Caso Gritzbach: Justiça interroga PMs presos acusados de matar delator do PCC em aeroporto de SP


Caso Gritzbach escancarou o envolvimento de policiais com facções
Arte/g1
A Justiça interrogou nesta terça-feira (29) os três policiais militares que estão presos preventivamente acusados de participar do assassinato do empresário Vinicius Gritzbach em 2024, no aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo.
Essa etapa do processo é chamada de audiência de instrução e ocorre no Fórum de Guarulhos, na Grande São Paulo. Todos os PMs falaram e, mais uma vez, negaram participação no crime. MP e advogados têm, agora, prazo de 10 dias para apresentar alegações finais. Depois disso, o juiz vai proferir a sentença, dizendo se os réus serão ou não levados a júri popular.
Mais três réus (dois mandantes e um “olheiro”) são acusados pelo mesmo crime mas estão foragidos e ainda são procurados pelas autoridades. Por esse motivo, não poderão ser interrogados.
Na segunda-feira (28), foram ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa dos acusados.
Os três policiais militares réus que foram interrogados são:

Fernando Genauro da Silva, tenente da Policia Militar (PM), acusado pela Promotoria de dirigir o carro usado na fuga pelos atiradores que mataram o delator da facção. Está preso e poderá acompanhar a audiência por videoconferência;

Denis Antonio Martins, cabo da PM, responsável por atirar em Gritzbach, segundo a acusação. Também está detido e acompanhará a sessão por um monitor integrado de TV;

Ruan Silva Rodrigues, soldado da corporação, que também atirou no empresário, de acordo com o MP. Preso como os colegas, poderá ver a audiência virtualmente.
Como uma testemunha da defesa de um dos mandantes acusados do crime faltou, a Justiça adiou a audiência em relação a ele:
Diego dos Santos Amaral, o “Didi”, apontado pelo MP como mandante do crime contra Gritzbach e membro do PCC. Ele está foragido da Justiça e é procurado pela polícia, que busca prendê-lo. Mas como constituiu sua defesa, o processo contra ele prossegue;
Dois outros _ mais um mandante e um “olheiro”_ ainda não constituíram advogados e por isso o processo de homicídio contra eles foi suspenso temporariamente:

Emílio Carlos Gongorra Castilho, o “Cigarreira”, é traficante de drogas ligado do PCC e ao Comando Vermelho (CV). O Ministério Público o acusa de mandar matar Gritzbach. Está foragido;

Kauê do Amaral Coelho, o “Jubi”, é apontado pelo MP como o “olheiro” ligado ao PCC que visou aos atirados do desembarque do empresário no aeroporto. Segue foragido.
Audiência de instrução
Vídeos mostram por diferentes ângulos execução de empresário no Aeroporto de Guarulhos
A audiência de instrução serve para saber se os réus deverão ser submetidos a julgamento por homicídio doloso, com intenção de matar.
Gritzbach foi morto com tiros de fuzis em 8 de novembro de 2024 no aeroporto de Guarulhos. Câmeras de segurança gravaram a execução(veja mais acima).
Ele era um empresário do ramo imobiliário que enriqueceu lavando dinheiro do tráfico de drogas do PCC e do CV por meio da compra de imóveis e criptomoedas. Em uma delação premiada à Justiça, Gritzbach entregou o esquema e acusou policiais de corrupção. Em troca, teria benefícios no processo de corrupção que respondia.
Para a Polícia Civil, o homicídio dele está esclarecido: sua morte foi a mando de criminosos ligados ao PCC e ao CV e teve a participação de policiais militares. Outros PMs que faziam a escolta particular dele são suspeitos de terem relaxado a segurança e contribuído com o grupo.
Além da sua delação, o motivo foi, segundo a investigação, para vingar as mortes de dois integrantes do PCC que ele teria encomendado. Também pesou um desfalque financeiro nas operações dos criminosos.
O g1 não conseguiu localizar as defesas dos réus para comentarem o assunto.
Mais de 40 investigados
Gritzbach: por que 3 investigações apuram ligaçao de delator com policiais e facções
Ao menos 41 pessoas são investigadas pelas autoridades por suspeita de terem alguma ligação com o assassinato de Gritzbach. Dessas, 34 estão presas.
O caso Gritzbach escancarou o envolvimento de 27 policiais de São Paulo com o PCC e o CV. Entre os agentes, estão integrantes das polícias Civil e Militar.
A partir da morte de Gritzbach, foi montada uma força-tarefa em três frentes: a Polícia Civil investiga o assassinato; a Polícia Federal apura a denúncia de corrupção policial; e a Polícia Militar averigua a atuação irregular de agentes na escolta do delator.
Veja quem é alvo da Polícia Civil na morte de Gritzbach
Arte/g1
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