
RJ2 entrevista turistas britânicos que caíram em ‘boa noite, Cinderela’ na Praia de Ipanema.
Os dois turistas britânicos que caíram no golpe “boa noite, Cinderela” em Ipanema deram detalhes, em entrevista exclusiva ao RJ2, como foram dopados por três mulheres que haviam conhecido pouco antes.
Os turistas saíram de um samba na Lapa, na noite de quarta-feira (6), onde conheceram as criminosas. Ao chegarem um quiosque na orla, elas deram caipirinhas para eles.
Turistas britânicos que caíram em golpe no Rio
Reprodução/TV Globo
Pouco depois, um dos estrangeiros perdeu os sentidos e caiu na areia. A imagem de um deles desnorteado (veja abaixo) – e depois desacordado – na Praia de Ipanema rodou o mundo e ganhou as manchetes de sites ingleses.
“Tomei dois goles e não lembro de mais nada”, disse um deles.
Uma testemunha viu a cena, filmou e chamou a polícia: um entregador de 19 anos que passava pelo local e já prestou depoimento. Na entrevista, um dos britânicos disse que tentou “lutar contra a droga” e agradeceu à testemunha que chamou o socorro
“Ele filmou, chamou a ambulância e ajudou a polícia a chegar às suspeitas. Obrigado a ele, quem quer que seja”, afirmou.
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Turista britânico é dopado e deixado nas areias da Praia de Ipanema
As três mulheres já foram identificadas e são procuradas para serem ouvidas pela polícia. São elas: Amanda Deloca, Mayara Ketelyn e Raiane Campos, que tem 20 passagens pelo mesmo crime.
Viagem de formatura
Antes de cair no golpe ‘boa noite, Cinderela’, britânico aproveitou a passagem pelo Rio
Reprodução/TV Globo
Os dois turistas vieram ao Brasil para comemorar a formatura em Engenharia e, até o dia do crime, estavam há 10 dias na cidade sem incidentes.
A viagem começou a mudar na noite de quarta-feira (6), quando conheceram as mulheres na Lapa. Segundo eles, o grupo saía de um samba e seguiu para a praia, quando as mulheres compraram caipirinhas e ofereceram.
Veja a cronologia do caso dos britânicos dopados após consumo de caipirinha
Arte g1
2ª vítima descartou o celular
Um dos turistas contou que, antes de “apagar”, arremessou o celular na areia ao perceber que algo estava errado.
O entregador – e testemunha – viu quando as três mulheres ajudavam um dos estrangeiros, que estava cambaleando, e aproveitou para filmar.
“Ele estava sem reação, babando, com o olho aberto, de cara na areia”, disse.
Ao perceber que estava sendo gravado, o grupo chamou um táxi e fugiu.
Segundo as vítimas, a quadrilha conseguiu levar o telefone de um deles e transferir 20 mil libras de uma conta de investimento para a conta corrente, mas só conseguiu gastar 2 mil libras (cerca de R$ 15 mil). O banco vai ressarcir a maior parte. O outro turista perdeu apenas o celular.
Polícia apura a participação de outras pessoas
A delegada Patrícia Alemany disse que a polícia vai analisar imagens de câmeras de segurança da orla de Ipanema e aguarda o resultado do exame toxicológico para identificar a substância usada. Ela afirmou ainda que investiga a participação de outras pessoas no crime.
“Elas estavam o tempo inteiro conversando com uma outra pessoa por telefone, como se pedissem orientação.”
O golpe tem histórico recente no Rio, com outros casos envolvendo turistas estrangeiros na Lapa, Pedra do Sal e Copacabana, alguns com prisões de mulheres já investigadas.
Um caso registrado há um ano terminou com a morte de um turista jamaicano com nacionalidade norte-americana. Relembre na reportagem abaixo.
Polícia investiga morte de turista em apartamento em Copacabana
Volta de turistas dificulta condenações
Ronny Nunes, professor de direito penal da Uerj, afirmoua que há uma dificuldade desse tipo de processo ir até o fim, porque o turista volta ao seu país e não ratifica o depoimento à Justiça.
“Essa pessoa faz o registro na delegacia, e a investigação começa. Quando se precisa consultar essa pessoa, procurar pra que ela faça o reconhecimento, ou até quando já existe o processo instaurado, pra que ela vá em juízo, diante do juiz, promotor, pra ratificar aquele depoimento, ela por vezes não é encontrada. Quando o depoimento, aquele primeiro em delegacia, não é ratificado em juízo, a condenação acaba ficando muito difícil, a absolvição se impõe”, expicou o especialista.
‘Por enquanto’, já é suficiente de Brasil’
Apesar do episódio, um dos britânicos disse que talvez volte ao país no futuro. Por ora, porém, já está pronto para ir para casa.
“Foram 10 dias lindos antes disso. Fomos ao Cristo, à Praia de Ipanema. Talvez eu volte, se for a situação certa e com as pessoas certas. Mas, por enquanto, já é o suficiente de Brasil”.