Sem citar Moraes, integrante do governo Trump diz que ‘um único’ ministro do STF usurpou poder no Brasil e que ‘ameaça líderes com prisão’


Christopher Landau, vice-secretário do Departamento de Estado americano.
Reprodução/X
O número dois do Departamento de Estado americano, Christopher Landau, disse em uma rede social, sem citar o nome do ministro Alexandre de Moraes, que “um único juiz do Supremo Tribunal Federal usurpou o poder” no Brasil.
Em uma publicação em sua conta no X, o vice-secretário do setor, chefiado por Marco Rubio, escreveu que a separação de poderes entre os diferentes ramos do governo é uma “garantia de liberdade”. “Nenhum ramo ou pessoa pode acumular tanto poder se for controlado pelos outros”. Em seguida, Landau sugeriu que a divisão de poderes está ameaçada no Brasil.
“O que está acontecendo agora no Brasil ressalta esse ponto: um único juiz do Supremo Tribunal Federal usurpou o poder ditatorial ao ameaçar líderes dos outros poderes, ou suas famílias, com prisão, detenção ou outras penalidades”, escreveu.
O vice-secretário ainda diz que o país vive uma “situação anômala e sem precedentes” e que o ministro “destruiu a relação historicamente próxima do Brasil com os EUA”.
Em defesa de Bolsonaro, alto funcionário dos EUA acusa Moraes de ‘ditadura judicial’
“Essa pessoa destruiu a relação historicamente próxima do Brasil com os EUA ao, entre outras coisas, tentar aplicar a lei brasileira extraterritorialmente para silenciar indivíduos e empresas em solo americano”, diz a publicação.
“A situação é sem precedentes e anômala precisamente porque essa pessoa veste uma toga judicial: enquanto sempre podemos negociar com líderes dos poderes executivo ou legislativo de um país, não há como negociar com um juiz, que deve manter a pretensão de que todas as suas ações são ditadas pela lei”, continuou.
Mais críticas
Essa não é a primeira vez que Landau faz afirmações do tipo. Na última segunda-feira (4), o vice-secretário afirmou, também numa rede social, que o crime de Jair Bolsonaro teria sido o de criticar o ministro Moraes – que é funcionário público e está sujeito a críticas.
Landau disse que o ministro arrasta o Brasil para uma ditadura judicial.
Em sua atual publicação, Landau ressoou críticas dos apoiadores do ex-presidente, ao escrever que, em uma situação sem precedentes, “um único juiz não eleito assumiu o controle do destino de sua nação”.
“Nos encontramos em um beco sem saída, onde o usurpador se esconde atrás do Estado de Direito e os outros poderes insistem que são impotentes para agir. Se alguém puder pensar em um precedente na história da humanidade em que um único juiz não eleito assumiu o controle do destino de sua nação, por favor, nos informe”, comenta.
Ao encerrar a publicação, Landau escreveu: “Queremos retornar à nossa amizade histórica com a grande nação do Brasil.”
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Embaixada dos EUA no Brasil volta a criticar Alexandre de Moraes
Escalada de críticas
Nesta quinta-feira (7), a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil reproduziu, em suas redes sociais, uma mensagem que critica o ministro Alexandre de Moraes e faz ameaças a seus “aliados”. O post é mais um entre vários publicados nas últimas semanas por autoridades americanas com recados, sanções e ataques.
As publicações com críticas diretas a Moraes se intensificaram a partir do dia 14 de julho, quando autoridades dos EUA passaram a fazer declarações públicas contra o ministro. Desde então, houve uma escalada nos ataques.
Desde o mês passado, autoridades americanas fizeram críticas a Moraes e ao processo que o ex-presidente Bolsonaro enfrenta pela trama golpista. O país aplicou a Lei Magnitsky e impôs sanções a ministros do STF.
Além disso, em uma carta endereçada ao presidente Lula, Trump impôs tarifas de 50% aos produtos brasileiros exportados para os EUA. A mensagem chama o processo contra Bolsonaro de “caça às bruxas” e exigiu que ele fosse interrompido “imediatamente”.
Na última quinta-feira (7), A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou uma nova mensagem em suas redes sociais criticando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A mensagem fazia referência a um post anterior, do subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, que traz conteúdo semelhante. “O ministro Moraes é o principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores. Suas flagrantes violações de direitos humanos resultaram em sanções pela Lei Magnitsky, determinadas pelo presidente Trump”, escreveu, em rede social.
O ministro Flávio Dino, no entanto, rebateu a nota dizendo que a soberania nacional é requisito na diplomacia e não é função de embaixada “monitorar” atuação de magistrado.
“Lembro que, à luz do direito internacional, não se inclui nas atribuições da embaixada de nenhum país estrangeiro ‘avisar’ ou ‘monitorar’ o que um magistrado do Supremo Tribunal Federal, ou de qualquer outro Tribunal brasileiro, deve fazer”, afirmou o ministro.
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