Parada LGBTQ+, bloco de carnaval, tratamento e última aparição em show: a relação de Preta Gil com SP


Última aparição nos palcos, show com o pai Gilberto Gil, Parada LGBTQ+, bloco de carnaval
De todos os lugares do Brasil que Preta Gil fez de lar, a cidade de São Paulo também teve um papel especial na vida da artista.
Por aqui, além de ter morado por três meses para realizar parte do tratamento, Preta integrou o carnaval de rua da capital, participou de edições da Parada LGBTQ+ como mulher bissexual e subiu aos palcos pela última vez no encerramento da turnê com o pai, Gilberto Gil, no Allianz Parque.
Na Parada LGBTQ+, sua última participação foi em 2018, antes da pandemia, quando esteve no mesmo trio que Pabllo Vittar. As duas se apresentaram juntas na ocasião.
“Essa aqui é a maior manifestação de amor. Somos nós lutando pela nossa vida, pelo direito de ser quem a gente é”, afirmou à TV Globo durante a apresentação.
Preta é bissexual assumida e sempre esteve na linha de frente na defesa dos direitos da população LGBTQ+. Seu maior hit, “Sinais de Fogo”, foi escrito por Ana Carolina, por quem Preta revelou ter sido apaixonada — mas suas investidas nunca foram correspondidas.
“Eu era muito apaixonada por ela, mas ela realmente não quis. Ela me fez músicas maravilhosas, Sinais de Fogo é dela, ela cantou comigo, mas não passou daquilo. Depois que gravei, tinha certeza de que ia [acontecer algo], mas nada”, afirmou Preta em entrevista ao programa De Frente com a Blogueirinha, em outubro de 2023.
No carnaval, ela levou o Bloco da Preta às ruas paulistanas em 2019, com desfile no pós-carnaval no Ibirapuera. A segunda edição aconteceu em 2020, e a terceira seria em 2023, mas foi cancelada devido ao tratamento de Preta contra o câncer.
Cantora Preta Gil participa do lançamento oficial da XV Parada Gay de São Paulo, na Zona Oeste de São Paulo
Marcelo Mora/G1
Tratamento em São Paulo
Em agosto de 2023, Preta passou a fazer o tratamento contra o câncer em São Paulo, no Hospital Sírio-Libanês. Ela chegou a anunciar que moraria por três meses na capital, mas em 2023, Preta passou por uma cirurgia para retirada do tumor, que incluiu a remoção do útero, e iniciou tratamentos com quimioterapia e radioterapia. Embora tenha anunciado o fim do tratamento em dezembro do mesmo ano, a doença voltou em 2024, detectada em exames de rotina.
Em dezembro de 2024, Preta passou por uma longa cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, na qual foi colocada uma bolsa de colostomia definitiva. Ela usou as redes sociais para falar sobre o processo de reabilitação: “Não tinha ideia de que fosse ser tão difícil.” A artista ficou dois meses internada.
Após o carnaval, já em 2025, Preta foi internada por seis dias em um hospital particular de Salvador, devido a uma infecção urinária. Em seguida, voltou a São Paulo, onde continuou sendo acompanhada pela equipe médica do Sírio-Libanês. Sua última alta foi em maio deste ano, ela estava internada no Sírio.
Depois partiu para os Estados Unidos para fazer um tratamento experimental, onde ficou até sua morte, na tarde deste domingo (20).
‘Drão’ com Gil na despedida de turnê do pai
Preta e Gilberto Gil se emocionam em apresentação
A última grande apresentação musical de Preta Gil foi ao lado do pai, com uma participação no show de Gilberto Gil no dia 26 de abril deste ano, no Allianz Parque, em São Paulo.
Juntos e emocionados, eles cantaram “Drão”, música que foi escrita para a mãe de Preta, Sandra Gadelha.
Gil se emocionou com a presença da filha no palco. Sandra estava presente no show e também se emocionou.
Com esse show, Gil encerrou sua passagem por São Paulo com a turnê “Tempo Rei”, de despedida dos palcos.
A cantora, compositora e empresária morreu neste domingo (20), aos 50 anos, nos Estados Unidos, de complicações de um câncer no intestino.
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Filha de Gilberto Gil e Sandra Gadelha, Preta Gil deixou a carreira de produtora e publicitária e decidiu pela carreira de cantora aos 29 anos, quando lançou seu primeiro álbum. “Prêt-à Porter” traz o hit “Sinais de Fogo”, uma composição de Ana Carolina feita especialmente para amiga Preta. Além disso, o disco recebeu críticas por ter a cantora nua na capa.
O segundo álbum de Preta Gil, intitulado “Preta”, foi lançado em setembro de 2005 e tinha as músicas “Muito Perigoso” e “Eu e você, você e eu”. Em 2010, a cantora lançou seu terceiro álbum, o “Noite Preta”, festa com que percorreu o Brasil inteiro por sete anos.
Após o sucesso da turnê, Preta criou o show “Baile da Preta”, com um repertório diverso. “O Baile da Preta retrata a minha personalidade musical, meu ecletismo, meu gosto e meu respeito pela MPB, que para mim, abrange desde Caetano Veloso e Gilberto Gil até Aviões do Forró e Psirico”, explica a cantora em seu site oficial.
No mesmo ano, Preta estreou o programa de televisão “Vai e vem”. Tendo um elevador como cenário, Petra recebia convidados para falar sobre sexo. “Queria que fosse um programa sem vulgaridade, com inteligência, com humor”, contou Preta em entrevista a Jô Soares.
Preta também foi a responsável por criar um dos maiores blocos da história do carnaval carioca. Em 2010, o “Bloco da Preta” desfilou pela primeira vez e, em 2017, ela conseguiu “arrastar” mais de 500 mil foliões pelas ruas do Centro do Rio com uma homenagem a Chacrinha.
Preta no palco com Gilberto Gil.
ALE FRATA/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO
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