Alimentos, toxinas e hormônios: o que ninguém te contou sobre fertilidade


Embora a medicina convencional tenha evoluído com tratamentos e tecnologias, cresce o número de famílias que buscam caminhos mais naturais e integrativos para realizar o sonho da gestação. Nesse contexto, a nutrição funcional e o estilo de vida saudável têm ganhado protagonismo.
A nutricionista funcional Andressa Wagner, especialista em saúde da mulher e fertilidade, explica que o processo reprodutivo vai muito além dos órgãos genitais.
“A fertilidade não é um fator isolado, mas sim um reflexo da saúde do corpo como um todo. Não somos apenas o que comemos, mas o que comemos, digerimos, absorvemos e a forma como nosso organismo utiliza este combustível e nutrientes, assim como consegue excretar os resíduos e substâncias não úteis a ele.”
Segundo ela, a base para um sistema reprodutivo equilibrado está na alimentação rica em nutrientes anti-inflamatórios e antioxidantes. Uma dieta inspirada nos princípios da alimentação mediterrânea, com ênfase em frutas, vegetais, proteínas magras, sementes, castanhas e gorduras boas, favorece a qualidade dos gametas e prepara o corpo para uma gestação mais saudável. Isso porque micronutrientes como ácido fólico, vitamina B12, zinco, selênio, vitamina D e ômega-3 têm papel essencial na fertilidade de homens e mulheres.
“Eles atuam na síntese de DNA, na saúde hormonal, na ovulação, na formação dos espermatozoides e na prevenção de defeitos na formação do bebê”, pontua.
Estilo de vida saudável
Mas não é só o que se come que influencia a fertilidade. O ambiente em que vivemos, os produtos que usamos e os hábitos cotidianos também impactam. Toxinas presentes em plásticos, pesticidas, cosméticos e metais pesados têm potencial para interferir na função hormonal, afetando tanto a qualidade dos óvulos quanto dos espermatozoides.
Andressa recomenda reduzir o contato com esses agentes, sempre que possível.
“A escolha por alimentos orgânicos e a redução do uso de plásticos são estratégias importantes”, ressalta.
Além disso, comportamentos como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, o sedentarismo e até o estresse crônico podem comprometer seriamente a saúde reprodutiva. “O estresse contínuo pode desequilibrar a produção hormonal, afetando o ciclo menstrual e a ovulação em mulheres, e a qualidade do sêmen em homens”, explica. Técnicas como meditação, yoga e caminhadas ao ar livre podem ser aliadas nesse processo.
Intestino e fígado também influenciam a fertilidade
Dois órgãos frequentemente negligenciados no contexto da fertilidade são, justamente, os que mais influenciam os hormônios e a absorção de nutrientes: o intestino e o fígado. O primeiro abriga cerca de 70% do sistema imunológico e é responsável por regular o metabolismo de hormônios como o estrogênio. Já o fígado atua na filtração de toxinas e no equilíbrio hormonal. “Um fígado sobrecarregado pode levar a desequilíbrios hormonais e acúmulo de toxinas, ambos prejudiciais à fertilidade”, alerta.
Outro ponto importante abordado pela especialista é o uso de plantas medicinais. Embora a fitoterapia possa oferecer suporte em algumas situações, ela deve ser usada com orientação técnica. “Não pense que é apenas um chazinho e que não faz mal. As plantas/ervas medicinais têm princípios ativos que, se não bem recomendados e prescritos, podem mais atrapalhar do que auxiliar você.”
Nutricionista funcional Andressa Wagner orienta casais que buscam a gestação por meio de estratégias naturais de equilíbrio hormonal e alimentação personalizada
Divulgação
Corpo em análise
Para quem está tentando engravidar, a investigação laboratorial é um passo essencial. Exames de sangue ajudam a identificar deficiências nutricionais, alterações hormonais, inflamações silenciosas e condições autoimunes. O acompanhamento de um nutricionista funcional permite traçar um plano alimentar e de suplementação específico, de acordo com o perfil e as necessidades do casal.
“Adotar uma abordagem funcional e abrangente, investindo na nutrição e em um estilo de vida saudável, não apenas aumenta as chances de conceber, mas também prepara o corpo para uma gestação mais saudável e o desenvolvimento de um bebê com melhor programação metabólica”, afirma a nutricionista.
O acompanhamento profissional é indispensável para garantir um plano seguro, eficaz e individualizado. E, na maioria dos casos, o primeiro passo pode estar mais próximo do que se imagina: no prato, na rotina e no cuidado com o próprio corpo.
Andressa Wagner – Nutricionista

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