Quais são as suspeitas da polícia em novo inquérito contra idosa apontada nas mortes da nora e da filha em SP


Polícia Civil investiga morte de amiga de Elizabete Arrabaça há 9 anos
A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar a morte de Élide Guide, em Pontal (SP), há nove anos. Ela era amiga de Elizabete Arrabaça, acusada de matar a nora, Larissa Rodrigues, e suspeita da morte da própria filha, Nathália Garnica.
A investigação aponta Elizabete como suspeita, já que Élide teria emprestado dinheiro a amiga e ela teria agido de para se livrar da dívida.
As suspeitas contra Elizabete surgiram após denúncias e depoimentos no curso das investigações das mortes da nora, Larissa Rodrigues, e da filha, Nathália. A polícia recebeu relatos de que Elizabete tentou encontrar um “caderninho de anotações” e dinheiro na casa de Élide logo após a morte.
Elide Guide, amiga de Elizabete Arrabaça, morreu em 2016 em Pontal (SP).
Reprodução/EPTV
O elo da dívida
O delegado José Carvalho de Araújo Junior, responsável pelo caso, confirmou que a investigação aponta para a relação de amizade entre as duas e a dívida como possível motivo do crime.
“O que nos chegou foi a confirmação de que havia uma relação de amizade entre as duas e o fato da Élide ter sido encontrada morta sem ter nenhum problema de saúde, pelo que a gente levantou até agora. Também levanta a suspeita de que a Elizabete agiu da mesma forma como nos casos anteriores”, explicou o delegado.
Segundo Araújo Júnior, uma testemunha relatou à polícia que esteve na casa de Élide no dia seguinte à morte e viu Elizabete procurando algo na cozinha. A testemunha fez questão de ficar no local, observando a suspeita.
“Ela [testemunha] disse que esteve lá [na casa de Élide] no dia seguinte à morte com Elizabete. Elizabete estava preocupada em encontrar alguma coisa na cozinha e então até pediu para que ela se retirasse. Ela falou: ‘Eu vou ficar aqui, vou continuar aqui’. E fez questão de ficar ali, olhando a Elizabete, procurando alguma coisa que se encontrava na cozinha, mas ela não soube o que era e depois nós soubemos por informações que a Élide guardava alguma coisa ali na cozinha, que era um caderninho de anotações e também dinheiro”, relatou.
A polícia também ouviu a irmã de Élide Guide, que mora em São Paulo. Em conversa extraoficial, ela confirmou que Élide emprestou dinheiro duas vezes para Elizabete e que a irmã guardava um caderno de anotações e dinheiro na cozinha. A irmã conseguiu encontrar os objetos no dia seguinte, o que Elizabete não havia conseguido.
“Existe essa confirmação de que a Élide emprestou dinheiro para a Elizabete, então os casos são muito semelhantes aos anteriores. Nos leva a crer que a Elizabete usou do mesmo artifício para se livrar de uma pessoa que ela devia. O fato da Élide morar sozinha, ela guardava, escondia as coisas dela. O que nós percebemos é que a Elizabete tinha conhecimento disso. Só que a Elizabete não conseguiu encontrar.”
Elizabete Arrabaça, Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
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Morte suspeita
A saúde da vítima é um dos pontos que levantam mais suspeitas, também segundo o delegado do caso.
Élide tinha 80 anos, morava sozinha e foi achada morta dentro de casa. Segundo o médico patologista responsável pela autópsia no corpo, Dênis Welington Moura Ferreira, Élide apresentava um edema pulmonar. Ele apontou que as alterações no corpo da vítima são semelhantes às causadas por envenenamento.
“Durante os exames de autópsia, os únicos achados que chamaram a atenção eram no tecido pulmonar. Havia um edema muito grande nos pulmões, que é o acúmulo de líquidos. As alterações que são causadas pelo envenenamento pelo carbamato [substância popularmente conhecida como chumbinho] que foi a causa levantada, agora no tempo recente, ela produz esse efeito no pulmão, de extravasamento de líquido das artérias para dentro dos tecidos”, afirmou o médico, que sugeriu a exumação ou análise dos blocos de parafina para encontrar resquícios do veneno.
O cardiologista Sérgio Pacca, que atendeu Élide por muitos anos, relatou que ela era “muito saudável”.
“Ela sempre foi muito saudável, era muito fiel aos retornos médicos, uma média de duas a três consultas anuais, ano a ano. Ela não ficou nenhum ano sem vir para cá. Uma mulher muito ativa”, disse o cardiologista.
O delegado informou que a polícia já solicitou a análise de materiais que podem ter sido colhidos no Hospital das Clínicas (HC) à época da morte de Élide e aguarda o resultado para decidir se fará a exumação do corpo.
Nathália Garnica, Elizabete Arrabaça, Larissa Rodrigues, Ribeirão Preto, SP
Reprodução/g1
Outros inquéritos
A abertura do inquérito se soma a outras quatro investigações contra Elizabete Arrabaça. Os casos incluem a morte por envenenamento da nora, Larissa Rodrigues, e da própria filha, Nathália Garnica. A idosa também é investigada pela morte da cachorrinha da família e por uma tentativa de homicídio contra uma mulher que tomou um medicamento de suas mãos e precisou ser internada em uma UTI.
Elizabete está presa desde o dia 6 de maio, quando o laudo toxicológico no corpo da nora, Larissa Rodrigues, apontou chumbinho no organismo dela.
A defesa de Elizabete Arrabaça nega qualquer participação dela nos crimes aos quais ela está sendo relacionada. Sobre a suspeita da morte de Élide, o advogado afirmou que ainda vai se encontrar com Elizabete para obter mais esclarecimentos sobre os fatos.
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