade do frio combinada com a umidade do ar.
Para que a neve ocorra, é necessário que haja um sistema de baixa temperatura rigoroso atuando ao mesmo tempo em que ocorra chuva – o que, no Paraná, nem sempre acontece, de acordo com o meteorologista.
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Registros históricos de neve no Paraná
Neve em 1975 em Curitiba
Alexandre Fayzano/VC no AutoEsporte
No Paraná, a neve já foi registrada em diferentes cidades. Um dos episódios mais marcantes foi em 1975, quando Curitiba e várias cidades do interior, principalmente nas regiões Central e Sul, amanheceram cobertas por uma camada branca. A combinação entre uma frente fria, um ciclone tropical e a umidade presente no leste do estado gerou o cenário perfeito para o fenômeno.
Foi em 1975, após a neve, que o estado também registrou a geada negra, episódio que trouxe enormes prejuízos à agricultura do Paraná.
Por mais encantadora que a neve possa parecer, Jacóbsen lembra que o fenômeno traz prejuízos, especialmente à agricultura. Em 1975, por exemplo, após a neve, o estado enfrentou a geada negra, que devastou os cafezais e outras plantações, com perdas significativas.
Outro episódio relevante ocorreu em 2013, quando houve registros de neve em Palmas, General Carneiro e Guarapuava, na região Central e Sul do Paraná.
Parque do Lago, em Guarapuava, coberto de neve em 2013
Reprodução/Prefeitura de Guarapuava
Em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, o meteorologista destacou que nevou na mesma ocasião, mas com menor intensidade.
“Foi nessa situação que passou uma frente fria e o resfriamento muito intenso. Tinha a combinação perfeita aqui no Paraná: umidade, resfriamento e a própria ocorrência de chuva, que foi logo após a passagem da frente fria e foi transformada em flocos de neve”, explicou.
Mais recentemente, em 2020, algumas regiões do estado registraram pequenos episódios de neve, embora a maior parte tenha sido de chuva congelada.
Casa do Imigrante, em Guarapuava, coberta de neve em 2013
Reprodução/RPC
Neve, chuva congelada e chuva congelante
Jacóbsen também destaca que muitas pessoas podem confundir chuva congelada com neve.
Ele explica que a chuva congelada, que é mais comum, acontece quando a gota de chuva congela no meio do caminho até o solo, formando pequenas bolinhas de gelo. Já a neve é formada por cristais que caem em flocos.
Ele ainda destaca que há a chuva congelante, que congela apenas ao tocar uma superfície já muito fria.
Há chance de nevar em 2025 no Paraná?
Neve em Guarapuava, em 2013
André Almeida Gonçalves/VC no G1
O meteorologista aponta que o inverno de 2025 começou dentro do esperado, com temperaturas mais rigorosas do que em anos anteriores. Ele afirma que ainda pode haver a entrada de massas de ar polar mais intensas durante o mês de julho, o que poderia favorecer a formação de neve.
“Poderemos ter ainda em julho alguma massa de ar polar mais intensa e com resfriamento suficiente com umidade, ou seja, a a combinação necessária para que tenhamos evento de neve”, explicou.
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