
Vizinha diz que mulheres mantidas em cárcere na Grande Curitiba deixavam máquina de lavar
Mãe e filha que foram mantidas em cárcere privado em um apartamento na Grande Curitiba contaram para uma vizinha que deixaram a máquina de lavar roupas ligada a todo momento para tentar chamar atenção dos moradores do prédio com o barulho. Assista acima.
Em entrevista exclusiva para a RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, a vizinha – que não quis ser identificada – contou que foi visitar as duas mulheres um dia após elas serem resgatadas e ouviu o relato delas.
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“Ela disse que deixava a máquina de lavar ligada o tempo todo para para chamar atenção e fazer barulho até alguém reclamar. Eu fui lá visitá-la no domingo, ela falou: ‘Nossa, eu escutava as pessoas entrando e saindo e eu aqui sem poder falar nada’. Então, assim, isso me deixou de aprendizado a ficar esperta aos sinais”, disse a vizinha.
A vizinha contou que estava no pátio do condomínio com a filha quando o bilhete foi encontrado por outro vizinho. Ele mostrou para o papel, que continha o pedido de socorro e pedia para que não fizessem alarde caso a polícia fosse acionada.
Em seguida, a vizinha disse que ligou para a síndica do prédio e informou que havia acontecido “uma coisa muito estranha”. Após a ligação, a síndica entrou em contato com um policial que também mora no prédio.
Foram cerca de duas horas de organização da Polícia Militar, para que tudo fosse feito de forma segura e não houvesse alarde, como as vítimas pediram no bilhete.
A vizinha contou que o suspeito deixou a porta do apartamento aberta e, por isso, a polícia não precisou arrombar a porta para entrar no imóvel. Em seguida, houve uma gritaria e o homem pulou para outra sacada, mas foi preso pelos agentes.
“Eu fiquei chocada, né? Porque eu só tinha visto isso em filme, em novela, e eu não estava acreditando. A partir do momento que eu peguei aquele bilhete, eu pensei: ‘Meu Deus, será que não é pegadinha?’ .Mas como tinha o nome da vizinha, o nome da síndica do apartamento, foi onde a gente viu que era verídico. Mas eu fiquei muito nervosa e com medo do cara sair no corredor atirando”, contou a vizinha.
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Homem disse que cometeu crime por estar passando por dificuldades financeiras
Suspeito de cárcere de mãe e filha na Grande Curitiba afirma que crise financeira motivou
O homem suspeito de manter mãe e filha em cárcere privado afirmou à Polícia Civil (PC-PR) que cometeu o crime por estar passando por dificuldades financeiras. Clauber Severino está preso preventivamente. Assista acima.
Segundo a polícia, Clauber Gandra Severino obrigou as vítimas a preencher cheques, entregarem os cartões bancários e as senhas para sacar dinheiro.
“Eu entrei em desespero. Eu perdi o emprego, o meu apartamento foi para leilão. Sei que nada disso justifica o ato e tudo, mas não sei, eu infelizmente não sei o que aconteceu. A vida da gente toma uns rumos, sinceramente como vou pedir perdão para ti não vai adiantar”, disse Clauber em depoimento.
Na tarde desta quarta-feira (16), Clauber será ouvido novamente. Segundo o delegado Gustavo Alves, ele foi transferido da cadeia pública de Curitiba para outra unidade do Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen).
“O objetivo do interrogatório complementar é verificar a possibilidade dele nos fornecer a senha do celular dele e verificar se houve ou não participação de uma terceira pessoa nos crimes. Ele também será indagado sobre o fato de ter deixado dinheiro das vítimas, mas mesmo assim manter elas em cárcere privado”, explicou o delegado.
Ele também informou que um dos objetivos é saber o que Clauber planejava fazer com as vítimas posteriormente. A expectativa é de que o inquérito seja finalizado até sexta-feira (18) e o suspeito seja indiciado pelos crimes de cárcere privado e roubo agravado.
Até a última atualização desta reportagem, Clauber não tinha defesa constituída.
Câmeras de segurança flagraram Clauber entrando no prédio
Vídeo mostra momento em que suspeito entrou no prédio das vítimas
Reprodução
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que suspeito acessa o condomínio onde o crime aconteceu, na manhã de quinta-feira (11), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Segundo a polícia, Clauber morou no prédio em 2023 e ainda possuía uma tag — dispositivo usado para destravar portas eletrônicas — que permitiu que ele entrasse no local sem levantar suspeitas. O suspeito conseguiu entrar no apartamento porque a porta estava destrancada.
As vítimas foram resgatadas dois dias depois, no sábado (12), após um vizinho encontrar bilhetes escritos por elas pedindo socorro.
“Então a hora que eu voltei, ele já estava aqui dentro. A mãe não viu ele entrar, porque eu deixei aberta a porta, porque eu ia rapidinho e já voltava. Ele entrou. Quando fui até o meu quarto, lá no final, ele estava atrás da porta do banheiro, daí ele pegou e me torceu assim”, disse a vítima à RPC, afiliada da TV Globo no Paraná.
Além de ele ter morado no prédio em 2023, as vítimas contaram à polícia que conheciam Clauber porque ele teve um relacionamento amoroso com uma prima delas.
Vizinho encontrou bilhetes e chamou a polícia
A investigação aponta que, na maior parte do tempo, Clauber manteve as vítimas amarradas em um quarto. As mulheres contaram ainda que o homem recolheu os celulares delas para impedir qualquer contato com outras pessoas.
Mãe e filha conseguiram escrever bilhetes pedindo socorro e, de acordo com o delegado, aproveitaram para jogá-los pela sacada do apartamento quando o suspeito dormiu.
Um vizinho encontrou um dos papeis na entrada do prédio na manhã de sábado, avisou a síndica e acionou a Polícia Militar (PM-PR), que resgatou as vítimas e prendeu o suspeito em flagrante.
Em um deles, estava escrito:
“Por favor, nos ajude! Estamos em cárcere privado, eu e a minha mãe. Ajude-nos, pois não posso usar o celular! Avise a síndica! Que a polícia venha e entre pela sacada, sem alarde!”.
Mãe e filha mantidas em cárcere no PR jogaram bilhetes pedindo ajuda pela sacada de apartamento
Reprodução
Prisão em flagrante
No sábado, quando a polícia chegou ao prédio, encontrou mãe e filha amarradas com abraçadeiras plásticas. Elas contaram que Clauber fugiu pulando para o apartamento vizinho, mas com o apoio de outro morador, que também é policial militar, as equipes entraram no apartamento ao lado e encontraram o suspeito, que foi preso em flagrante.
Um vídeo gravado em meio à ação policial mostra um policial soltando as vítimas enquanto uma delas conta, muito nervosa, que escreveu os bilhetes de madrugada. Veja abaixo.
Durante a ação, a polícia também apreendeu uma mochila contendo abraçadeiras plásticas, fitas adesivas, ferramentas, o celular de uma das vítimas e R$ 2,7 mil em dinheiro.
O suspeito passou por audiência de custódia e o juiz definiu a prisão preventiva.
A Polícia Civil (PC-PR) continua investigando o caso.
Mãe e filha mantidas em cárcere são salvas após vizinho encontrar bilhete
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