Mestre Damasceno e Wanda Monteiro são celebrados como símbolos da oralidade amazônica na 28ª Feira do Livro, em Belém


28ª Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes é lançada em Belém.
Reprodução / Agência Pará
A Secretaria de Estado de Cultura (Secult) lançou nesta segunda-feira (4) a 28ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro e das Multivozes.
O evento, um dos mais tradicionais do calendário cultural paraense, será realizado de 16 a 22 de agosto, das 9h às 22h (com entrada até 21h), novamente no Hangar Convenções e Feiras, em Belém. Neste ano, os homenageados são Mestre Damasceno e Wanda Monteiro.
Ao todo, participam 120 empresas: 32 editoras, 40 livrarias e 48 distribuidoras, sendo 70 negócios locais — dez a mais que em 2024. Serão 189 estandes de livros e nove de gastronomia, com a presença confirmada das editoras universitárias UFPA, Uepa, Unesp e Abeu.
A movimentação financeira estimada deve ultrapassar R$12 milhões em vendas e encomendas de livros, com expectativa de gerar cerca de 2.000 empregos diretos e indiretos.
A programação se estrutura em sete eixos temáticos distribuídos ao longo dos sete dias, evidenciando a pluralidade de saberes e vivências da Amazônia:
Vozes da Poética e da Encantaria (abertura),
Vozes do Clima e COP30,
Vozes da Diversidade e Inclusão,
Vozes da Infância e Juventude,
Vozes do Escritor Paraense,
Vozes Cabanas
e, no encerramento, Vozes dos Saberes Ancestrais.
Sustentabilidade e estrutura ampliada
O cuidado com a sustentabilidade será outro destaque: toda a cenografia do evento foi pensada para priorizar a reutilização de materiais de edições anteriores, evitar plásticos e itens descartáveis, reduzindo a geração de resíduos e reforçando o compromisso com o uso responsável dos recursos públicos.
A 28ª edição ocupará mais de 10 mil metros quadrados do térreo do Hangar, com climatização completa.
A venda de livros será no pavilhão de eventos, enquanto a programação cultural ocorre na Arena Multivozes, este ano localizada no Salão B. O evento também contará com praça de alimentação.
Entre espaços já consolidados estão o Ponto do Autor (sessões de autógrafos), o Beco do Artista (venda de obras de ilustradores e artistas visuais) e a Feira Criativa (produtos da economia criativa).
Homenagens e lançamentos
O produtor e empresário Guto Nunes representou Mestre Damasceno no lançamento da feira. “O Mestre Damasceno ficou muito feliz com o convite, que vem coroar toda uma trajetória que ele vem alcançando graças à sua forma de falar, de se expressar, que não é a literatura deitada no papel, tradicional, mas é a literatura da oralidade”, afirmou.
Mestre Damasceno nasceu em 1954 na Comunidade Quilombola do Salvá, em Salvaterra, no Marajó. É referência no carimbó, nas toadas e na poesia oral, criador do Búfalo-Bumbá de Salvaterra e pessoa com deficiência visual desde os 19 anos. Em maio deste ano, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, principal honraria do Ministério da Cultura.
Wanda Monteiro, também homenageada, expressou gratidão pelo reconhecimento. “Ser reconhecida dentro da nossa terra é muito difícil, e é uma alenquerense, uma cabocla do Baixo Amazonas, chegando para um evento na qualidade de homenageada. Isso para mim tem um valor, um significado”, contou, emocionada.
Filha do escritor Benedicto Monteiro, Wanda nasceu em 1958, é autora de poemas, contos, ensaios e romances, advogada e pesquisadora da obra do pai.
Três obras editadas pela Secult serão lançadas durante a feira. “Mestre Damasceno e as Cantorias do Marajó”, de Antonio Carlos Pimentel Jr., traz relatos de vida do homenageado para o público infantojuvenil; “Wanda Monteiro – Poesia reunida” reúne os principais textos da autora; já “O Homem Rio – A saga de Miguel dos Santos Prazeres”, de Benedicto Monteiro, ganha edição especial em homenagem ao seu centenário, comemorado em 2024.
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