
Mulher relata explosão em restaurante de fondue que queimou 32% do corpo dela em SC
Sete meses após ser atingida pela explosão de uma panela de fondue em um restaurante de Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, Sameli de Matos Bellio, de 32 anos, ainda trata e lida com as limitações causadas pelas queimaduras que atingiram cerca de 32% do corpo dela.
Após ser entubada, passar dias em coma e fazer cirurgia de enxerto de pele, ela diz que vive um recomeço todos os dias. O processo inclui fisioterapia para reaprender movimentos simples e acompanhamento psicológico para tentar entender tudo o que aconteceu em 3 de janeiro de 2025.
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Para garantir os cuidados necessários, como o uso de malhas compressivas, curativos e acompanhamento médico, Sameli criou uma vaquinha online para arrecadar fundos. Enquanto isso, suas redes sociais se tornaram um diário da recuperação.
Em sua página, ela escreveu: “Ainda estou tentando juntar os pedaços do que sobrou depois de um acidente que mudou minha vida para sempre.”
“Hoje, quando o acidente passa pela minha cabeça, vem o medo, o desespero de me olhar no espelho e ter que ver o meu corpo cheio de marcas. A dor, esse sentimento de que parece que eu nunca mais vou conseguir me olhar no espelho com amor”, disse ao g1.
Sameli entrou com um processo contra o restaurante, que tramita em segredo de justiça. Segundo ela, a empresa não prestou nenhum tipo de socorro após o acidente.
Em nota publicada nas redes sociais nesta sexta-feira (8), a Blackpot Fondue afirmou que o local está dentro das normas de segurança e que reforçou seus protocolos internos. Também informou que presta assistência financeira à cliente desde o ocorrido, incluindo pensão mensal e cobertura de despesas como tratamento médico, moradia e alimentação.
Sameli de Matos Bellio foi atingida por explosão em restaurante de fondue em Balneário Camboriú
Arquivo pessoal
A explosão
O acidente aconteceu em janeiro, enquanto Sameli comemorava o início do ano com uma amiga em um restaurante especializado em fondue, em Balneário Camboriú. Elas estavam prestes a iniciar a sequência doce quando um funcionário perguntou se poderia reacender o fogareiro da mesa. No momento em que ele despejou o álcool, houve uma explosão, e Sameli foi atingida.
Ela foi internada, entubada e permaneceu em tratamento até receber alta em 7 de fevereiro, em um hospital especializado em queimaduras, em Lages. A amiga que a acompanhava não se feriu.
“Apaguei na ambulância, fui entubada e acordei 16 dias depois lá em Lages. Fiquei 16 dias em coma, entubada. E depois, foram mais 19 dias de internação. Nesse meio tempo, fiz cirurgia de enxerto, tirei um pedaço da perna para colocar nos braços”, relatou.
Mulher se fere após aparelho de founde explodir em Balneário Camboriú
Corpo de Bombeiros/Divulgação
Recentemente, Sameli passou a usar as redes sociais para compartilhar detalhes do acidente. Na última semana, sete meses após o ocorrido, ela descreveu o momento em que sentiu o fogo subir pelas roupas.
Segundo ela, dois rapazes que estavam em mesas próximas tiraram as próprias blusas e a abraçaram, conseguindo apagar as chamas que atingiam seu corpo.
“Estava de vestido naquele dia. Lembro bem certinho que a chama veio, pegou no vestido e acabou subindo. Pegou no meu corpo. Fechei os olhos, comecei a me bater, a gritar, pedir por ajuda. Eu escutava o desespero em volta das pessoas e foi aí que eu escutei alguém gritar assim: ‘Tem que abafar o fogo'”, relatou no vídeo.
Ela sentia dor, mas só se deu conta da gravidade da situação ao ver o corpo queimado no espelho do banheiro do estabelecimento. “Eu estava toda preta, toda queimada, meu rosto queimado. O cabelo encolheu com o fogo. Minha pele derretia como cera. Eu não sei nem descrever a sensação, foi aterrorizante”.
Recuperação e impactos
Hoje, a rotina dela é outra. Sameli intercala o trabalho em uma padaria e os cuidados com a filha de um ano com sessões de fisioterapia e psicoterapia, consultas com médicos e algumas incertezas em relação ao futuro. Ela também vai precisar passar por um cirurgião plástico.
“Faço três vezes por semana fisioterapia, porque eu tava perdendo os movimentos do pescoço, do braço direito e da mão esquerda, porque a pele deu uma encolhida. Eu entrei na fila do SUS, mas ainda esperando. Então, estou fazendo particular. Já vou para o quarto mês”, disse.
“Estou fazendo uso de medicação controlada, porque eu não dormia. Faz uns 20 dias, mais ou menos, que eu voltei a dormir direito. Me considero mais forte, porque sobrevivi ao que parecia impossível”.
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O que diz o
Foguareiro onde as chamas se iniciaram em Balneário Camboriú
Corpo de Bombeiros/Divulgação
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