‘Ficha ainda não caiu’, diz mãe um mês após adolescente ser torturado e morto por causa de celular


Alex Gabriel dos Santos, de 16 anos, foi jogado em rio no interior de SP depois das agressões e encontrado seis dias depois. MP denunciou cinco suspeitos de envolvimento no crime. Evilene Pereira dos Santos é mãe de Alex Gabriel dos Santos, morto em Pontal, SP
Tiago Aureliano/EPTV e Rede Social
Um mês depois de o adolescente Alex Gabriel dos Santos, de 16 anos, ter sido agredido, torturado, morto e jogado em um rio em Pontal (SP), Evilene Pereira dos Santos ainda tenta compreender a perda do filho, ao mesmo tempo em que lida com a saudade.
Em entrevista ao g1 nesta terça-feira (8), a trabalhadora rural contou como foram os dias após o crime e como recebeu a notícia sobre a denúncia do Ministério Público (MP) contra os cinco suspeitos de participação na morte de Alex.
“Está sendo muito difícil ainda. Este mês, minha vida ainda não entrou em uma rotina. Um mês bem corrido ainda. Têm momentos que parecem que minha ficha ainda não caiu. Saudade, a falta da pessoa ali com a gente. Tem hora que eu paro, e não dá para acreditar que realmente isso aconteceu. Têm momentos que parecem que estou vivendo um pesadelo e que, a qualquer momento, vou acordar”, afirmou Evilene.
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As investigações apontaram que o adolescente foi morto depois de ter pegado um celular em um depósito de bebidas próximo à casa onde vivia com a família.
No último dia 1º de julho, o Ministério Público denunciou à Justiça Uanderson dos Santos Dias, de 19 anos, João Guilherme Moreira, de 27, Alex Sander Benedito Ferreira, de 23, e Jean Carlos Nadoly, de 28. Os quatro tiveram a prisão preventiva decretada no dia seguinte.
Para o MP, eles agiram por motivo torpe, meio cruel (asfixia e tortura) e recurso que dificultou a defesa da vítima. Agora, devem responder por homicídio triplamente qualificado.
Eduarda Miranda do Amaral, funcionária do depósito, também foi denunciada pelo Ministério Público, mas, por colaborar com a investigação e manter o paradeiro informado nos autos, o MP optou por aplicar apenas medidas cautelares.
“Fiquei feliz pela promotoria ter denunciado a menina, para que ela respondesse, porque, até então, ela estava como testemunha, e a gente vinha cobrando uma atenção sobre isso, pelo fato de ela ter presenciado as agressões e não ter denunciado. […] O que deixa meu coração mais sossegado é saber que aqueles quatro monstros vão responder, presos, e que a menina também vai responder”, cita a mãe de Alex.
Caso a Justiça aceite a denúncia do Ministério Público, os cinco suspeitos se tornam réus e passam a responder ao processo criminal. Evilene disse esperar que as próximas etapas da investigação se concretizem para que a justiça continue sendo feita.
“É uma situação que a gente não deseja para ninguém. O que estou passando não desejo que ninguém passe. O que fizeram com meu filho não se faz com ninguém. […] O que eu peço é que continuem fazendo justiça. Peço para Deus para que eles paguem por tudo que fizeram e peço para a Justiça nossa aqui na Terra, para continuar em cima.”
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Agressões e torturas
De acordo com a denúncia do Ministério Público, Alex foi agredido nas regiões das pernas, da cabeça e da barriga com socos, chutes e pedaços de madeira em um galpão. Um objeto semelhante a um chicote também foi usado para golpear a cabeça do adolescente.
Durante as agressões, a funcionária do depósito, que estava junto com os quatro homens, chegou a afirmar que Alex tinha furtado a bicicleta de uma conhecida dela, o que fez com que aumentassem a violência.
Ainda de acordo com as investigações do MP, João Guilherme mandou Alex se ajoelhar em brasas de uma fogueira que tinha no local e amarrou as mãos da vítima com uma corda.
A denúncia também aponta que, na sequência, a corda foi enrolada no corpo de Alex e amarrada a um pedaço de madeira.
João Guilherme então levou a funcionária do depósito embora e ordenou que os outros três homens vigiassem Alex. Quando ele retornou ao local, desta vez sem a mulher, as agressões foram retomadas e os quatro utilizaram arame farpado para amarrar Alex.
Eles também colocaram um saco plástico na cabeça do adolescente e tijolos no corpo, em uma tentativa de ocultação.
Ainda segundo a denúncia, Alex estava desacordado quando foi colocado na caçamba da caminhonete de João Guilherme. Em seguida, o corpo dele foi jogado no Rio Pardo e só foi encontrado seis dias depois.
O laudo necroscópico constatou que a vítima morreu por asfixia mecânica e meio cruel.
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