Vacinação, ração especial e ambiente adaptado: veterinária fala sobre necessidades de gatos idosos


Gatos idosos exigem cuidados especiais
Arquivo pessoal
Os gatinhos exigem muita atenção e cuidados em todas as fases da vida, mas, quando envelhecem, essa dedicação se torna ainda mais importante. Com o passar dos anos, as visitas ao médico veterinário devem se tornar mais frequentes, já que as necessidades aumentam e exigem uma atenção especial.
De acordo com a médica especialista em medicina felina Vanessa Crove, de Sorocaba (SP), os felinos são considerados idosos a partir dos dez anos. No entanto, a fase chamada de “madura” começa por volta dos sete anos. Ela também reforça que, mesmo após a velhice, as vacinações ainda são essenciais para os animais.
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“Cada organismo é único, então é comum vermos sinais de envelhecimento de forma mais precoce ou tardia, dependendo da genética, raça e dos cuidados ao longo da vida. Mesmo que o gato viva exclusivamente dentro de casa, ele ainda está exposto a riscos, e seu sistema imunológico já não responde da mesma forma. O protocolo pode ser ajustado, mas a vacinação e o controle de parasitas continuam sendo fundamentais”, diz.
Os gatos idosos estão sujeitos a diversas doenças que se manifestam de forma silenciosa. Por isso, a especialista alerta sobre a importância da prevenção e monitoramento constante dos felinos, que devem ser acompanhados por um médico veterinário.
“As doenças mais comuns são a renal crônica, hipertireoidismo, artrose, diabetes, doenças cardíacas, obesidade, problemas dentários e tumores. O ideal é que façam check-up a cada seis meses, pois existem diversas doenças comuns. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de manter uma boa qualidade de vida”, diz.
Médica veterinária de Sorocaba (SP) Vanessa Crove fala sobre cuidados com gatos idosos
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Diante disso, a médica reforça que os tutores devem observar os sinais dos gatos com bastante carinho e dedicação. As mudanças sutis no comportamento desses animais vão desde a diminuição do apetite até o mau hálito, segundo Vanessa.
“O gato apresenta diminuição de apetite, perda de peso, menor disposição para brincar ou interagir, dificuldade para pular em móveis, alterações na urina, fezes, hálito ou pelagem. O felino pode até ficar mais carente ou, ao contrário, se isolar mais”, explica.
Além disso, a ração é um fator importante para a saúde do animal. De acordo com a médica, as rações “sênior” costumam ter menos calorias, mais fibras e ajustes de minerais que ajudam a proteger os rins e as articulações dos felinos.
“Mas é necessário ter cuidado com a qualidade e a quantidade de proteína, pois o animal idoso já sofre com a perda de massa magra fisiológica. Em alguns casos, é necessário mudar para dietas terapêuticas, principalmente quando há doenças crônicas”, alerta.
Vanessa também reforça a importância da adaptação do ambiente para os animais idosos. Segundo ela, isso contribui para que eles consigam se movimentar e se exercitar sem esforços desnecessários.
Gatos idosos precisam ser frequentemente acompanhados por um médico veterinário
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“Facilitar o acesso a lugares que eles amam é essencial. Rampas, escadinhas ou caminhas em locais baixos ajudam bastante. É importante manter as caixas de areia em locais acessíveis e com bordas mais baixas. Água fresca sempre disponível e brinquedos que estimulem, mas não exijam tanto esforço, também são bem-vindos”, diz.
Brinquedos interativos, sessões curtas de brincadeiras e enriquecimento ambiental são alguns dos métodos que ajudam os felinos a se adaptarem à rotina e a manterem uma vida saudável mesmo na velhice, conforme a médica.
“Carinho, escovação e uma rotina previsível são essenciais. Alguns gatos se beneficiam até de fisioterapia ou acupuntura. O estímulo cognitivo é tão importante quanto o físico nessa fase. O envelhecimento pode ser saudável quando é bem acompanhado. Com os cuidados certos, é possível garantir uma velhice digna, confortável e feliz”, diz.
“Cuidar de um gato idoso pode, sim, exigir atenção, mas o retorno emocional é imenso. Eles costumam ser mais tranquilos, carinhosos e criam vínculos profundos com quem os acolhe. A adoção de um gatinho idoso é um ato de generosidade e amor, e quem vive essa experiência quase sempre diz que foi um presente”, finaliza.
Dificuldade de adoção
Associação Lar Gatinhos relata dificuldade de adoção de gatos idosos
Os gato idosos também enfrentam dificuldades para encontrar um lar, e um dos motivos são justamente os cuidados necessários com a saúde destes animais nessa fase da vida. Enquanto os filhotes são rapidamente adotados nas Organizações Não Governamentais (ONGs), os adultos acabam ficando para trás.
É o caso da associação Lar Gatinhos, de Sorocaba, que relata a permanência de diversos gatos idosos no abrigo. Isabella Ferreira Camargo, vice-presidente da ONG, que atua desde 2023 no resgate de felinos, conta que, para manter o abrigo em funcionamento, diversas voluntárias se dedicam à manutenção de uma casa alugada, que atualmente abriga cerca de 80 gatos.
“Hoje em dia, temos gatos de todas as idades sob nossos cuidados, desde filhotes recém-resgatados até idosos com mais de dez anos. Muitos dos gatos idosos chegaram até nós após serem abandonados ou perderem seus tutores”, relata.
A representante conta que os felinos idosos têm poucas chances de serem adotados, porque não despertam o interesse dos possíveis adotantes. De acordo com ela, também há um preconceito comum de que os gatos mais velhos não se adaptam a um novo ambiente.
“A maioria das pessoas procura filhotes por achar que vão viver mais tempo ou se acostumar melhor à nova casa, porém muitos adultos e idosos são extremamente carinhosos, tranquilos e já estão acostumados com a rotina de um lar. É um gato que já conhecemos o temperamento e geralmente são muito fáceis de se adaptarem ao novo lar”, rebate.
Além disso, para tentar estimular o interesse na adoção de gatos idosos, Isabella conta que a associação produz fotos e vídeos que mostram a história e a trajetória de vida de cada gatinho.
Isabella Ferreira Camargo é vice-presidente da associação Lar Gatinhos de Sorocaba (SP)
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“Geralmente funciona bem, especialmente quando contamos a história de vida do animal e mostramos o quanto ele tem a oferecer. Mas, ainda assim, a taxa de adoção para idosos e gatos adultos continua baixa em comparação com os filhotes”, diz.
Na associação, os filhotes geralmente demoram de uma semana a um mês para conseguir uma família, de acordo com a representante, enquanto os idosos correm o risco de nunca encontrarem um lar e viverem o resto da vida no abrigo.
“Gatos jovens (de cinco a 11 meses) demoram de um a cinco meses para conseguir um lar. Gatos adultos (acima de um ano), geralmente, de três meses a um ano”, explica.
Diante disso, ela conta que ver os gatos passarem anos esperando por um lar entristece todas as voluntárias da associação. No entanto, essa realidade também se torna uma fonte de força e inspiração, que as motiva a seguir lutando com ainda mais dedicação por cada um deles.
“Criamos laços com cada um deles, especialmente com os que estão conosco há mais tempo. Cada adoção de um gato que esperou muito por uma família é uma grande vitória para todos nós, ainda mais porque acompanhamos o pós-adoção dos nossos acolhidos”, diz.
“Um gato idoso não tem a pressa de um filhote, mas tem uma história nos olhos e uma gratidão no olhar que não se esquece. Adotar um gato mais velho é enxergar beleza onde muitos não veem, é dar dignidade a quem já foi esquecido, é amar sem prazo, mas com intensidade. Quem já viveu esse amor sabe: eles não ficam por uma vida inteira, mas marcam a nossa para sempre”, finaliza.
Associação Lar Gatinhos, de Sorocaba (SP), relata dificuldade de adoção de gatos idosos
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*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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